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Como inovar em contextos desafiadores

Sua empresa está preparada para viver os contextos desafiadores? E para inovar? Você sabia que não existe inovação sem desafios?

(corall consultoria/Corall Consultoria)
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mauriciogold

Publicado em 2 de outubro de 2020 às 16h50.

Recentemente os sócios-consultores Mauricio Goldstein e José Luiz Weiss participaram de uma live da FIA – Fundação Instituto de Administração com o tema “Como inovar em contextos desafiadores”.

Segue abaixo a síntese do bate papo:

Antes de mais nada, podemos pensar que dentro das organizações existem dois sistemas acontecendo ao mesmo tempo e eles partem de uma natureza dupla. A primeira é a instituição estruturada que é desenhada com objetivos, processos e propósitos claros. Neste caso independe se há fins lucrativos ou não.

A segunda natureza convive na organização um sistema vivo, de interação entre os humanos que trabalham ali, que reage ao mundo externo e se remodela, cria redes, é informal e adaptativo.

Um dos grandes desafios das organizações é reconhecer que, o tempo todo, há uma dança acontecendo entre essas duas naturezas. Há o mundo mecânico, estruturado e com processos; e o mundo vivo, adaptativo, que não controlamos e que está sempre evoluindo.

É no meio dessa dança que a inovação acontece. É algo que emerge da inteligência coletiva, do encontro de muitos talentos dessa rede viva, assim como dos processos e desenhos estruturais.
O desafio da liderança é gerenciar essa dança, lidar com esses aspectos e promover que a inovação possa surgir.

O sistema mecânico

Quando falamos de um sistema mecânico, estamos falando de sistemas replicáveis. Geralmente processos de produção são sistemas mecânicos. Por exemplo, lançar um foguete é um sistema mecânico. Se entendermos as variáveis, saberemos que é possível replicar o processo de lançamento de um foguete. Em sistemas mecânicos e replicáveis se aplicam metodologias como, por exemplo, PDCA.

O sistema complexo

Quando falamos de sistemas vivos, falamos de sistemas complexos. Esses sistemas são únicos e acontecem uma vez na vida. O contexto é único. Um exemplo disso é a criação de mais de um filho. Eles são únicos e o que funcionou com o primeiro não necessariamente funcionará com o segundo ou terceiro filho. Mesmo eles sendo filhos dos mesmos pais, moradores da mesma cidade e com pouco espaço de diferença de tempo entre eles, o contexto e as pessoas mudam. Logo, não podemos usar um modelo mecânico e replicável.

O desafio

As organizações têm esses dois aspectos convivendo ao mesmo tempo e esse é o desafio. O dilema aparece porque a maioria dos gestores foram treinados para liderar apenas sistemas mecânicos. Eles aprendem a gerenciar máquinas e aplicam o mesmo modelo para gerenciar organizações.

O próprio modelo do RH é baseado no conceito de que cada pessoa é uma peça de uma engrenagem (até a linguagem se dá nesse aspecto) e o papel do RH é fazer caber cada peça.

Mas afinal, é possível inovar em contextos desafiadores?

Na verdade, só existe inovação em contextos desafiadores e existe um aspecto biológico nisso tudo.

A biologia explica

A célula humana responde a perturbações. Se não tem perturbação nenhuma, a célula continua funcionando em sua normalidade. Mas quando surge uma perturbação, como por exemplo, um vírus ou algum machucado, seja externo ou interno, a célula tem que se reconformar sua estrutura internamente para responder ao desafio.

Esse processo em sistemas sociais é o que chamamos de aprendizagem. Qualquer sistema social, diante de um desafio, precisa se reconformar e aprender para responder ou virar obsoleto e morrer.

Tentativa e erro

A célula inova, mas nem sempre acerta. A célula está sempre vivendo um processo adaptativo, pois pode ter criado uma mutação para reagir a alguma perturbação.

No entanto, depois de descobrir que algo não fez bem, ela irá se reinventar e fazer um novo processo de forma diferente. A inovação requer muitos processos de tentativas e erros.

Porém, no mundo mecânico, estruturado e organizado, não existe espaço para o erro. Nós desenhamos processos justamente para não errar. Desenhamos o processo inteiro, até o final, buscando a entrega perfeita.

Esse modelo mental, que funcionou tão bem até hoje nas organizações para entregar um tipo de coisa, não é a forma de ver o mundo que permite que a inovação floresça. Por isso que, em ambientes com culturas diferentes como startups, vemos que realmente o novo emerge.

 

E qual a implicação disso para as empresas?

