O que esperar do mercado imobiliário para o pós-pandemia
O ciclo imobiliário está em ascensão e a superação da pandemia vai injetar ânimo na economia, mas existem pontos de atenção e o aumento da inflação preocupa
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2022 às 14h45.
Última atualização em 13 de março de 2022 às 15h03.
Por Coriolano Lacerda*
A DataZAP+, braço de inteligência de dados do ZAP+, realizou desde o início da pandemia do Coronavírus uma série de pesquisas com o intuito de capturar os impactos na percepção dos consumidores, das empresas e dos profissionais do mercado imobiliário.
Onda após onda as empresas e os profissionais do mercado indicavam que a pandemia diminuía o impacto em seus negócios. Na primeira onda, em abril de 2020, o indicador de impacto foi de 9,3; já na onda mais recente, em dezembro de 2021, esse mesmo indicador foi de 5,2. O indicador varia de 0 a 10, em que 0 não afeta nada e 10 afeta completamente.
Mesmo com os aumentos consecutivos da taxa Selic pressionando o mercado imobiliário, o sentimento de certa normalidade contribuiu com o crescimento do setor em 2021, devido ao avanço da vacinação, à redução de 96% no número de novos casos de Covid entre janeiro e dezembro de 2021 e à drástica queda no número de mortes, fatores esses que colaboraram com a reabertura dos estandes de vendas e a volta das visitas presenciais.
O estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 4º trimestre de 2021, realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), indica o maior crescimento nos últimos dez anos. O número de vendas de novos imóveis cresceu 12,8% em 2021 em comparação com o ano de 2020, os lançamentos registraram aumento de 25,9%, e a oferta final fechou o período com 3,8% de crescimento.
Influenciado pelos resultados de 2021, o ano de 2022 iniciou-se com otimismo, mas também com atenção aos desafios, pois além da perspectiva de continuidade nas altas da taxa Selic e a inflação superando as perspectivas, no segundo semestre haverá eleição presidencial e a Copa do Mundo de futebol, que acontecerá pela primeira vez ao final do ano. Os eventos pressionarão o calendário de lançamentos do mercado imobiliário, tradicionalmente mais concentrados no último trimestre.
Além desses fatores que já tornariam este um ano desafiador para incorporadoras, imobiliárias e profissionais do mercado imobiliário, logo no início do ano tivemos um aumento drástico no número de novos casos gerados por uma nova variante (Ômicron), que superou os maiores números desde o início da pandemia.
Se em 2021 a redução de novos casos teve certa correlação com o crescimento do mercado, em 2022 o aumento do número de casos não gerou fortes impactos no mercado. O índice Abrainc-Fipe apontou em janeiro um crescimento de 22,7% no lançamento de imóveis e de 5,1% na comercialização.
Esse baixo impacto da nova variante está ligado a evolução do esquema vacinal na população, menor agressividade aos contaminados e um pico de contágio relativamente curto. Tivemos um aumento no número de novos casos basicamente em janeiro e, desde o início de fevereiro, existe uma redução diária no número de novos contaminados. Os números publicados no início de março são similares ao do início de janeiro, quando a nova onda de contágio se iniciava.
Ao longo do ano é esperado que controlemos a pandemia e que nós caminhemos para a reta final, acompanhando o movimento de outras regiões do mundo que já retiraram medidas contra o coronavírus e que possuem quadro vacinal inferior ao do Brasil, mas o que esperar para o pós-pandemia?
A pesquisa sobre os impactos da pandemia realizado pela DataZAP+ com incorporadoras, imobiliárias e profissionais do setor mostra que 56% dos entrevistados têm boa ou ótima expectativa para o ano, algo reforçado por um aumento na projeção de lançamentos para o ano e uma evolução nos estágios de obra. Os principais riscos apontados são a instabilidade no cenário político-econômico e redução da demanda devido à perda de renda da população e à diminuição da capacidade de financiamento por causa do aumento nas taxas de juros.
Existe otimismo para este ano, mas é preciso ter moderação. O atual ciclo imobiliário está em ascensão e a superação da pandemia vai injetar novo ânimo na economia, mas existem relevantes pontos de atenção e o aumento da inflação preocupa, além do conflito geopolítico entre Ucrânia e Rússia, que deve impactar a economia mundial.
O ano de 2023, pós-eleições, trará uma oportunidade para discutirmos como retomar a agenda de crescimento e desenvolvimento do país no pós-pandemia.
