Acredite em propósitos sólidos para constituir legados, afirma Victor Fonseca
Na coluna desta semana, conheça a história de Victor Fonseca, vice-presidente Licensing Latam na Paramount
Publicado em 12 de abril de 2024 às, 13h28.
Tenho muito orgulho da carreira que venho construindo até agora. Desde jovem sempre estive aberto a escutar conselhos preciosos que me ajudaram a chegar aonde estou hoje. Adepto do aprendizado contínuo, amparado por significativas e sólidas relações interpessoais e pela paixão ao que me proponho desempenhar, assimilei conhecimentos diversos ao longo da jornada, lapidando um perfil multidisciplinar. Sinto-me realizado profissionalmente e atualmente tenho a honra de ocupar a posição de vice-presidente de licenciamento na América Latina para a companhia Paramount, prestigiosa multinacional do setor de entretenimento.
Nasci em São Paulo e cresci no bairro de Santana, ao lado dos meus pais, Antonio da Fonseca Filho e Elizabeth Braga da Fonseca – casados há mais de 40 anos – e da minha irmã Erika. Desfrutei muito de minha infância na Zona Norte, onde construí grandes amizades, na chácara da família no interior de São Paulo e no apartamento do Guarujá mantido por meu pai na época.
Estudei no Colégio Imperatriz Leopoldina (CIL), de pedagogia alemã. Foi neste colégio que aprendi desde cedo a importância da disciplina, fundamental na construção do meu perfil. Além disso, sempre gostei de esportes, especialmente futebol e basquete. Pratiquei basquete por muitos anos no Clube Espéria, localizado na Zona Norte de São Paulo, às margens do Rio Tietê. Com o esporte, além da disciplina, também pude aprender a competir, me socializar com outras pessoas, aprimorar o foco e o conceito do espírito coletivo.
Meu pai trabalhou como executivo de uma multinacional durante 40 anos e sua trajetória serviu de inspiração para eu projetar minha carreira profissional. Ele começou em posições menores na organização e com muita dedicação, chegou até a posição de diretor. Minha mãe trabalhava em um banco e após o nascimento dos filhos, tomou a decisão de se dedicar à família. Importante destacar o papel fundamental de minha mãe, pois ela foi um pilar importante da nossa família, acompanhando o desenvolvimento dos filhos, estando muito próxima sempre, até para poder dar tranquilidade para meu pai investir em sua carreira - o que era natural naquela época.
Quando pensei na minha formação e em qual curso estudar, Administração logo me chamou atenção. Entendia que essa formação me concederia uma base muito boa em diversas frentes. Também prestei vestibular para Ciências Contábeis e fui aprovado, mas preferi ingressar na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) para estudar o curso de Administração de Empresas, no qual me graduei em 2003. Importante mencionar que desde o primeiro semestre, optei por estudar à noite, já que sabia que as empresas que buscavam estagiários, davam preferência naquela época por estudantes do período noturno. Essa já era parte da minha estratégia para ingressar no mercado de trabalho.
Dois anos após a minha graduação e por conta da minha vontade de aprender, realizei uma pós-graduação em Comércio Exterior também na FAAP. Após outro período de dois anos, já com o objetivo de continuar crescendo dentro da empresa em que estava trabalhando - para me aperfeiçoar e me preparar para assumir um cargo de gestão - fiz um MBA Empresarial na Fundação Dom Cabral (FDC), com extensão internacional na Kellogg School of Management, em Chicago, nos Estados Unidos. Com todo esse investimento acadêmico, minha carreira foi evoluindo praticamente como havia planejado, com o foco em administração e desenvolvimento de negócios. Minha vida pessoal também passou por uma transformação, pois foi no MBA que conheci minha esposa.
A trajetória marcante e vitoriosa dentro da Alpargatas
A faculdade me propiciou a chance de começar a trabalhar com 18 anos. Inscrevi-me em um programa de estágio da Alpargatas e ainda no programa do banco Santander. Passei em ambos, mas optei por entrar na Alpargatas, empresa que, já naquela época, era detentora de marcas fortes, sendo a mais conhecida delas a Havaianas. Minha decisão pela Alpargatas foi porque acreditava que poderia aprender muito sobre diversas áreas de negócio e porque eu tinha interesse em trabalhar com marcas de consumo.
