Segurança digital: não há inovação que funcione sem ela
A preocupação com a segurança online nunca foi tão necessária para garantir que os dados tanto dos clientes quanto das instituições estejam protegidos
Publicado em 26 de julho de 2021 às, 15h12.
Última atualização em 26 de julho de 2021 às, 15h52.
Imagine que a sua empresa ou aquela na qual você trabalha está passando por atualizações com o intuito de trazer a tão necessária transformação digital. A equipe já foi comunicada das mudanças e os gestores, em parceria com o setor de RH, já fizeram treinamentos corporativos para ensinar os colaboradores e prepará-los para lidar com os novos sistemas e ferramentas adotados.
Tudo está caminhando bem, a operação está mais rápida e eficiente, o time se adaptou à transição e os consumidores estão dando feedbacks positivos sobre as soluções da companhia. Mas, de repente, seja por um erro ou ameaça externa, o sistema sofre uma falha, e o setor que deveria ser responsável por resolver esse problema não consegue solucioná-lo, pois as medidas de segurança utilizadas anteriormente para gerenciar os riscos já não são mais eficientes após as mudanças implementadas.
É muito comum vermos organizações de todos os segmentos e portes passando por turbulências do tipo. A causa principal, entretanto, é previsível: ao integrar a digitalização aos negócios, a segurança digital não foi tratada como prioridade por muitas companhias. E, agora, os novos processos internos e ferramentas, apesar de modernos, estão mais suscetíveis aos ataques de hackers e outros erros de funcionamento.
É por isso que insisto que não basta apenas aderir às soluções inovadoras para garantir que todos os benefícios trazidos pela transformação digital sejam sentidos pela empresa. É preciso elaborar um bom planejamento capaz de prever futuros riscos e situações para ajudar a criar medidas para combatê-las e minimizar os prejuízos – ainda mais no cenário em que vivemos atualmente, após a pandemia de covid-19, que fez com que as instituições ficassem cada vez mais conectadas virtualmente e vulneráveis.
Com o home office fazendo parte da cultura organizacional das empresas, as informações que antes eram trocadas internamente, por vezes com pouca interferência da internet, passaram a depender quase que exclusivamente dela para chegar em seus destinatários. E a preocupação com a segurança online nunca foi tão necessária para garantir que os dados tanto dos clientes quanto das instituições estejam protegidos.
De acordo com a Kaspersky, empresa internacional de cibersegurança e privacidade digital, os ataques no esquema de sequestro de informações digitais tiveram um aumento de 767% em todo o mundo em 2020. Para falar mais especificamente do Brasil, basta observar os dados da Fortinet, companhia de segurança, que mostram que apenas nos três primeiros meses deste ano o país teve mais de 3,2 bilhões de tentativas de ataques virtuais – ocupando assim o primeiro lugar no ranking da América Latina.
Recentemente, diversas companhias sofreram com vazamentos de dados de milhares de consumidores. E isso influencia na reputação das empresas, mesmo daquelas que conseguem resolver a questão com certa rapidez e agilidade.
Pensando em minimizar esses problemas, foi implementada no final de 2020 a Lei Geral de Proteção de Dados, a LGPD, chamando ainda mais atenção para esse tema, pois ela exige que as organizações sejam mais transparentes sobre o uso das informações pessoais dos seus clientes e tenham mais cuidado com elas. Vale lembrar ainda que aqueles que não se adequarem à lei podem sofrer com a aplicação de multas altíssimas - e nenhuma empresa quer receber essa notificação.
Por fim, concluo que nesse novo mundo modernizado, os gestores que conseguirem trazer essa cultura de cautela e zelo aliada à transformação digital serão protagonistas de uma revolução que tem forte potencial de impulsionar os negócios, pois até quem não tem em seu core a tecnologia como parte do produto oferecido precisa se digitalizar para melhorar a infraestrutura e as soluções entregues aos usuários. Pense nisso!
* Gustavo Caetano é CEO da Sambatech e Samba Digital