Doria dentro, mas fora e Moro fora, mas dentro
Apesar de seguir na disputa, o governador de São Paulo não conquistou os eleitores. Já o ex-ministro tem sua parcela fiel, mas se diz fora do jogo
Da Redação
Publicado em 1 de abril de 2022 às 10h00.
Última atualização em 1 de abril de 2022 às 10h07.
Por Maurício Moura
Quem não gosta de festa junina? Aquelas famosas “ Olha a chuva... É mentira!” Quadrilha, bandeirinhas coloridas, pescaria, canjica, quentão... e aquela fogueira que vem bem a calhar neste friozinho de início de inverno. São poucos os que resistem a uma boa festa junina. No Brasil, celebra-se em junho alguns importantes santos católicos; entre eles, Santo Antônio (no dia 13), São João (dia 24) e São Pedro (dia 29). Mas foi em São Paulo de 31 de março de 2022 que a política pegou fogo. E com implicações locais e nacionais.
O governador João Doria, no melhor estilo festa junina mandou “Vou seguir como governador” e logo depois recuou com um “é mentira!”. Flertou com não ser mais candidato a presidente e esvaziar a potencial candidatura de Rodrigo Garcia ao Palácio dos Bandeirantes. Nada que seja extremamente impactante porque o paulista é estatisticamente inexistente nas intenções de voto espontâneas presidenciais.
Quando estimulados, os eleitores brasileiros ainda são bastante tímidos nas intenções de voto atribuídas ao tucano. Há consenso numérico, nas diversas pesquisas públicas, que Doria estacionou degraus abaixo de Ciro Gomes ou Sergio Moro. Além disso, o vencedor das prévias do PSDB tem uma enorme rejeição do eleitorado nacional (por diversos motivos), o que, na prática, limita seu crescimento potencial.
No atual contexto, sua permanecia ou desistência, da corrida presidencial, teria quase nenhum impacto nas flutuações dos números de intenção de voto. Estatisticamente, diversas publicações, mostram que Joao Doria e Eduardo Leite (derrotado nas prévias) tem desempenhos de intenções de voto bastante semelhantes (com a diferença que o gaúcho é menos conhecido e, portanto, menos rejeitado). Todavia, sua permanência a frente do governo de São Paulo seria uma bomba político-eleitoral para Rodrigo Garcia.
O ex-Democrata, e vice-governador, deixaria de assumir como governador, romperia diversos apoios políticos e colocaria em risco a “joia da coroa” do ninho tucano (desde 1994 o PSDB venceu todas as eleições estaduais paulistas). Mesmo como governador em exercício, Garcia terá uma missão bastante complicada diante de um contexto polarizado nacional. Seus adversários principais (provavelmente Fernando Haddad do PT e o Ministro Tarcísio Freitas do Republicanos) serão anabolizados pela disputa ao Palácio do Planalto.
Nesse ambiente, o mesmo Doria, que foi em 2016 lançado por Geraldo Alckmin como a nova esperança do PSDB paulista, flertou com a extinção tucana do Bandeirantes. Resta saber se a festa junina do partido não vai virar um Centro de Tradições Gaúchas com a possibilidade (cada mais real) de uma candidatura de Eduardo Leite. O clima é tão de quentão no partido que seu presidente Bruno Araújo teve de escrever um correio elegante (uma carta oficial) confirmando que as prévias eram para valer (e não para tucano ver).
Além disso, a dança da política também tirou o ex-juiz Sergio Moro do Podemos para um novo “casamento” no arraial do União Brasil. Nesse novo matrimonio, o altar não parece ser tão alto ao ponto de Moro seguir como presidenciável. As especulações sobre Sergio Moro como candidato a Senador ou Deputado Federal por São Paulo ganharam peso. A pergunta natural é: o que vai acontecer com os eleitores do Moro para o pleito nacional? E a plena resposta não virá agora, mas com as pesquisas nos próximos meses. Até porque os eleitores têm problemas maiores no momento e pouco acompanham a mudança de legendas partidárias, diferente do que imaginam parte do mercado, do mundo político e da imprensa.
Porém, alguns sinais são importante e apontam para uma divisão dos eleitores “Moro” (que hoje representa entre 5 a 10 pontos percentuais do eleitorado, a depender da maneira analisada) entre duas pontas proporcionalmente semelhantes: a primeira ponta representa uma migração para o presidente Jair Bolsonaro na esperança de derrotar o PT a qualquer custo (esse é um segmento que entre o PT e Vladimir Putin, muitos votariam no russo).
E a segunda aponta para um grupo que deve se afastar do processo eleitoral (brancos/nulos/abstenção) ou votar em um candidato “nem-nem” que estiver disponível no momento, mas que não seja Ciro Gomes. Por outro lado, quem é próximo de Sergio Moro sabe que a presidência é o seu real desejo. E uma candidatura presidencial não parece plenamente descartada.
Portanto, na festa junina antecipada da política teve chuva de fofocas, cobras criadas, alguns balões de ensaio e até correio elegante. Nesse arraial, o governador Joao Doria segue dentro da disputa, mas fora das mentes e corações. Ainda distante da barraca do beijo dos eleitores brasileiros. Já o ex-ministro Sergio Moro, tem sua parcela fiel, mas se diz fora da disputa. Seu histórico de caçador de quadrilhas não empolgou o Podemos e dificilmente construirá uma união pelo Brasil. Todavia, Moro ainda sonha em manter a fogueira acessa.