Desde que comecei a estagiar na área de crédito e cobrança, busquei sempre demonstrar aos gestores mais próximos uma vontade acima da média de aprender. Acredito que aproveitei bem todas as oportunidades que apareceram (aprendi isso por meio de conselhos dos meus pais que me incentivavam a “entrar de cabeça” nas chances que surgiam).
Após um ano e meio como estagiário, fui efetivado e ingressei na área de exportação para atuar como analista, sendo responsável pelo orçamento, análises de negócio e controles dos custos da área. Com vontade de realizar um trabalho diferenciado e com uma exposição positiva com meus superiores, dois anos mais tarde, migrei para a área comercial de exportação e comecei a desenvolver negócios com as marcas esportivas da Alpargatas, tais como: Rainha, Topper, Mizuno e Timberland.
A companhia tinha uma posição de trader de marcas esportivas em aberto e precisava de alguém para desbravar a região da América Latina. Eu tinha apenas 24 anos na época, era bastante jovem, mas decidi me desafiar e me candidatei para a vaga. Após a entrevista com os gestores fui aprovado e aceitei prontamente o desafio. Foi essa posição que fez com que eu me apaixonasse por viajar a trabalho, por desenvolver negócios e atuar com vendas, atividades que fazem parte da minha rotina até hoje.
Sou muito grato aos gestores que tive nessa época, tanto o Carlos Roza e a Angela Hirata, que foram fundamentais nesta etapa da minha carreira e que acreditaram em mim desde o início.
Nesta posição comecei a viajar internacionalmente pela empresa, amparado pelo desejo de concretizar negócios e com muita coragem e determinação. E para conseguir negociar com profissionalismo e me comunicar com clareza, fiz um curso de espanhol durante três anos.
Após dois anos de excelentes resultados construídos junto com toda equipe, assumi todos os mercados da América Latina, mas agora para explorar a marca Havaianas. Era a concretização de um sonho. Essa mudança marcou um salto espetacular em minha vida, impactando fortemente no patamar da minha carreira. Foram anos fantásticos, em que eu viajava quase todos os meses representando a marca em todos os países da região.
Após três anos na posição, e com a promoção do meu chefe para gerente-geral de outra marca da empresa, ele recomendou meu nome para a diretoria da empresa como seu sucessor. Agradeço a confiança da diretora da área, Carla Schmitzberger, que me concedeu três meses para provar que era capaz de assumir a gerência de exportação Havaianas. Dessa forma, assumi interinamente o departamento e isso representou uma grande conquista. Para mim foi a confirmação de que a forma como eu atuava e as minhas atitudes estavam alinhadas e me preparando para desafios ainda maiores.
Considero minha jornada na posição de gerente de exportação muito bem-sucedida. Durante sete anos pude conhecer diversos países do mundo - viajei para 45 países, incluindo passagens por Ásia, África, Pacífico, Oriente Médio exceto os mercados norte-americano e europeu. Até hoje colho frutos da minha experiência internacional.
O valor da superação e a importância do equilíbrio de vida
Em 2015, já estava casado há quatro anos com a Rose, executiva do mercado de varejo e minha grande parceira de vida. Queríamos ampliar a família e em fevereiro de 2015, soubemos que estávamos esperando o Felipe. Após uma gestação e parto muito tranquilos e saudáveis, vivenciamos uma situação muito complicada e traumática. O Felipe teve uma parada cardiorrespiratória dois dias após nascer e veio a falecer com 12 dias de vida. Esse acontecimento me ensinou muito e mudou totalmente a minha cabeça em vários aspectos – comecei a me questionar sobre o que queria doravante para minha carreira; passei a enxergar a vida de uma forma diferente, dando valor para cada momento, entendendo que no dia a dia somos impactados por obstáculos, não necessariamente por problemas.
