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“Nunca desista daquilo que você acredita em seu interior”

Na coluna desta semana, conheça a história de Abílio Alves - CEO Carajás Home Center

 (Divulgação/Divulgação)
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Histórias de sucesso

Publicado em 9 de setembro de 2022 às, 18h21.

Última atualização em 9 de setembro de 2022 às, 18h22.

Por Fabiana Monteiro

Os valores que trago comigo desde muito jovem, aliados à forte união familiar, foram fundamentais na construção da minha carreira profissional. Assim como, a dedicação que tenho todos os dias ao meu trabalho, a resiliência e as boas relações com as pessoas que me cercam conduzem a cada dia para um caminho de realizações pessoais e profissionais.

Como CEO da Carajás Home Center, preciso estar atento aos inúmeros desafios cotidianos que se apresentam, e, para tal, busco me aprimorar constantemente. Iniciei nos negócios da família muito cedo, com apenas 14 anos de idade, e hoje com 48 anos, sei que ainda tenho muito a realizar.

Apesar de ser natural de Recife-PE, considero-me alagoano. A nossa empresa possui todas as características de uma corporação familiar, e muito da minha formação profissional devo aos aprendizados que tive com Álvaro Mendonça, meu pai que era representante do ramo madeireiro e trabalhava bastante em Recife. Assim, nessas idas e vindas junto com a minha mãe, nasci na capital pernambucana.

Passamos por muitas dificuldades na minha infância. Meu pai abandonou a vida de representante, e abriu uma pequena madeireira no Centro de Maceió. Sou o primogênito de quatro irmãos, todos muito bem criados e educados por Dona Marisa, nossa mãe. Mesmo muito novo, ainda criança, no período de férias, e ao invés de brincar nas ruas como a maioria das crianças da minha idade, o que eu queria mesmo era acompanhar meu pai na loja. Adora passar o dia lá, olhando tudo o que acontecia, e ajudando como eu podia. Assim, essa foi a base para o início da minha vida profissional.

Somos muito família: nosso maior patrimônio é a união

Meu primeiro emprego foi na madeireira do meu pai. Recordo-me, no dia que iniciei oficialmente no trabalho, de utilizar uma camisa de manga comprida, tendo que subir em um caminhão de madeira para checar a carga, debaixo de um sol vigoroso. Possuía uma vontade enorme de aprender, e esse setor possibilita muito o aprendizado. Comecei a aprimorar as minhas habilidades no dia a dia, e com o amparo de Almir, então gerente da loja, ganhei muito conhecimento. Almir até hoje trabalha conosco na Carajás.

Rapidamente fui promovido a vendedor e já no primeiro mês, obtive desempenho igual ou superior em relação aos profissionais mais experientes. Era jovem, carismático, dedicado, com boa escolaridade, o que era um diferencial em vendas na época.

A partir de então, fui ganhando experiência, e enquanto os outros vendedores estavam apenas focados no consumidor final, desenvolvia um trabalho voltado para vendas às empresas, angariando clientes como grandes construtoras. No segundo mês, já havia vendido mais que todos os outros vendedores juntos, e no terceiro mês, dobrei essa proporção, ou seja, além de ganhar credibilidade junto ao meu pai, toda a equipe também passou a depositar confiança em mim e em meu potencial.

Meu sonho era ser engenheiro e, inclusive, comecei o curso, mas se tornou praticamente impossível conciliar o trabalho com a agenda complexa da universidade. Portanto, acabei retomando os estudos mais adiante, quando já se consolidava com a liderança na empresa. Aos 27 anos, graduei-me em Administração de Empresas pela Faculdade Seune e, logo fiz uma pós-graduação pela FGV. Posteriormente, fiz o PAEX - Parceiros para Excelência da Fundação Dom Cabral. Tomei gosto pelo aprendizado contínuo, e pude vivenciar bastante o ambiente acadêmico para me aperfeiçoar, inclusive no exterior, na prestigiada Kellogg School of Management, em Chicago.