Por Maurício Moura
Quem não gosta de festa junina? Aquelas famosas “ Olha a chuva... É mentira!” Quadrilha, bandeirinhas coloridas, pescaria, canjica, quentão... e aquela fogueira que vem bem a calhar neste friozinho de início de inverno. São poucos os que resistem a uma boa festa junina. No Brasil, celebra-se em junho alguns importantes santos católicos; entre eles, Santo Antônio (no dia 13), São João (dia 24) e São Pedro (dia 29). Mas foi em São Paulo de 31 de março de 2022 que a política pegou fogo. E com implicações locais e nacionais.
O governador João Doria, no melhor estilo festa junina mandou “Vou seguir como governador” e logo depois recuou com um “é mentira!”. Flertou com não ser mais candidato a presidente e esvaziar a potencial candidatura de Rodrigo Garcia ao Palácio dos Bandeirantes. Nada que seja extremamente impactante porque o paulista é estatisticamente inexistente nas intenções de voto espontâneas presidenciais.
Quando estimulados, os eleitores brasileiros ainda são bastante tímidos nas intenções de voto atribuídas ao tucano. Há consenso numérico, nas diversas pesquisas públicas, que Doria estacionou degraus abaixo de Ciro Gomes ou Sergio Moro. Além disso, o vencedor das prévias do PSDB tem uma enorme rejeição do eleitorado nacional (por diversos motivos), o que, na prática, limita seu crescimento potencial.
No atual contexto, sua permanecia ou desistência, da corrida presidencial, teria quase nenhum impacto nas flutuações dos números de intenção de voto. Estatisticamente, diversas publicações, mostram que Joao Doria e Eduardo Leite (derrotado nas prévias) tem desempenhos de intenções de voto bastante semelhantes (com a diferença que o gaúcho é menos conhecido e, portanto, menos rejeitado). Todavia, sua permanência a frente do governo de São Paulo seria uma bomba político-eleitoral para Rodrigo Garcia.
O ex-Democrata, e vice-governador, deixaria de assumir como governador, romperia diversos apoios políticos e colocaria em risco a “joia da coroa” do ninho tucano (desde 1994 o PSDB venceu todas as eleições estaduais paulistas). Mesmo como governador em exercício, Garcia terá uma missão bastante complicada diante de um contexto polarizado nacional. Seus adversários principais (provavelmente Fernando Haddad do PT e o Ministro Tarcísio Freitas do Republicanos) serão anabolizados pela disputa ao Palácio do Planalto.
Nesse ambiente, o mesmo Doria, que foi em 2016 lançado por Geraldo Alckmin como a nova esperança do PSDB paulista, flertou com a extinção tucana do Bandeirantes. Resta saber se a festa junina do partido não vai virar um Centro de Tradições Gaúchas com a possibilidade (cada mais real) de uma candidatura de Eduardo Leite. O clima é tão de quentão no partido que seu presidente Bruno Araújo teve de escrever um correio elegante (uma carta oficial) confirmando que as prévias eram para valer (e não para tucano ver).
Além disso, a dança da política também tirou o ex-juiz Sergio Moro do Podemos para um novo “casamento” no arraial do União Brasil. Nesse novo matrimonio, o altar não parece ser tão alto ao ponto de Moro seguir como presidenciável. As especulações sobre Sergio Moro como candidato a Senador ou Deputado Federal por São Paulo ganharam peso. A pergunta natural é: o que vai acontecer com os eleitores do Moro para o pleito nacional? E a plena resposta não virá agora, mas com as pesquisas nos próximos meses. Até porque os eleitores têm problemas maiores no momento e pouco acompanham a mudança de legendas partidárias, diferente do que imaginam parte do mercado, do mundo político e da imprensa.
Porém, alguns sinais são importante e apontam para uma divisão dos eleitores “Moro” (que hoje representa entre 5 a 10 pontos percentuais do eleitorado, a depender da maneira analisada) entre duas pontas proporcionalmente semelhantes: a primeira ponta representa uma migração para o presidente Jair Bolsonaro na esperança de derrotar o PT a qualquer custo (esse é um segmento que entre o PT e Vladimir Putin, muitos votariam no russo).
E a segunda aponta para um grupo que deve se afastar do processo eleitoral (brancos/nulos/abstenção) ou votar em um candidato “nem-nem” que estiver disponível no momento, mas que não seja Ciro Gomes. Por outro lado, quem é próximo de Sergio Moro sabe que a presidência é o seu real desejo. E uma candidatura presidencial não parece plenamente descartada.
Portanto, na festa junina antecipada da política teve chuva de fofocas, cobras criadas, alguns balões de ensaio e até correio elegante. Nesse arraial, o governador Joao Doria segue dentro da disputa, mas fora das mentes e corações. Ainda distante da barraca do beijo dos eleitores brasileiros. Já o ex-ministro Sergio Moro, tem sua parcela fiel, mas se diz fora da disputa. Seu histórico de caçador de quadrilhas não empolgou o Podemos e dificilmente construirá uma união pelo Brasil. Todavia, Moro ainda sonha em manter a fogueira acessa.