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A tensão e a intenção

No post “politicamente incorreto”, contamos a história da interação do Dr. Milton Erickson com uma paciente bem gorda que queria emagrecer e como ele usou a “verdade” para iniciar o movimento de mudança. Curiosamente, ele pediu que ela engordasse de forma controlada até que não suportasse mais a gordura, para então começar a emagrecer. Neste post, vamos explorar dois outros ensinamentos da história: o aprendizado de novos hábitos e a […] Leia mais

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Gestão Fora da Caixa

Publicado em 16 de março de 2015 às, 19h06.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 08h07.

No post “politicamente incorreto”, contamos a história da interação do Dr. Milton Erickson com uma paciente bem gorda que queria emagrecer e como ele usou a “verdade” para iniciar o movimento de mudança. Curiosamente, ele pediu que ela engordasse de forma controlada até que não suportasse mais a gordura, para então começar a emagrecer. Neste post, vamos explorar dois outros ensinamentos da história: o aprendizado de novos hábitos e a tensão necessária para qualquer mudança. Quando o Dr. Erickson pediu que sua paciente engordasse “apenas 1 quilo esta semana”, ela aprendeu a partir de um movimento com o qual ela já estava acostumada (comer e engordar), a ser protagonista e gerenciar o seu próprio comportamento, algo que ela não conseguia fazer anteriormente. Erickson simplesmente ajudou-a a começar a criar um novo hábito a partir de um movimento que ela já tinha, dentro de sua zona de conforto. Muitas vezes, como gestores, queremos “corrigir” o comportamento de nossos subordinados e acreditamos que a mudança será linear na direção desejada. Por exemplo, se quisermos que o time se torne mais protagonista, fazemos de tudo para controlar a mudança, forçando as pessoas a este comportamento desejado, para no fim reconhecer que pouco avançou. Talvez um movimento alternativo seja de começar a confiar no time, mesmo antes que ele demonstre ser merecedor e abrir mão do controle em atividades de baixo risco, mesmo que o primeiro resultado seja uma total ausência de pro-atividade. Com uma nova forma de interagir com o time e abrindo um espaço para reflexão e diálogo, lentamente um novo comportamento poderá brotar. As grandes transformações são processos não-lineares e uma forma de liderá-las não é saber todo o “plano de mudança”, mas apenas o primeiro passo que vai gerar uma perturbação no sistema. E depois vamos adaptando as ações ao novo lugar onde nos encontramos, um passo de cada vez. Isto torna a mudança muito mais palatável e engajadora, menos idealizada! Também sabemos que, para que haja qualquer mudança, seja ela pessoal como deixar de fumar, emagrecer ou praticar mais esportes, seja ela organizacional como a implementação de uma nova estrutura, uma mudança de cultura ou uma completa inovação no negócio, precisa haver uma boa dose de energia no sistema. Se não houver um desconforto com a situação atual, uma tensão e, ao mesmo tempo uma intenção de onde se quer chegar, um sonho que serve como atrator do movimento, pouco acontecerá. E esta mudança só pode vir de dentro para fora. Se como líder você gostaria que uma mudança acontecesse mas não percebe tensão no sistema, a primeira coisa a fazer é aumentar esta tensão emocional. Este é um dos propósitos de um bom “business case” que conecta com as pessoas de forma lógica e emocional ao mesmo tempo. Histórias são igualmente um ótimo instrumento para isto. Outras vezes, um limite, um “não” também tem este poder de mobilização. Podemos resumir as ideias acima por uma fórmula clássica de mudança representada por: Sonho x Desconforto x Primeiros passos > Custo da mudança. Toda mudança tem um custo de energia, de atenção, de tempo e de dinheiro. Sem este custo, fica-se no status quo, com uma velocidade inercial ou de cruzeiro e nada muda. Para que algo realmente aconteça, o seu sonho, o desconforto no sistema e os primeiros passos têm que estar claros e suplantar o custo – está ai o segredo de um bom começo. Bom movimento!