O ser humano terá lugar no mundo disruptivo que vem por aí?
A inteligência artificial já ocupa e ocupará grande parte do espaço, das atividades produtivas e dos empregos hoje ocupados por nós. O que sobrará para nós?
Publicado em 25 de setembro de 2017 às, 12h37.
O que era ficção científica até há poucos anos atrás agora torna-se um fato. A inteligência artificial, a transformação digital, a exponencialização, deep learning e a robotização já são uma realidade. Máquinas que pensam, aprendem, se transformam com o que aprendem, interagem entre si e com os seres vivos, realizam atividades complexas, ensinam o que aprendem, realizam atividades cognitivas e racionais, entendem de comportamento, reconhecem e transmitem sentimentos. Robôs e computadores que já conseguem ter a mesma capacidade de processamento de um cérebro humano e, já já, terão a capacidade de processamento equivalente a todos os cérebros humanos.
Existem drones e veículos autônomos, que se dirigem sozinhos e fazem entregas de produtos ou transportam pessoas e coisas. Existem turbinas de avião que conseguem se consertar sozinhas e compartilhar o que aprenderam com as outras turbinas, para que elas evitem passar pelo mesmo problema. Existem milhares de jovens criando organismos vivos, e, assim como nos anos 70 e 80 se reuniam em garagens para prototipar computadores, sistemas operacionais e programas, hoje se reúnem em "cozinhas" para fazer manipulação genética e prototipar organismos vivos que podem exercer uma série de funções. Existem robôs que conduzem conversas complexas, entendendo o ser humano e o aconselhando, propondo soluções específicas para a vida de cada pessoa, mesmo no campo emocional. Existem sistemas complexos para garantir a segurança de informações e transações digitais como o blockchain que viabiliza, entre outras coisas, a criação segura de moedas digitais (como Bitcoin) e a sua livre transação entre pessoas, sem a necessidade de bancos ou outros intermediários. E existem muitas, muitas atividades de raciocínio complexo antes só delegadas ao inteligente ser humano e hoje muito mais eficientemente conduzidas por um robô (análises, estudos, decisões, previsões, etc). Já existem robôs que, conversando entre si, criaram um novo idioma sozinhos, mais eficiente, e começaram a interagir nesse novo idioma (e foram desligados após isso, rs).
E todas essas inovações tem acontecido numa velocidade impressionante, exponencial. Cada dia surge algo novo, mil vezes mais eficiente que a versão anteriormente mais eficiente.
E nós?
Temos nos sentido exponencialmente sendo passados para trás ou desatualizados?
Onde está o ser humano nessa história?
Como ele pode encontrar seu espaço nesse mundo em transformação? Onde ele pode se destacar? Onde ele pode fazer a diferença?
Qual a grande oportunidade?
Acredito que a grande oportunidade esteja bem na essência do ser humano. O ser humano se destaca como uma espécie capaz de imaginar, capaz de intuir, capaz de transcender. O ser humano é essencialmente curioso, criativo e adaptativo.
Enxergo nesse mundo disruptivo e de transformações exponenciais, um excelente convite para ser (um) humano. Escolher, assumir e promover a liberação de potência da minha humanidade e da humanidade dos outros.
Um convite para deixar de investir e dar valor ao que mecaniza, robotiza o humano: formar/padronizar as pessoas, trabalhar com repetição e previsibilidade, coerência, seguir os padrões pré estabelecidos, adestramento, homogeneidade de ideias e visões de mundo… deixemos para as máquinas, para os sensores, para os robôs. Eles farão esse trabalho muito melhor do que nós.
Aceitemos o convite para investir e dar valor ao que humaniza: a criatividade, a inovação, fazer mudanças constantes no trabalho que faz, a curiosidade, o erro que gera aprendizado e evolução, a diversidade de ideias e visões de mundo. O talento de imaginar e criar algo do zero. O talento de criar ficções, de sonhar, co-construir esses sonhos dialogando e os transformando em realidade. O talento de rir, a comédia. O talento de transcender, de criar mitos, de ver além do que se pode ver, de dialogar sem palavras, o sexto sentido.
Organizações, executivos, educadores, políticos e administradores precisam assumir uma nova liderança, um novo modelo de operar e gerir, uma nova cultura capaz de promover e viabilizar um mindset e um heartset que libere a potência do humano, que torne os humanos mais humanos, ao invés do modelos operacionais e culturas que inibem a potência humana.
Em nossa experiência atual, em quais situações, grupos/times, projetos, comunidades, organizações temos experimentado a liberação de nossa potência humana e a dos outros?
Em quais situações temos experimentado essa potência ser podada, ignorada, acobertada?
Se você fosse fazer um percentual comparando essas duas experiências, qual percentual do seu tempo você se percebe um humano potente e criativo e em qual percentual do seu tempo você se sente entediado, podado ou como uma máquina?
Esse movimento de liberação de potência é essencial nessa evolução do ecossistema e na sustentabilidade do ser humano e de seu relevante papel nele.