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Integridade nos aspectos físicos, emocionais e espirituais é fundamental

Na coluna desta semana, conheça a história de Rogerio Coelho Lacerda, Diretor-presidente de Incorporações e Aeroporto da JHSF

Rogerio Coelho Lacerda, Diretor-presidente de Incorporações e Aeroporto da JHSF (Divulgação/Divulgação)
Rogerio Coelho Lacerda, Diretor-presidente de Incorporações e Aeroporto da JHSF (Divulgação/Divulgação)
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Histórias de sucesso

Publicado em 10 de fevereiro de 2023 às, 14h25.

Por Fabiana Monteiro

Sou paulistano, filho de mãe portuguesa que emigrou para o Brasil aos 15 anos e pai brasileiro, nascido no interior de São Paulo. Como o caçula de uma família de 4 filhos, 2 homens e 2 mulheres, desde pequeno sempre fui muito curioso. Meu passatempo preferido era mexer com ferramentas e executar os reparos da casa, do carro e de tudo que fosse desafiador. Sempre buscando aprender o que estava além da minha idade, como dirigir, trocar pneu, lavar e trocar o óleo do carro. Acredito que partiram daí todas as questões que me levaram à área de Engenharia Mecânica como primeira escolha de carreira, posteriormente.

Minha infância foi marcada por experiências muito ricas, pois morávamos em um bairro afastado do centro de São Paulo e, por influência do meu pai, que gostava de mexer com a terra e com animais, fomos estimulados por ele nas tarefas de cuidar da horta e das criações. Tivemos coelhos, galinhas, cabras e uma horta com vários tipos de frutas e hortaliças.

Meu pai, uma pessoa muito simples, de poucas conversas, transmitiu por meio do exemplo, pela sua forma de agir, valores muito importantes para as nossas vidas, como a honestidade, a pontualidade, o respeito consigo e com o outro.

Já a minha mãe contribuiu com sua presença e acompanhamento zeloso dos nossos passos e atividades, e transmitiu como legado uma característica muito forte: a sua persistência. Ela nunca desistia de tentar alcançar o que precisava ou queria.

Aprendi com meus pais que o dinheiro pode acabar, mas o conhecimento ninguém nos tira.

Os princípios basilares de nossa família sempre foram a dedicação e o investimento em educação, formação e cultura. Meu pai investia grande parte do salário que recebia em cursos para os filhos, como datilografia, inglês, violão, flauta, tudo o que pudesse nos preparar para a vida.

Fui estimulado desde pequeno para a prática de esportes. Meu pai chegou a se preparar para jogar futebol profissionalmente, mas teve uma contusão séria e foi impedido de prosseguir. Por incentivo dele frequentávamos um clube familiar, o Santa Paula Iate Clube, onde experimentamos vários esportes, como natação, futebol, vôlei, basquete, pingue-pongue e bocha.

Desta infância, trago também outras duas habilidades que me constituem até hoje: a culinária e o cultivo de uma horta — o que, além de prazeroso, me abre a oportunidade de expandir meus conhecimentos para além do dia a dia do trabalho.

A família que constituí com minha esposa representa também uma importante sustentação para a minha trajetória. O amor, o companheirismo, o cuidado com os filhos e com a família e o apoio da minha esposa Adriana, além do afeto e das trocas com meus três filhos, Mateus, Gabriela e Pedro, são constantes fontes de motivação e aprendizado. Minha esposa, que é arquiteta, desenvolveu e acompanhou a execução de nossos projetos de construção pessoal e está em constante busca por aprimoramento. Terminou sua segunda graduação em Psicologia, em 2019, e está atuando em consultório.

Minhas vidas acadêmica e profissional estão intrinsicamente relacionadas

Durante grande parte da minha infância estudei em uma escola pública, mas por ser muito inquieto em sala de aula, não consegui passar para o 4º ano. Minha mãe, sempre atenta às necessidades dos filhos, me transferiu para um colégio particular, Jesus Maria José, onde tive boa adaptação e segui estudando até concluir o Ensino Médio.