Só tem um jeito de conseguirmos criar condições de inovação para as organizações: Fazendo um bom convite, com bom significado e propósito. Sem esquecer que são as pessoas que vão escolher se irão se adaptar ou não, vão aceitar o convite ou não.

Não há nada que alguém possa fazer para que aquela pessoa se adapte, se ela não quiser.

Isso acontece porque as pessoas não obedecem a instruções (claro, se se sentirem ameaçadas, podem até obedecer). As pessoas recebem a informação, escolhem o que é relevante e agem conforme suas escolhas e relevâncias.

Neste caso, a possibilidade que funciona é compartilhar, sinalizar o que é essencial e deixar que as pessoas se auto organizem entendendo o que é essencial.

Como inovar em contextos desafiadores

Como inovar em meio a um período de restrição de recursos, crises e isolamento?

Esse é o papel do líder com visão. Ele entende que precisa tomar decisões, ora seguindo um plano desenhado, evitando falhas e erros, ora sustentando a tensão de permitir que algo que não existe tenha uma resposta que ainda fique latente. Essa resposta não vem como o processo gostaria que viesse: Ela vem quando vem. É preciso sustentar a tensão do “não sei”, deixar emergir o que precisa emergir, que é a inovação e a solução. E depois experimentá-la.

Como criar organizações adaptativas

A inovação sempre vem da diversidade ou adversidade. Ela vem de um desconforto ou de uma diferença. Você tem a diferença e a confiança para criar inovação.

Um dos papéis da liderança é criar um espaço de segurança psicológica.  Se não houver segurança psicológica, não há possibilidade de inovação. Isso significa criar espaço de experimentação e, não necessariamente, o espaço da cobrança de inovar.

É impossível colocar na avaliação de desempenho assim: “Você tem que inovar mais 10% esse ano.” Não tem métrica para mensurar o processo de inovação. O resultado pode ter métrica e ser mensurado, mas o processo é algo emergente, do encontro.

Em um evento que participei recentemente sobre complexidade, o tema era métricas. A discussão era: As organizações são viciadas em métricas e as métricas são um processo reducionista. Na hora em que se define que aquela métrica é importante, paramos de ver tudo que está em volta. Exemplo: Estamos olhando agora a métrica do PIB. Se eu olhar só essa métrica, vou perder muito do que aconteceu em volta. Realmente o PIB caiu, mas o que será que aconteceu com a educação? Será que as pessoas estão procurando ter uma vida mais saudável? O que aconteceu com a dinâmica das famílias? E com a identidade de cada um? Tem muitos contextos ignorados quando a gente usa uma métrica única. Pode ser que a pandemia se torne um presente de saúde para o mundo. De repente muita gente mudou a forma de trabalhar e viver e isso acabou contribuindo para diminuir o esgotamento do sistema de saúde.

Assim como no caso da pandemia, mas também nas organizações, nós, de alguma forma, ignoramos o que está acontecendo ao nosso redor, nas diversas inter-relações, e tentamos contar uma história única que aquela métrica estava reportando. Um exemplo que posso dar é da Startup Liva, que vende um dispositivo que auxilia na diminuição da cefaleia por bruxismo. As vendas caíram drasticamente neste período de pandemia. Se olharmos para essa métrica, a Startup está dando prejuízo e indo mal, mas várias coisas estão acontecendo em paralelo: O Hospital Einstein convidou esta startup para ser incubada; ganharam um concurso no Chile como uma startup inovadora e marcaram uma apresentação para um CEO de engenharia que também está interessado em incubá-la. Este exemplo mostra que há muitas coisas acontecendo em paralelo à queda das vendas e que se olharmos as várias dimensões, podemos contar novas histórias e encontrar caminhos de evolução muito interessantes.

Procura-se pessoas com o perfil inovador

Você já deve ter visto alguma proposta de vaga com essa chamada. Temos a ilusão em dizer que uma pessoa é inovadora, mas isso não existe. Só existe inovação entre as partes, na interação entre elas. Qualquer ideia inovadora que uma pessoa tenha surgiu porque conversou com diversas pessoas e, a partir dessas conversas, algo foi sendo tecido dentro dela, que emergiu como uma ideia. A inovação acontece no interstício, nesse espaço entre as pessoas.

A inovação é uma resposta à perturbação! Ela não pode ser medida em uma fotografia, porque é um filme. No primeiro momento pode dar a sensação de estar dando tudo errado, mas só saberemos se deu certo quando o filme chegar no seu desfecho final e no momento, com relação à pandemia, estamos bem longe disso. Mas a forma como olhamos para o que está acontecendo, como incluímos diversas perspectivas e contextos, como refletimos e aprendemos juntos vai fazer toda a diferença…

Conte conosco para inovar em contextos desafiadores !

