Mapeamento aponta onde estão as mulheres no ecossistema da construção civil
Levantamento realizado pela startup Hoff Analytics identifica onde estão as mulheres e quais áreas se destacam pela força de trabalho feminina
Publicado em 26 de outubro de 2022 às, 07h40.
*Elisa Rosenthal
O setor da construção civil representa 7% do PIB brasileiro e, além de ser um termômetro do crescimento econômico e geração de emprego, também é importante responsável pelo impacto ambiental e social. Neste contexto, a pauta do ESG (governança Socioambiental) ganha espaço, cada vez mais, e reforça a importância da temática da equidade de gênero neste ecossistema.
A Hoff é uma empresa de Big Data Analytics que minera e qualifica dados do setor da construção no Brasil e, junto com o Instituto Mulheres do Imobiliário, o primeiro grupo feminino do setor imobiliário preocupado com a equidade de gênero em toda a cadeia produtiva, buscaram entender onde as mulheres se destacam e comprovam: empresas com maior presença feminina são mais lucrativas.
Dentre as 8.030 empresas prestadoras de serviço de arquitetura com faturamento superior a R$ 5 milhões, 60% possuem mulheres na liderança, ratificando o levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que aponta que empresas com mulheres em postos de liderança têm 20% melhor desempenho nos negócios.
Das 83.666 empresas voltadas à construção de edifícios com faturamento também superior a R $5 milhões, 46% possuem a presença feminina no comando. No ramo de obras e terraplenagem, 39% (total de 5.176) e quando somamos empresas que atuam com outros serviços de engenharia (18.451) o total sobe para 56%.
Tipo de Serviço | F +5 milhões (H) | F +5 milhões (M) | Faturam + 5 milhões | % F Mulher |
Serviços de Arquitetura | 3211 | 4819 | 8030 | 60% |
Construção de Edifícios | 44823 | 38843 | 83666 | 46% |
Obras Terraplanagem | 3164 | 2012 | 5176 | 39% |
Outros Serviços de Engenharia | 8033 | 10418 | 18451 | 56% |
Este mapeamento acontece no mesmo momento que o Instituto Mulheres do Imobiliário em parceria com a Concreto Rosa, liderada pela sua CEO Geisa Garibaldi (Rio de Janeiro) e conselheira do Instituto, concluíram a primeira oficina de capacitação de mão de obra com enfoque na inserção de mais mulheres na construção civil.
O levantamento foi conduzido por Janaine Nascimento, CEO da Hoff Analytics e Elisa Rosenthal, diretora presidente do IMI, que analisa esta ação como um importante reforço ao setor para a capacitação de mais mulheres em toda a cadeia produtiva do imobiliário.
Sobre os dados apurados, com a associação de inteligência artificial e análise avançada, a Hoff, que por meio de sua plataforma busca por construtoras com obras, mapeamento de concorrência, estudo de mercado e previsão de consumo, ressaltou quais são as áreas onde as mulheres vêm se destacando.
"É muito importante realizar esse mapeamento e destacar a importância das mulheres no ecossistema da construção civil, pois, como CEO de construtec, por muitas vezes sou a única mulher participando de reuniões e encontros voltados para o mercado da construção civil" reforça Janaine.
Se no volume total da mão de obra ainda estamos sub representadas (pouco mais de 10%), na atuação como vidraceira já consolidamos mais de 32% de representatividade, seguidas por serralheria (22%), chaveira (20%), jardineira (18%) e paisagismo (18%).
Tipo de Profissional Autônomo | Total | Homem | Mulher | % de Mulher |
Vidraceiro | 13674 | 9281 | 4393 | 32% |
Serralheiro | 17752 | 13887 | 3865 | 22% |
Chaveiro | 14933 | 12015 | 2918 | 20% |
Jardineiro | 37352 | 30477 | 6875 | 18% |
Paisagista | 60390 | 49519 | 10871 | 18% |
O mapeamento que apurou dados em todas as regiões brasileiras, assume ainda mais importância quando mensuramos os indicadores de qualidade, especialmente na fase de acabamentos e entrega de unidades, por exemplo.
Cecília Cavazani, CEO da Cavazani, membro do conselho consultivo do IMI e do Think Tank Amazonita Clube descreve que a sua área de manutenção é hoje conduzida exclusivamente por mulheres "detalhistas e com linguagem de comunicação não violenta".
Além do perfil de mão de obra feminina diminuir o percentual de retrabalho, os indicadores de satisfação reproduzem, na prática, os ganhos com um canteiro com mais equidade:
"Medimos a satisfação do cliente por um questionário simples, nosso índice de aprovação é de 56% de clientes satisfeitos, 39% de muito satisfeitos e 5% insatisfeitos (geralmente os que têm a manutenção negada ou o vício foi causado por mau uso). Acredito que a cultura de excelência no atendimento atinge nossos colaboradores independente do gênero, mas acredito também que para nossas clientes abrir a porta para uma outra mulher é mais confortável".
Associar a leitura e análise de dados do setor com o entendimento do impacto em qualidade, lucratividade e responsabilidade social é o intuito destas ações, que de forma coordenada evidenciam que este é um momento de oportunidades para quem quer investir na construção de um setor mais inclusivo e plural.