Na sequência prestei o vestibular, entrando em duas faculdades: Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo, a Fatec, para o curso de Processos de Produção, e Fundação Armando Alvares Penteado, a FAAP, para o curso de Engenharia Mecânica. Resolvi cursar as duas faculdades concomitantemente. Fazia a Fatec na parte da manhã e FAAP na parte da tarde. Tive um bom rendimento no primeiro ano, me tornando monitor do Laboratório de Física. Porém, por estar puxado conciliar as duas faculdades, resolvi parar a FATEC. Já no segundo ano da FAAP não consegui obter aprovação e também por isto resolvi trabalhar para custear os estudos. Durante este período, explorei outros campos do conhecimento, interrompendo a Engenharia para estudar por dois anos Administração de Empresas.

Comecei a trabalhar muito jovem, aos 14 anos, para inicialmente ajudar a família. Meu primeiro emprego foi como office boy, na região da Av. Paulista, evoluindo para auxiliar de escritório. Esta empresa era coordenada por um primo, Luis Henrique, que na época era um empresário do ramo de Consórcios com grande capacidade empreendedora, tendo ele representado para mim uma grande fonte de inspiração.

Ao retomar a graduação de Engenharia, trabalhei como gerente de uma loja de conveniência e padaria de propriedade do meu tio materno Humberto Gregório Castro Mendes, para ajudar a custear a faculdade. Este meu tio, durante toda a vida, foi uma referência de dedicação ao trabalho e ascensão profissional, chegando ao cargo de diretor comercial de uma grande empresa, a J. Alves Verissimo/Shopping Eldorado.

Desde a graduação estudo de forma contínua, às vezes como autodidata. Participo de muitos congressos, feiras, cursos de extensão. Fiz duas MBAs: Administração Geral, no Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), em 2005, e Administração focada em Varejo, na Fundação Instituto de Administração (FIA), em 2007. Na época, as duas eram ranqueadas em 1º lugar nas áreas cursadas. Em 2018 iniciei o curso de Psicologia, o que tem me trazido grandes desafios e aprendizados.

No 4º e 5º anos da faculdade de Engenharia Civil, fiz estágio na Construbase e na JHSF, empresa que atuo desde então. Neste mesmo período, também quis ter uma experiência internacional, morando por três meses em Londres para aprimoramento do Inglês.

Após o término do estágio na JHSF, fui contratado como engenheiro. Logo de início fui designado para a construção de um dos primeiros edifícios “triple A”, um prédio na Rua Amauri, no Itaim Bibi, na cidade de São Paulo, hoje de propriedade da JHSF, mas que abriga atualmente o restaurante Parigi, pertencente à marca Fasano.

A minha carreira foi marcada por uma jornada de trabalho que atingia em média mais de 12 horas por dia. Após o trabalho buscava nos livros, em artigos e pesquisas, a especialização nos temas que minhas atividades profissionais me requisitavam e que a formação acadêmica não proporcionava.

A experiência prática é o fomento para a busca do conhecimento e seu aprimoramento.

Ao longo de minha trajetória na JHSF, sempre me desafiei a ir além do que existia no contexto do mercado brasileiro, com foco na busca de soluções inovadoras para questões que se apresentavam no meu cotidiano profissional.

Passei por diversas áreas de negócios na empresa: Construção Civil, Gestão de Empresa de Multisserviços (estacionamento, limpeza, segurança, copa), Shopping Centers, Hotéis e mais recentemente Negócios Imobiliários e Aeroporto Executivo Internacional. A oportunidade de trabalhar nestas diversas áreas, todas com suas peculiaridades, foi de encontro à minha curiosidade incansável e minha ânsia por aprender e desenvolver coisas novas, características que me acompanham desde a infância.

Entre alguns dos maiores cases de sucesso, dentre tantos outros empreendimentos inovadores, está o projeto da Boa Vista Village, com sua piscina de ondas comparáveis às marítimas — o primeiro projeto desta natureza realizado em nosso país.

