A leveza das férias no trabalho
O fascínio que viajar exerce sobre a maioria das pessoas sempre me intrigou. O próximo roteiro, os lugares, as comidas e as pessoas são imaginados com tanta força… Me surpreende também o quanto somos diferentes quando estamos em férias. Todos que conheço se transformam em algum nível. Uns completamente, outros nem tanto. Mas, todos mudamos. E essa mudança geralmente está relacionada com a simplificação e a leveza. A começar pela […] Leia mais
Publicado em 12 de julho de 2016 às, 13h53.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 07h35.
O fascínio que viajar exerce sobre a maioria das pessoas sempre me intrigou. O próximo roteiro, os lugares, as comidas e as pessoas são imaginados com tanta força…
Me surpreende também o quanto somos diferentes quando estamos em férias. Todos que conheço se transformam em algum nível. Uns completamente, outros nem tanto. Mas, todos mudamos. E essa mudança geralmente está relacionada com a simplificação e a leveza. A começar pela mala.
Não podemos levar todos os sapatos (bem que eu gostaria de fazer isso!), casacos e acessórios que temos no armário. Devemos escolher e neste processo nos deparamos com a questão de o que é realmente necessário para a nossa viagem. Com mais ou menos angústia, decidimos. Esta angústia geralmente está mais presente no momento em que estamos fazendo a mala do que quando estamos, de fato, vivendo nossa aventura – (pegou a metáfora?).
Percebemos com maior ou menor consciência que muitas coisas que anteriormente tínhamos definido como necessárias, não passam de distrações. A mala é finita e o que fica fora dela não determina minha experiência de férias. E digo mais. Nem mesmo o que vai dentro dela define isso.
A cada viagem aprendemos que fazer a mala é uma arte. E, segundo definição de Picasso, “a arte é a eliminação do que é desnecessário”, ou seja, o simples é o essencial. Reconhecendo isso, vamos aos poucos aprendendo a viajar mais leves. Isto não significa deixar para trás aquilo que realmente ainda nos seja necessário. Não se trata de uma leveza obrigatória, mas das escolhas possíveis para cada um. E cada um é diferente.
Para Gandhi, “enquanto uma pessoa encontrar ajuda interior e conforto em algum coisa, deve conservá-la. Se desistir dela com um severo sentimento de dever, continuará a deseja-la e esse desejo poderá causar-lhe perturbação. Só renuncie a algo quando quiser uma outra situação com tanta intensidade que esse algo não exerça mais atração sobre você”.
Ou seja, toda transformação, até mesmo para a leveza, deve ser leve. Então, aí vai meu convite para você voluntariamente desafiar o cotidiano da vida e as premissas de necessidade que nos infligimos! Cada vez mais pessoas estão experimentando viagens diferentes, como as que envolvem caminhadas e passeios de bicicleta… São maneiras de experimentar e treinar um estilo de vida que valoriza o simples e o leve.
Nas férias, a gente se permite simplificar a vida. Como seria experimentar esta simplicidade nos outros meses do ano? Nos meses que não estamos de férias? Como seria trazer esta leveza para a vida do dia a dia e até mesmo do trabalho? Será que vale mesmo a pena levar aquela discussão? Existem realmente as necessidades que identifico ou posso deixar algumas coisas de fora? E se cada projeto ou reunião fosse uma viagem? O que realmente vale colocar na mala?
Fica então o convite de explorar esta aventura da vida através de outras perguntas que nos desafiem e nos ajudem a desapegar das expectativas de futuro, nos trazendo para a experiência do presente, do aqui e agora, como naquele momento infinito de uma simples xícara de café e um pôr do sol durante aquela viagem dos sonhos.