A nossa madeireira alcançou um patamar significativo, nosso faturamento era cinco vezes mais de quando comecei, conquistamos credibilidade no mercado. Meu pai era uma pessoa visionária, mas faltava experiência em gestão. Trabalhar um fluxo de caixa adequado, ter um bom controle de compra e vendas. Tivemos uma fase financeira muito difícil e, com apenas 18 anos, assumi o departamento financeiro da empresa.

Não tínhamos recursos para honrar com todos os nossos credores naquele momento, lembro-me de que o Brasil estava no Plano Real, e eu precisava tomar uma decisão rápida, se priorizaria os bancos ou os fornecedores. Optei em liquidar imediatamente as dívidas com os bancos, e por mais seis meses, todos os fornecedores também estavam com seus pagamentos equacionados e a nossa madeireira com o crédito restabelecido. Era o momento de voltar a crescer, de ampliar o mix de produtos e deixar de ser só uma madeireira, trilhando o caminho para um home center. O segmento já apontava em outras regiões uma tendência a abrir as suas lojas nos finais de semana, e seguimos essa tendência. Passamos também a investir fortemente em comunicação de marketing, posicionando a marca no nosso mercado, com a nossa variedade de produtos e o atendimento diferenciado.

Meu pai sempre foi, e ainda é, o meu grande conselheiro. Embasado pelas sucessivas vitórias, meu pai me proporcionou muitas oportunidades para acertar, mas também para cometer alguns erros. E aprendi muito com esses erros.

Perseverança na busca por prosperidade

Eu estava muito certo de que aquela pequena madeireira poderia se transformar em um grande home center. Mas não tinha recursos para isso. Naquele momento a solução seria apresentar um projeto para o Banco do Nordeste, e a pessoa indicada para nos assessorar na construção desse projeto foi Carlos Riso, um consultor, nascido no Peru, com a promessa de que seria a pessoa ideal para resolver o que precisávamos.

A relação com Carlos foi de "amor à primeira vista". Construímos e aprovamos o projeto, nesse momento a economia já estava estabilizada, e no governo de Fernando Henrique Cardoso, que coincidiu com o Programa de Habitação Brasil, o nosso mercado superaqueceu. Com os ventos soprando a nosso favor, começava a Carajás Home Center.

Paralelamente à construção do nosso primeiro home center, e inspirados pela história do início da carreira profissional do meu pai, eu e meus irmãos decidimos montar uma serraria no Estado do Pará, enveredando também para o ramo industrial.

Em outubro de 2007 o sonho é realizado. Nasce a Carajás Home Center na minha querida cidade de Maceió. De lá para cá, saltamos de 500 para 3.500 colaboradores, ultrapassamos em 2021 a marca de 1 bilhão de faturamento, e estamos presentes em cinco estados do Nordeste, com quase 15 lojas e 2 centros de distribuição.

Resiliência, conhecimento técnico e acadêmico

Em outubro de 2007, com a inauguração do primeiro home center, a Carajás dá um salto em número de clientes, de vendas, de entregas, de quantidade de produtos, e com tudo isso vieram os problemas de gestão. Naquele momento, resiliência era mais que fundamental, e era também de grande importância unir todo o conhecimento técnico da equipe com o conhecimento acadêmico disponível no mercado.

O primeiro passo foi investir em uma renomada consultoria, que já no início mostrou a necessidade de substituir o sistema operacional caseiro por um sistema de grande porte, como o SAP ou o TOTVS. Auxiliaram-me também em adquirir conhecimentos fundamentais para gerir o negócio, por meio da logística, dos pagamentos, do estoque e do planejamento tributário.

Conseguimos nessa caminhada montar um time campeão. Fazendo uma alusão ao futebol, jogamos em todas as divisões, mas hoje estamos na série A de um campeonato muito disputado, que exige do time o treinamento contínuo e a consciência que as partidas que nos trouxeram até aqui, necessariamente não nos levarão para vitórias no futuro.

“Muitas pessoas passam a vida inteira encarando a encruzilhada e não tomam caminho algum”.

Quando analiso o perfil da atual geração busco contribuir com conselhos, mas sem ser invasivo na formação do jovem profissional. Portanto, acredito neste lema: crie, trace metas e estabeleça maneiras de atingi-las. Comece com pequenos passos, para depois se desafiar. Seja resiliente, não procure “pular de galho em galho” e, se perceber que pegou o caminho errado, busque outra carreira. A turma jovem é muito volúvel – o mundo hoje é de muitas oportunidades. Estude e tenha humildade, busque assimilar conhecimentos com os mais experientes.