Recentemente os sócios-consultores Mauricio Goldstein e José Luiz Weiss participaram de uma live da FIA – Fundação Instituto de Administração com o tema “Como inovar em contextos desafiadores”.

Segue abaixo a síntese do bate papo:

Antes de mais nada, podemos pensar que dentro das organizações existem dois sistemas acontecendo ao mesmo tempo e eles partem de uma natureza dupla. A primeira é a instituição estruturada que é desenhada com objetivos, processos e propósitos claros. Neste caso independe se há fins lucrativos ou não.

A segunda natureza convive na organização um sistema vivo, de interação entre os humanos que trabalham ali, que reage ao mundo externo e se remodela, cria redes, é informal e adaptativo.

Um dos grandes desafios das organizações é reconhecer que, o tempo todo, há uma dança acontecendo entre essas duas naturezas. Há o mundo mecânico, estruturado e com processos; e o mundo vivo, adaptativo, que não controlamos e que está sempre evoluindo.

É no meio dessa dança que a inovação acontece. É algo que emerge da inteligência coletiva, do encontro de muitos talentos dessa rede viva, assim como dos processos e desenhos estruturais.
O desafio da liderança é gerenciar essa dança, lidar com esses aspectos e promover que a inovação possa surgir.

O sistema mecânico

Quando falamos de um sistema mecânico, estamos falando de sistemas replicáveis. Geralmente processos de produção são sistemas mecânicos. Por exemplo, lançar um foguete é um sistema mecânico. Se entendermos as variáveis, saberemos que é possível replicar o processo de lançamento de um foguete. Em sistemas mecânicos e replicáveis se aplicam metodologias como, por exemplo, PDCA.

O sistema complexo

Quando falamos de sistemas vivos, falamos de sistemas complexos. Esses sistemas são únicos e acontecem uma vez na vida. O contexto é único. Um exemplo disso é a criação de mais de um filho. Eles são únicos e o que funcionou com o primeiro não necessariamente funcionará com o segundo ou terceiro filho. Mesmo eles sendo filhos dos mesmos pais, moradores da mesma cidade e com pouco espaço de diferença de tempo entre eles, o contexto e as pessoas mudam. Logo, não podemos usar um modelo mecânico e replicável.

O desafio

As organizações têm esses dois aspectos convivendo ao mesmo tempo e esse é o desafio. O dilema aparece porque a maioria dos gestores foram treinados para liderar apenas sistemas mecânicos. Eles aprendem a gerenciar máquinas e aplicam o mesmo modelo para gerenciar organizações.

O próprio modelo do RH é baseado no conceito de que cada pessoa é uma peça de uma engrenagem (até a linguagem se dá nesse aspecto) e o papel do RH é fazer caber cada peça.

Mas afinal, é possível inovar em contextos desafiadores?

Na verdade, só existe inovação em contextos desafiadores e existe um aspecto biológico nisso tudo.

A biologia explica

A célula humana responde a perturbações. Se não tem perturbação nenhuma, a célula continua funcionando em sua normalidade. Mas quando surge uma perturbação, como por exemplo, um vírus ou algum machucado, seja externo ou interno, a célula tem que se reconformar sua estrutura internamente para responder ao desafio.

Esse processo em sistemas sociais é o que chamamos de aprendizagem. Qualquer sistema social, diante de um desafio, precisa se reconformar e aprender para responder ou virar obsoleto e morrer.

Tentativa e erro

A célula inova, mas nem sempre acerta. A célula está sempre vivendo um processo adaptativo, pois pode ter criado uma mutação para reagir a alguma perturbação.

No entanto, depois de descobrir que algo não fez bem, ela irá se reinventar e fazer um novo processo de forma diferente. A inovação requer muitos processos de tentativas e erros.

Porém, no mundo mecânico, estruturado e organizado, não existe espaço para o erro. Nós desenhamos processos justamente para não errar. Desenhamos o processo inteiro, até o final, buscando a entrega perfeita.

Esse modelo mental, que funcionou tão bem até hoje nas organizações para entregar um tipo de coisa, não é a forma de ver o mundo que permite que a inovação floresça. Por isso que, em ambientes com culturas diferentes como startups, vemos que realmente o novo emerge.

 

E qual a implicação disso para as empresas?

Só tem um jeito de conseguirmos criar condições de inovação para as organizações: Fazendo um bom convite, com bom significado e propósito. Sem esquecer que são as pessoas que vão escolher se irão se adaptar ou não, vão aceitar o convite ou não.

