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O poder da celebração

Nas últimas décadas, foram desenvolvidas várias tecnologias para a melhoria da produção, como qualidade total, lean, 6 sigma, etc. Confesso que meu lado engenheiro gosta muito disto! Mas, uma pergunta fica martelando em minha cabeça: “Qual seria o equivalente para a liderança de pessoas do que representa o PDCA* para a gestão de processos – uma metodologia simples de melhoria de desempenho?” Me aproximei da resposta dessa indagação por meio […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2016 às 16h46.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 07h39.

Nas últimas décadas, foram desenvolvidas várias tecnologias para a melhoria da produção, como qualidade total, lean, 6 sigma, etc. Confesso que meu lado engenheiro gosta muito disto! Mas, uma pergunta fica martelando em minha cabeça: “Qual seria o equivalente para a liderança de pessoas do que representa o PDCA* para a gestão de processos – uma metodologia simples de melhoria de desempenho?”

Me aproximei da resposta dessa indagação por meio da Dragon Dreaming, metodologia para desenhar e realizar projetos criativos, colaborativos e sustentáveis com alto engajamento dos participantes. Esse método foi desenvolvido por um amigo nosso, o australiano John Croft, consultor internacional e co-fundador da Gaia Foundation. O Dragon Dreaming acredita que projetos de sucesso têm quatro fases: sonho, planejamento, realização e celebração. Ou seja, sempre parte de um sonho, uma paixão, tem sequência com o planejamento e a execução (etapas que conhecemos bem) e termina com uma celebração.

E é exatamente sobre esta última etapa que quero falar mais, pois talvez seja a mais ignorada nas organizações. Fazemos grandes projetos, trabalhamos feito loucos para atingir um resultado esperado ou alcançar o orçamento, e mal terminamos o desafio, já partimos para outro, já estamos em dívida novamente com relação ao orçamento do mês seguinte, ao próximo projeto. Quando é que paramos para celebrar a vida e as conquistas, refletir sobre os nossos aprendizados, recarregar nossas energias internas? Tratamos a pessoa como uma máquina em modo contínuo – terminou um lote, trocamos a ferramenta e já recomeça a produção. Na teoria, parece que ganhamos volume desta forma, mas na verdade perdemos em qualidade, em criatividade, em conexão e em engajamento. As pessoas ficam esgotadas e deixam de estar presentes e de contribuir na plenitude de sua potência. E assim todos perdem.

Quero compartilhar dois casos, um pessoal e o de um vice-presidente de uma empresa de varejo, que ilustram a importância da parada e da celebração. Alguns anos atrás, por cerca de seis meses, entrei em uma roda vida conduzindo workshops com grupos grandes todos os dias, sem um respiro, muitas vezes inclusive nos finais de semana. Enquanto estava com a adrenalina em alta, tudo caminhava bem e o resultado era espetacular – me sentia poderoso e realizador. O problema veio depois, pois o corpo veio cobrar um preço: um mês doente durante as férias de família, de dores nas costas a resfriados e alergias. Não tive o cuidado de recarregar as energias e posso dizer que entrei em “burn-out”.

O outro é o de um executivo de varejo muito bem sucedido e de muito resultado com quem fiz coaching. Após algumas sessões, ele confidenciou que no fundo possuía uma insegurança constante no trabalho. Se o que ele fazia era apreciado, isto o paralisava algumas vezes e o impedia de contribuir ainda mais com suas ideias inovadoras. A insegurança vinha desde a sua infância, mas era reforçada no ambiente de trabalho pois ele nunca recebia um comentário apreciativo de seu chefe, que sempre o desafiava e esperava mais. Fizemos um trabalho tanto pessoal quanto profissional e, assim, ele conseguiu liberar ainda mais sua potência na empresa. Um simples elogio ou reconhecimento do presidente era um grande impulsionador para esse executivo.

Em um trabalho na semana passada, o conselho de uma empresa descobriu que existe uma regra inconsciente em sua cultura que é “o elogio estraga”. Imagine o efeito de mudar esta regra na energia da empresa. E quantas empresas ou pessoas têm a mesma regra inconsciente?

Reservar um tempo generoso após completar uma tarefa importante para a gratidão, a reflexão apreciativa, o aprendizado e a celebração é fundamental para a renovação das energias e dos sonhos das pessoas. Não se trata de um modismo da atualidade, de “abraçar árvore”, mas de uma etapa crítica na gestão da energia das pessoas e da organização, na garantia da perpetuidade da empresa e de qualquer sistema. Nós humanos nos realimentamos da satisfação. Não estou falando aqui da celebração no sentido da festa, mas no sentido de reconhecer o que foi feito, agradecer e se satisfazer com isto, antes de iniciar um novo ciclo.

Nossa vida acontece em ciclos de expansão e contração e ignorar um dos movimentos é ir contra a natureza, o que resulta na exaustão das pessoas e no enfraquecimento da organização ao longo do tempo. Um bom líder garante a atenção e o tempo adequado para a função de celebrar e assim cria ambientes que ajudam este humano a liberar sua potência, a dar o seu melhor, a viver seu talento e contribuir com seu máximo. A organização e o ser humano só têm a ganhar!