Como base para o desenvolvimento de todos estes projetos, utilizei as inúmeras habilidades que desenvolvi ao longo da vida, incluindo as leituras diversas, a intensidade do trabalho e a minha experiência de vida, alinhados à minha busca constante em fazer diferente e melhor. Mas tenho claro que minha carreira e sucesso foram também resultado de todas as pessoas que trabalharam comigo.

Quanto mais ascendermos na carreira, mais dependeremos do coletivo em detrimento do individual.

Neste sentido, vale salientar que o autoconhecimento e o desenvolvimento psicológico foram fundamentais para a construção de relacionamentos profissionais sólidos, com destaque para duas grandes influências em minha carreira, Fábio e José Auriemo, profissionais incansáveis também na busca pelo esmero e pioneirismo em seus projetos e realizações.

Desde o início de minha carreira na JHSF tive a sagacidade de tomar decisões baseadas na “visão de dono”, habilidade hoje muito requisitada entre as empresas.

Desde minha primeira experiência como engenheiro, coloquei como meta meu crescimento profissional, e a cada posição galgada tive postura e pensamento de dono da empresa. Uma das minhas características mais fortes é a autocobrança, e isso me levou a tomar decisões pela empresa com apurada diligência. Assim fui sendo reconhecido e lembrado para cada oportunidade de ascensão profissional, o que fez crescer ainda mais minha dedicação, pois sabia que dela dependia o êxito dos projetos em que eu participava.

Na JHSF tive a oportunidade de passar por vários negócios e atividades e, em cada um, aprofundava meu conhecimento, buscando me diferenciar em cada mercado de atuação, sempre com esmero, dedicação, esforço e muito trabalho. Talvez por isso, ao longo da minha carreira, sempre fui reconhecido pela minha alta performance.

Muitas foram as contendas em minha carreira, até porque participei de projetos pioneiros, como o primeiro Shopping de Metrô e o Primeiro Aeroporto Executivo, entre outras realizações. Mas participar desde o início e estar envolvido em cada etapa desses projetos possibilitou que eu me desenvolvesse e me diferenciasse de forma igualmente proporcional aos desafios impostos.

Hoje a minha maior dificuldade é a busca por novos sucessos, porque, como executivo, não conseguimos viver exclusivamente do sucesso do passado. Tendo isto em mente, busco constantemente estimular a minha capacidade de adaptação e minha curiosidade em aprender coisas novas.

Com uma boa base estrutural, potencializa-se a segurança pessoal em relação à empregabilidade e à carreira.

Hoje, como líder, busco uma equipe com atitude pró-ativa, flexível e com disponibilidade e desejo por aprender. Percebo que a capacidade de um líder perpassa questões como habilidades multidisciplinares, flexibilidade, dedicação e humanidade. É também fundamental manter boas relações de trabalho, focar no desenvolvimento da equipe e atualizar-se constantemente.

Costumo dizer aos jovens que estão começando suas vidas profissionais que é fundamental acreditar sempre nos seus desejos, ter sonhos e nunca desistir deles.

Integridade nos aspectos físicos, emocionais e espirituais é fundamental.

A pandemia de Covid-19 nos colocou mais ainda frente a frente com a transitoriedade da vida, trouxe à tona reflexões sobre a qualidade das relações e a importância da qualidade de vida como um todo. Isso tem transformado a forma como encaramos o trabalho, nos comunicamos e como utilizamos a tecnologia. As empresas ainda estão se moldando às possíveis mudanças na jornada de trabalho, que variam entre o home office, o presencial e o híbrido, e cabe a cada mercado, respeitando suas especificidades, encontrar os melhores modelos.

Estamos também vivendo um momento no qual as consequências do isolamento social, das perdas familiares, econômicas, educacionais e culturais estão emergindo. Precisamos, então, considerar que estamos todos nos recuperando deste período pandêmico, sendo necessário respeitar este tempo de readaptação.

Neste sentido, deixo como indicação de leitura os livros Como ser um bom ancestral: a arte de pensar o futuro num mundo imediatista, de Roman Krznaric, e Perseguindo estrelas: o mito do talento e a portabilidade, de Boris Groysberg. Duas obras interessantíssimas que valem a leitura, principalmente neste contexto social.