Acabei ficando quase um mês em casa com a minha esposa e neste período contamos com enorme suporte familiar. Tudo o que aconteceu só nos uniu ainda mais e com muito diálogo, definimos que juntos, iríamos superar aquele momento extremamente complicado. Não adiantava tentar encontrar soluções para tudo o que estava acontecendo de forma separada.
Sabia que era necessário lidar com o luto, mas que a vida continuaria e havia um futuro maravilhoso doravante. Tive um suporte imenso da Alpargatas, onde me respeitaram e me deram tempo para que eu pudesse me recompor. Reconstruímos as nossas vidas, como casal e família e o Felipe segue vivo em nossa memória, e estará conosco para sempre.
Após voltar ao trabalho, a minha gestora me propôs uma mudança para fazer a gestão do varejo da Havaianas no Brasil (lojas próprias, franquias e o e-commerce. Após anos de atuação no mercado internacional, sabia que essa oportunidade complementaria minha formação. Aceitei o desafio, e durante um ano fui muito feliz e mais uma vez, pude agregar muito ao negócio. Mas depois do que aconteceu no meu lado pessoal, senti a necessidade de mudar de ares e, concomitantemente, de investir no equilibro pessoal, ao lado da minha família.
A mudança de rota e a ascensão como vice-presidente da Paramount
Como não enxergava possibilidades de prosseguir ascendendo na Alpargatas, aceitei o contato de um headhunter e entrei na Samsonite como diretor de vendas. Nesta época também soube que estávamos esperando nosso segundo filho, o Matheus. Fui para a Samsonite com o objetivo de crescer e participar de discussões mais estratégicas e ser decisor dos rumos de um negócio. Entretanto, após poucos meses, percebi que não me sentia desafiado e não tinha espaço para implementar a estratégia que havia sido construída pelo meu time e, por esse motivo, tomei a decisão de sair da empresa.
Essa foi uma decisão inusitada, mas muito bem pensada. Conversei com a minha esposa sobre a decisão, sendo que o ponto mais preocupante era que eu não tinha nenhuma outra proposta profissional e ela havia saído da empresa na qual havia trabalhado por 14 anos. Face à nossa disciplina como casal, eu pude tomar a decisão e planejar melhor os próximos passos da minha carreira. Fato interessante: no dia seguinte após me desligar da empresa, fui contatado por uma headhunter com uma oportunidade para atuar em um cargo de diretoria, dentro do mundo de licenciamento, segmento ao qual me dedico atualmente.
Em abril de 2017, após um processo com muitas entrevistas em apenas 15 dias, fui contratado pela Hasbro, empresa global de entretenimento e brinquedos, para assumir a diretoria de licenciamento no Brasil. Essa foi mais uma oportunidade de desenvolvimento para mim, já que passei a explorar, junto com o time, negócios em diversas categorias, me reportar para um executivo que ficava baseado no exterior e viajar com frequência para a sede da empresa nos Estados Unidos.
Permaneci durante dois anos na posição com foco em Brasil, até ser promovido a diretor sênior de licenciamento para a América Latina. Atuei por quase três anos nesta função com bastante êxito.
Foi nesse período, que fui contatado pela Paramount, com uma proposta para o cargo de vice-presidente de licenciamento para o Brasil, México e países do Norte da América Latina. Após colocar na balança a posição em que estava e a proposta que havia recebido, decidi tomar um novo rumo, acreditando sempre que o desafio que surgia me desenvolveria e eu poderia agregar e construir um legado de resultados e desenvolvimento na companhia.
Ingressei na Paramount em setembro de 2021 e em março de 2023 passei a ser responsável por toda a América Latina. Identifico-me muito com os valores da empresa, com o perfil da liderança e me encontro plenamente realizado na organização, pois se trata de uma empresa que possui marcas sólidas, respeito às pessoas e que oferece excelentes oportunidades de desenvolvimento, equilíbrio de vida e realização de projetos.
