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E depois do mindfulness, qual o próximo passo?

"Os médicos estão adotando a meditação não porque eles acham que é legal, mas porque estudos científicos estão começando a mostrar que ela funciona."

 (Shutterstock/ por frankie's/Corall Consultoria)
(Shutterstock/ por frankie's/Corall Consultoria)
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Gestão Fora da Caixa

Publicado em 11 de junho de 2018 às, 10h00.

Última atualização em 11 de junho de 2018 às, 10h00.

Cresce fortemente o uso de técnicas para melhorar a capacidade de foco e coerência psicofisiológica no mundo. Nossa capacidade atual de entendimento dos intricados mecanismos de funcionamento da mente-corpo tem proporcionado oportunidades de inovação e criação de mercados latentes e até então não explorados. E o resultado de tudo isso são pessoas com melhor capacidade de gestão de estresse, maior centramento e disponibilidade e mais produtividade e inovação nas empresas.

Um recente estudo publicado em 2017 pela Marketdata Enterprises, intitulado The U.S. Meditation Market, estima que o mercado americano de US$ 1,2 bilhões em 2017 crescerá a uma taxa anual de 11,4% até 2022. Existem mais de 1.000 aplicativos de meditação e mais de 2.500 estúdios específicos que geralmente trabalham em parceria com estúdios de Yoga; a abundância de recursos nunca foi tão grande.

Segundo o relatório, “nos últimos 20 anos, os programas baseados em meditação e mindfulness tornaram-se cada vez mais importantes no ocidente. Os médicos estão adotando a meditação não porque eles acham que é legal ou está na moda, mas porque estudos científicos estão começando a mostrar que ela funciona, particularmente para condições relacionadas ao estresse.”

Para aqueles que já praticam algum tipo de mindfulness, gostaria de dar uma dica do que considero um segundo passo para uma prática de meditação mais profunda, que é a capacidade de se desmaterializar. Esta semana fui experimentar uma destas ferramentas, um tanque de flutuação. A ideia não é nova, desde a década de 1950 que cientistas estudam essa técnica para saúde mental. Em 2005 uma meta-análise de estudos realizados até então concluiu que é um processo que ajuda muito na gestão de estresse.

Isolation Tank (Wikipedia/Corall Consultoria)

O tanque fica em uma sala isolada que você pode trancar por dentro para ter mais privacidade. Você fica imerso numa solução de sal de Epsom à temperatura do corpo, com protetores auriculares e acesso a um controle de luz dentro do tanque (o ideal é que apague as luzes e fique na escuridão total) e, se necessitar, uma boia de apoio para o pescoço. Durante os cinco primeiros minutos você ouve uma música relaxante que some aos poucos.

Leva um tempinho até você se acostumar com uma posição confortável e imóvel. O principal é você saber que está 100% seguro e que não vai afundar. Depois de um tempo tive a nítida impressão que estava deitado em um colchão bem macio numa praia de rio deserta e numa noite de lua nova, no completo silêncio. Até chegar lá meu principal desafio foi manter presente essa sensação de segurança, instintivamente o corpo vai pedindo atenção quando ele começa a “desaparecer “ e isso acaba chamando a atenção e chamando de volta para o estado de tensão.

À medida que perdi a sensação dos sentidos, talvez depois de uns 40 minutos, foi incrível a clara sensação que eu estava lá mas, mesmo sem a sensação de corpo e com um fluxo de pensamentos muito rarefeito. Fiquei me movendo na fronteira entre o consciente e o inconsciente, talvez tenha dormido um pouco. Algumas imagens apareciam e desapareciam em minha tela mental, sempre com uma sensação boa. Após um tempo comecei a ouvir um barulho alto vindo de longe, de fora da sala. Parecia que estavam movendo alguns móveis ou conversando alto e eu só ouvia fragmentos esparsos da conversa. Achei estranho, afinal o ambiente era para induzir ao isolamento total. Após alguns minutos me surpreendi ao dar-me  conta que os barulhos vinham da minha barriga, era próximo da hora do jantar. Nos últimos 5 minutos a música volta para avisar que está chegando o final da sessão, vale a pena se materializar aos poucos, movendo os dedos dos pés e das mão incialmente e depois o restante do corpo.

A experiência foi muito relaxante e realmente induz para lidar com a vida estressante das grandes cidades. Uma dica final para aqueles que se sentiram chamados para experimentar o tanque de flutuação: durante a experiência, lembre-se que esse é um ambiente seguro e que você vai se desmanchar num campo de paz e acolhimento infinito!

(Corall Consultoria/Corall Consultoria)