O indivíduo precisa estar aberto a ouvir, ter resiliência, capacidade de observar o entorno, e ser participativo junto às equipes. Vontade de aprender, pois é dessa forma que edificamos a carreira. Para tal, é necessário ter humildade em suas ações. Outro aspecto essencial é ser curioso, interagir, e estabelecer o networking. É necessário entender as pessoas, mas ser um “bom pai” não é ser aquele que diz sim para todas as pessoas.

Orgulho-me muito de não estar sozinho no comando da Carajás, mas compartilhando com outros diretores que são estatutários, os meus três irmãos. Temos o protocolo familiar bem estabelecido, as regras do conselho, tudo estruturado para as próximas gerações. Desde 2007, mantemos um projeto junto à Fundação Dom Cabral, montamos um conselho de administração, de cunho consultivo, não deliberativo.

Acima de tudo, o senso de justiça deve prevalecer

O que muitos chamam de feedback, considero como um bate-papo. E assim o diálogo sadio ocorre abordando os fatores a serem aprimorados, assim como os conselhos válidos. O valor de saber escutar, para também aprender junto ao time. Aprendi muito a escutar nos últimos quatro anos – quando jovem, sempre me considerava o “dono da razão”, algo que não faria novamente em minha caminhada.

Meu maior desafio como executivo foi subestimar a virada de um sistema. Achava que o dinheiro resolvia tudo, que era só comprar, pagar, e estava resolvido. Mas não é bem assim. Se as pessoas e os processos não estiverem bem definidos, o sistema não roda.

Outro ponto diz respeito à mudança de cultura. Isso envolve o que as pessoas fazem, sem precisarmos a todo instante dizer a elas. Nessa etapa, é preciso transformar a cultura, estabelecer a capacidade de persuasão a quem nos rodeia, com o propósito de preparar para níveis maiores, incluindo os indivíduos nesses processos. Sei que já errei muito com as pessoas.

Como gestor e líder preciso estar atento à tomada de decisões e ser bastante ágil. Mas se posso dar um conselho ou tomar decisões agindo por emoção, e nem colocar a nossa assinatura sem ter a total convicção de que estamos certos do que estamos assinando. Às vezes por um simples erro, mudamos o futuro de uma companhia.

“Homens de negócio não brigam, buscam a conciliação

O executivo deve saber escutar, pois em determinado momento, especialmente na tomada de decisões estratégicas em que ele precisa estar bem aconselhado. O nosso conselho profissional se reúne mensalmente, mas tenho mini reuniões o dia inteiro. São pessoas que provêm informações as quais compartilho para chegarmos às decisões mais corretas possíveis.

Evidentemente, compartilhar experiências e estar aberto ao novo são passos primordiais. Assim como assumir os riscos, jamais terceirizar a culpa, compartilhar os acertos e o sucesso com os outros. Quando der errado, procure reconhecer a culpa, pois o liderado a enxerga como um espelho. Considerei durante grande parte da minha vida que sempre estava certo. Aprendi a “duras penas” como ser centralizador representava um extinto egoísta, que poderia colocar em apuros o futuro da empresa e da família. Percebi que era somente um ser, e que não havia a capacidade de estar em 15 lojas simultaneamente.

É importante dar uma virada na sua vida, mas sem querer tudo para ontem – as coisas boas também precisam ser renovadas, como implementar modelos diferenciados. Segundo a Revista Anamaco, estamos na sexta posição em lojas de materiais de construção em todo o Brasil, mas precisamos pensar sempre que estamos uma posição atrás. Olhar o que está acontecendo na concorrência, apostando em inovação.

“Acredite no futuro, que muitas vezes pode ser desafiador, mas não o tema. Capacidade de realização só vem para quem trabalha, acorda cedo, pensa e toma as decisões mais corretas. Mas só acerta aquele que já errou alguma vez na vida. Cair e se levantar integra toda a jornada”