*Coriolano Lacerda é gerente de Inteligência de Mercado do DataZAP+.
Por Coriolano Lacerda*
A DataZAP+, braço de inteligência de dados do ZAP+, realizou desde o início da pandemia do Coronavírus uma série de pesquisas com o intuito de capturar os impactos na percepção dos consumidores, das empresas e dos profissionais do mercado imobiliário.
Onda após onda as empresas e os profissionais do mercado indicavam que a pandemia diminuía o impacto em seus negócios. Na primeira onda, em abril de 2020, o indicador de impacto foi de 9,3; já na onda mais recente, em dezembro de 2021, esse mesmo indicador foi de 5,2. O indicador varia de 0 a 10, em que 0 não afeta nada e 10 afeta completamente.
Mesmo com os aumentos consecutivos da taxa Selic pressionando o mercado imobiliário, o sentimento de certa normalidade contribuiu com o crescimento do setor em 2021, devido ao avanço da vacinação, à redução de 96% no número de novos casos de Covid entre janeiro e dezembro de 2021 e à drástica queda no número de mortes, fatores esses que colaboraram com a reabertura dos estandes de vendas e a volta das visitas presenciais.
O estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 4º trimestre de 2021, realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), indica o maior crescimento nos últimos dez anos. O número de vendas de novos imóveis cresceu 12,8% em 2021 em comparação com o ano de 2020, os lançamentos registraram aumento de 25,9%, e a oferta final fechou o período com 3,8% de crescimento.
Influenciado pelos resultados de 2021, o ano de 2022 iniciou-se com otimismo, mas também com atenção aos desafios, pois além da perspectiva de continuidade nas altas da taxa Selic e a inflação superando as perspectivas, no segundo semestre haverá eleição presidencial e a Copa do Mundo de futebol, que acontecerá pela primeira vez ao final do ano. Os eventos pressionarão o calendário de lançamentos do mercado imobiliário, tradicionalmente mais concentrados no último trimestre.
Além desses fatores que já tornariam este um ano desafiador para incorporadoras, imobiliárias e profissionais do mercado imobiliário, logo no início do ano tivemos um aumento drástico no número de novos casos gerados por uma nova variante (Ômicron), que superou os maiores números desde o início da pandemia.
Se em 2021 a redução de novos casos teve certa correlação com o crescimento do mercado, em 2022 o aumento do número de casos não gerou fortes impactos no mercado. O índice Abrainc-Fipe apontou em janeiro um crescimento de 22,7% no lançamento de imóveis e de 5,1% na comercialização.
Esse baixo impacto da nova variante está ligado a evolução do esquema vacinal na população, menor agressividade aos contaminados e um pico de contágio relativamente curto. Tivemos um aumento no número de novos casos basicamente em janeiro e, desde o início de fevereiro, existe uma redução diária no número de novos contaminados. Os números publicados no início de março são similares ao do início de janeiro, quando a nova onda de contágio se iniciava.
Ao longo do ano é esperado que controlemos a pandemia e que nós caminhemos para a reta final, acompanhando o movimento de outras regiões do mundo que já retiraram medidas contra o coronavírus e que possuem quadro vacinal inferior ao do Brasil, mas o que esperar para o pós-pandemia?
A pesquisa sobre os impactos da pandemia realizado pela DataZAP+ com incorporadoras, imobiliárias e profissionais do setor mostra que 56% dos entrevistados têm boa ou ótima expectativa para o ano, algo reforçado por um aumento na projeção de lançamentos para o ano e uma evolução nos estágios de obra. Os principais riscos apontados são a instabilidade no cenário político-econômico e redução da demanda devido à perda de renda da população e à diminuição da capacidade de financiamento por causa do aumento nas taxas de juros.
Existe otimismo para este ano, mas é preciso ter moderação. O atual ciclo imobiliário está em ascensão e a superação da pandemia vai injetar novo ânimo na economia, mas existem relevantes pontos de atenção e o aumento da inflação preocupa, além do conflito geopolítico entre Ucrânia e Rússia, que deve impactar a economia mundial.
O ano de 2023, pós-eleições, trará uma oportunidade para discutirmos como retomar a agenda de crescimento e desenvolvimento do país no pós-pandemia.
*Coriolano Lacerda é gerente de Inteligência de Mercado do DataZAP+.