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Um compromisso para os próximos 100 anos

É momento de reinventarmos a globalização para que o comércio internacional volte ser capaz de assegurar paz, prosperidade e oportunidades

EUA E CHINA: guerra comercial entre gigantes levantam dúvidas sobre o modelo de cooperação econômica que teremos no futuro / Artyom Ivanov/Getty Images
EUA E CHINA: guerra comercial entre gigantes levantam dúvidas sobre o modelo de cooperação econômica que teremos no futuro / Artyom Ivanov/Getty Images
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Gabriel Petrus

Publicado em 31 de maio de 2019 às, 16h45.

Última atualização em 3 de junho de 2019 às, 14h12.

Não há dúvidas de que o comércio internacional vive hoje um dos mais desafiadores momentos da história. Se de um lado o mundo se integra cada vez mais rápido graças a tecnologia, de outro os embates entre Estados Unidos e China, as incertezas sobre a saída do Reino Unido da União Europeia e constantes manifestações protecionistas levantam dúvidas sobre o modelo de cooperação que teremos no futuro. O momento é de reflexão.

Em meio a tantos dilemas, a International Chamber of Commerce (ICC), maior organização empresarial do mundo e uma das mais antigas entidades de promoção do comércio global, celebrou na semana passada seus 100 anos. Durante evento em Paris, o Secretário-Geral da ICC, John Denton, assinou uma declaração dos esforços da organização para o próximo século. São 20 pontos que traduzem onde empresas, governos e a sociedade devem concentrar seus esforços.

Deixo aqui o link para a íntegra da carta, mas gostaria de destacar quatro pontos:

  1. A primeira reflexão é sobre a importância da iniciativa privada nessa jornada. Não há dúvida de que hoje as empresas estão mais bem preparadas para responder aos desafios que se impõem e, assim, ajudar a sociedade e os governos na busca por respostas. Desafios complexos exigem um olhar coletivo e colaborativo. O dia a dia do comércio internacional acontece dentro das empresas.
  2. É preciso preservar e modernizar o atual sistema global de comércio. Todos concordam sobre isso. Evoluir é preciso, mas para isso não devemos destruir o legado que nos trouxe até aqui. Promover o livre comércio – de produtos, serviços e dados – trará prosperidade para países desenvolvidos e em desenvolvimento. As novas tecnologias são uma importante ferramenta de redução de barreiras comerciais e de inclusão de micro e pequenas empresas. O comércio internacional não é palco apenas para grandes corporações.
  3. Que a economia digital chegou para ficar, ninguém tem dúvida. O que precisamos agora é maximizar os benefícios dessa transformação. Modelos de negócio foram chacoalhados e empresas e governos precisarão discutir novos formatos de governança e regulação. São muitas as contribuições da tecnologia para esse novo momento e é fundamental utilizá-la, com responsabilidade, ao máximo para construir negócios e sociedades mais prósperas e justas.
  4. A questão climática não é secundária na agenda do setor privado. Pelo contrário, o aquecimento global é uma das prioridades maiores da ICC a serem endereçadas no próximo século. O tema, tão urgente e complexo, será pautado junto aos governos pela adoção de políticas públicas adequadas ao nosso tempo.

A criação da ICC foi um gesto de coragem em uma época tão desafiadora como a atual. Foi um posicionamento claro de intenção sobre o papel positivo que as empresas podem desempenhar no mundo.

Quando olhamos para os próximos cem anos da organização, é fundamental reunirmos este mesmo espírito mais uma vez. Pioneirismo, generosidade, ambição e inovação serão peças-chave na reinvenção da agora centenária Organização Mundial das Empresas.

A ICC seguirá trabalhando para garantir a paz, prosperidade e oportunidades para todos, de acordo com nossa missão: “make business work for everyone, every day, everywhere” (“Fazer os negócios funcionarem para todos, todo dia e em todo lugar” em português).