A paixão pela venda e o alinhamento ao propósito
Faz quase 20 anos que o setor de vendas faz parte da minha rotina diária. Vender envolve preparação adequada, negociação, construção de relacionamento e de confiança. Em todas as organizações que passei, acreditei no propósito da empresa e das marcas e atuei sempre com o objetivo final de entregar algo de valor ou que gerasse conexão emocional aos fãs e consumidores de cada marca com que trabalhei.
Quando analiso a Paramount, acredito e me alinho com seu propósito. Trabalho com marcas do mundo do entretenimento como a Patrulha Canina e o Bob Esponja e meu dia a dia consiste em ajudar o meu time a destravar oportunidades para que tenhamos os personagens e marcas em diversas categorias de consumo e experiências e gerar ainda mais valor e fortalecer a Paramount no mundo do entretenimento.
Temos tido enorme sucesso na América Latina. Nossas marcas são líderes em vários mercados; temos um programa sólido de licenciamento, mas ainda temos inúmeras oportunidades de crescimento em várias categorias.
Seja colaborativo e invista nas relações interpessoais
Hoje, encontro-me em uma posição de definição de estratégia de negócio, porém, no dia a dia, atuo de forma colaborativa e junto com todo o time, incluindo atividades mais operacionais. Ao mesmo tempo que necessito dar autonomia ao pessoal e ser hands on, preciso conseguir equilibrar as atribuições mais estratégicas para dar direção à equipe e garantir que os planos sejam executados com excelência.
Acrescento: de nada adianta ser extremamente estratégico sem saber executar. Por isso a importância de continuar sempre aprimorando. A parte técnica é bem mais fácil de prover, seja por meio de cursos, livros ou treinamentos. Obviamente que todos precisam possuir alguma técnica ou conhecimento de sua posição, mas no momento de escolher uma pessoa para trazer para o time, dou muita ênfase para a atitude, a capacidade de interagir e se relacionar, a vontade de aprender e suas realizações.
Destaco a questão da socialização e a capacidade da pessoa saber se comunicar e interagir. A ausência destes três pontos, poderá pesar e limitar o crescimento de qualquer pessoa.
E finalmente, é primordial demonstrar para a equipe que sou mais uma peça para contribuir, para apoiar a tomada de riscos e que no final da jornada, se deu certo ou não, serei a primeira pessoa a levantar a mão para responder pelas atitudes implementadas.
Invista no aprendizado contínuo, detenha a “espírito de dono” e mentalidade positiva
Outros aspectos importantes que considero fundamentais são: mentalidade positiva, aprendizado contínuo, “espírito de dono” e controle do ego.
A mentalidade positiva faz o indivíduo enxergar os desafios como oportunidades. O ego não controlado, pode atrapalhar demais o planejamento de carreira – no meu caso, cresci nas organizações de forma relativamente rápida, mas eu soube manter os pés no chão, sem me iludir com nomenclaturas e cargos.
O aprendizado contínuo é imprescindível para continuar a evoluir em qualquer carreira. Eu estudo todos os dias até hoje, seja por meio de leitura de livros (20 livros por ano), podcasts, documentários etc. Minha dica é: a pessoa deve ser sempre curiosa e saber fazer perguntas inteligentes.
E finalmente, atuar com o “espírito de dono” faz toda a diferença para crescer nas organizações. Quem atua desta forma, é visto com mais confiança para assumir novos desafios.
Tenha um propósito, atue com paixão e defina metas robustas para constituir um legado marcante
“Acredito muito que todos - sem exceção - precisam de um propósito de vida e de metas claras de onde se quer chegar.
Ter paixão pelo que faz, mentalidade positiva, querer fazer mais do que é esperado, estar aberto a novas oportunidades e agarrar com entusiasmo as chances que se apresentam, são atitudes fundamentais para crescer na carreira e deixar uma marca, um legado.
O Brasil é um celeiro de oportunidades e, portanto, excelente país para se inovar, trazer soluções para os problemas existentes e empreender, seja dentro ou fora das organizações. As oportunidades para que um indivíduo deixe um legado estão ao alcance de todos. O que definirá se qualquer pessoa irá alcançar o sucesso, passa principalmente pelas atitudes e pela vontade de realizar.