Não há nada que alguém possa fazer para que aquela pessoa se adapte, se ela não quiser.

Isso acontece porque as pessoas não obedecem a instruções (claro, se se sentirem ameaçadas, podem até obedecer). As pessoas recebem a informação, escolhem o que é relevante e agem conforme suas escolhas e relevâncias.

Neste caso, a possibilidade que funciona é compartilhar, sinalizar o que é essencial e deixar que as pessoas se auto organizem entendendo o que é essencial.

Como inovar em contextos desafiadores

Como inovar em meio a um período de restrição de recursos, crises e isolamento?

Esse é o papel do líder com visão. Ele entende que precisa tomar decisões, ora seguindo um plano desenhado, evitando falhas e erros, ora sustentando a tensão de permitir que algo que não existe tenha uma resposta que ainda fique latente. Essa resposta não vem como o processo gostaria que viesse: Ela vem quando vem. É preciso sustentar a tensão do “não sei”, deixar emergir o que precisa emergir, que é a inovação e a solução. E depois experimentá-la.

Como criar organizações adaptativas

A inovação sempre vem da diversidade ou adversidade. Ela vem de um desconforto ou de uma diferença. Você tem a diferença e a confiança para criar inovação.

Um dos papéis da liderança é criar um espaço de segurança psicológica.  Se não houver segurança psicológica, não há possibilidade de inovação. Isso significa criar espaço de experimentação e, não necessariamente, o espaço da cobrança de inovar.

É impossível colocar na avaliação de desempenho assim: “Você tem que inovar mais 10% esse ano.” Não tem métrica para mensurar o processo de inovação. O resultado pode ter métrica e ser mensurado, mas o processo é algo emergente, do encontro.

Em um evento que participei recentemente sobre complexidade, o tema era métricas. A discussão era: As organizações são viciadas em métricas e as métricas são um processo reducionista. Na hora em que se define que aquela métrica é importante, paramos de ver tudo que está em volta. Exemplo: Estamos olhando agora a métrica do PIB. Se eu olhar só essa métrica, vou perder muito do que aconteceu em volta. Realmente o PIB caiu, mas o que será que aconteceu com a educação? Será que as pessoas estão procurando ter uma vida mais saudável? O que aconteceu com a dinâmica das famílias? E com a identidade de cada um? Tem muitos contextos ignorados quando a gente usa uma métrica única. Pode ser que a pandemia se torne um presente de saúde para o mundo. De repente muita gente mudou a forma de trabalhar e viver e isso acabou contribuindo para diminuir o esgotamento do sistema de saúde.

Assim como no caso da pandemia, mas também nas organizações, nós, de alguma forma, ignoramos o que está acontecendo ao nosso redor, nas diversas inter-relações, e tentamos contar uma história única que aquela métrica estava reportando. Um exemplo que posso dar é da Startup Liva, que vende um dispositivo que auxilia na diminuição da cefaleia por bruxismo. As vendas caíram drasticamente neste período de pandemia. Se olharmos para essa métrica, a Startup está dando prejuízo e indo mal, mas várias coisas estão acontecendo em paralelo: O Hospital Einstein convidou esta startup para ser incubada; ganharam um concurso no Chile como uma startup inovadora e marcaram uma apresentação para um CEO de engenharia que também está interessado em incubá-la. Este exemplo mostra que há muitas coisas acontecendo em paralelo à queda das vendas e que se olharmos as várias dimensões, podemos contar novas histórias e encontrar caminhos de evolução muito interessantes.

Procura-se pessoas com o perfil inovador

Você já deve ter visto alguma proposta de vaga com essa chamada. Temos a ilusão em dizer que uma pessoa é inovadora, mas isso não existe. Só existe inovação entre as partes, na interação entre elas. Qualquer ideia inovadora que uma pessoa tenha surgiu porque conversou com diversas pessoas e, a partir dessas conversas, algo foi sendo tecido dentro dela, que emergiu como uma ideia. A inovação acontece no interstício, nesse espaço entre as pessoas.

A inovação é uma resposta à perturbação! Ela não pode ser medida em uma fotografia, porque é um filme. No primeiro momento pode dar a sensação de estar dando tudo errado, mas só saberemos se deu certo quando o filme chegar no seu desfecho final e no momento, com relação à pandemia, estamos bem longe disso. Mas a forma como olhamos para o que está acontecendo, como incluímos diversas perspectivas e contextos, como refletimos e aprendemos juntos vai fazer toda a diferença…

Conte conosco para inovar em contextos desafiadores !

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