* PDCA – sigla em inglês para a sequência “planejar, executar, checar e agir”. Este é um método iterativo de gestão de quatro passos, utilizado para o controle e melhoria contínua de processos e produtos. É também conhecido como o ciclo de Deming ou ciclo de Shewhart

Nas últimas décadas, foram desenvolvidas várias tecnologias para a melhoria da produção, como qualidade total, lean, 6 sigma, etc. Confesso que meu lado engenheiro gosta muito disto! Mas, uma pergunta fica martelando em minha cabeça: “Qual seria o equivalente para a liderança de pessoas do que representa o PDCA* para a gestão de processos – uma metodologia simples de melhoria de desempenho?”

Me aproximei da resposta dessa indagação por meio da Dragon Dreaming, metodologia para desenhar e realizar projetos criativos, colaborativos e sustentáveis com alto engajamento dos participantes. Esse método foi desenvolvido por um amigo nosso, o australiano John Croft, consultor internacional e co-fundador da Gaia Foundation. O Dragon Dreaming acredita que projetos de sucesso têm quatro fases: sonho, planejamento, realização e celebração. Ou seja, sempre parte de um sonho, uma paixão, tem sequência com o planejamento e a execução (etapas que conhecemos bem) e termina com uma celebração.

E é exatamente sobre esta última etapa que quero falar mais, pois talvez seja a mais ignorada nas organizações. Fazemos grandes projetos, trabalhamos feito loucos para atingir um resultado esperado ou alcançar o orçamento, e mal terminamos o desafio, já partimos para outro, já estamos em dívida novamente com relação ao orçamento do mês seguinte, ao próximo projeto. Quando é que paramos para celebrar a vida e as conquistas, refletir sobre os nossos aprendizados, recarregar nossas energias internas? Tratamos a pessoa como uma máquina em modo contínuo – terminou um lote, trocamos a ferramenta e já recomeça a produção. Na teoria, parece que ganhamos volume desta forma, mas na verdade perdemos em qualidade, em criatividade, em conexão e em engajamento. As pessoas ficam esgotadas e deixam de estar presentes e de contribuir na plenitude de sua potência. E assim todos perdem.

Quero compartilhar dois casos, um pessoal e o de um vice-presidente de uma empresa de varejo, que ilustram a importância da parada e da celebração. Alguns anos atrás, por cerca de seis meses, entrei em uma roda vida conduzindo workshops com grupos grandes todos os dias, sem um respiro, muitas vezes inclusive nos finais de semana. Enquanto estava com a adrenalina em alta, tudo caminhava bem e o resultado era espetacular – me sentia poderoso e realizador. O problema veio depois, pois o corpo veio cobrar um preço: um mês doente durante as férias de família, de dores nas costas a resfriados e alergias. Não tive o cuidado de recarregar as energias e posso dizer que entrei em “burn-out”.

O outro é o de um executivo de varejo muito bem sucedido e de muito resultado com quem fiz coaching. Após algumas sessões, ele confidenciou que no fundo possuía uma insegurança constante no trabalho. Se o que ele fazia era apreciado, isto o paralisava algumas vezes e o impedia de contribuir ainda mais com suas ideias inovadoras. A insegurança vinha desde a sua infância, mas era reforçada no ambiente de trabalho pois ele nunca recebia um comentário apreciativo de seu chefe, que sempre o desafiava e esperava mais. Fizemos um trabalho tanto pessoal quanto profissional e, assim, ele conseguiu liberar ainda mais sua potência na empresa. Um simples elogio ou reconhecimento do presidente era um grande impulsionador para esse executivo.

Em um trabalho na semana passada, o conselho de uma empresa descobriu que existe uma regra inconsciente em sua cultura que é “o elogio estraga”. Imagine o efeito de mudar esta regra na energia da empresa. E quantas empresas ou pessoas têm a mesma regra inconsciente?

Reservar um tempo generoso após completar uma tarefa importante para a gratidão, a reflexão apreciativa, o aprendizado e a celebração é fundamental para a renovação das energias e dos sonhos das pessoas. Não se trata de um modismo da atualidade, de “abraçar árvore”, mas de uma etapa crítica na gestão da energia das pessoas e da organização, na garantia da perpetuidade da empresa e de qualquer sistema. Nós humanos nos realimentamos da satisfação. Não estou falando aqui da celebração no sentido da festa, mas no sentido de reconhecer o que foi feito, agradecer e se satisfazer com isto, antes de iniciar um novo ciclo.

Nossa vida acontece em ciclos de expansão e contração e ignorar um dos movimentos é ir contra a natureza, o que resulta na exaustão das pessoas e no enfraquecimento da organização ao longo do tempo. Um bom líder garante a atenção e o tempo adequado para a função de celebrar e assim cria ambientes que ajudam este humano a liberar sua potência, a dar o seu melhor, a viver seu talento e contribuir com seu máximo. A organização e o ser humano só têm a ganhar!

* PDCA – sigla em inglês para a sequência “planejar, executar, checar e agir”. Este é um método iterativo de gestão de quatro passos, utilizado para o controle e melhoria contínua de processos e produtos. É também conhecido como o ciclo de Deming ou ciclo de Shewhart

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