O quão ricos são os bilionários de tech no Brasil?
O fato de Davi Velez (fundador do Nubank), André Street e Eduardo de Pontes (criadores da Stone) estarem presentes no ranking é uma excelente notícia
Karina Souza
Publicado em 13 de abril de 2021 às 14h16.
A divulgação da última lista de bilionários brasileiros mostrou que o País ganhou este ano 11 novos integrantes neste grupo de pessoas com patrimônio superior a 10 dígitos.
A maioria dos novatos é membro de famílias que já figuram na lista há algum tempo - como filhos e sobrinhos de Luisa Helena Trajano, da Magazine Luiza - ou então empresários que entraram para o seleto grupo após movimentos recentes de abertura de capital (IPO) de suas empresas na Bolsa de Valores - como Ilson Mateus e Maria Pinheiro, fundadores do Grupo Mateus.
Mas três nomes chamam a atenção.O fato de Davi Velez (fundador do Nubank), André Street e Eduardo de Pontes (criadores da Stone) estarem presentes no ranking é uma excelente notícia para o ecossistema de inovação no Brasil.
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Os três se juntam a Luis Frias (presidente do Conselho de Administração da PagSeguro) e Eduardo Saverin (um dos fundadores do Facebook) no grupo de brasileiros que se tornaram bilionários graças a empresas de tecnologia.
Apesar de 2021 colocar o dobro de executivos de tecnologia na lista dos bilionários, ainda estamos longe da distribuição global da lista, dominada por magnatas do Vale do Silício e do mundo das startups. Uma análise na listagem completa da Forbes mostra que existem 13,1 trilhões de dólares nas mãos dos 2.755 bilionários em todo o mundo. Desse total, 19% pertencem aos magnatas de tech.
No Brasil, os 5 bilionários que fizeram suas fortunas no mercado de tecnologia somam 13,5% dos quase 217 bilhões de dólares geridos pelos mais ricos do País. E quase metade deste total pertence a Eduardo Saverin, justamente o membro da lista que fez fortuna fora do mercado brasileiro, ao fazer parte do grupo de fundadores do Facebook. Por aqui, são os empresários do setor de alimentação que dominam a lista, graças a Jorge Paulo Lemann e seus sócios.
Paper billionaires
Há uma ressalva a se fazer, no entanto. O fato de termos mais 11 bilionários na lista não necessariamente significa que estes executivos têm a quantia de 1 bilhão de reais na conta bancária. O patrimônio é contabilizado de uma maneira um pouco diferente.
Eles são parte de um fenômeno chamado de paper billionaires - ou bilionários de papel, em bom português. Vamos explicar usando André Street como exemplo. O executivo tem um número X de ações da Stone, negociadas na Bolsa de NY. Como as ações se valorizaram, o patrimônio de Street acompanhou a subida: o mesmo número de ações da companhia é representado por uma quantia maior de dinheiro.
Entretanto, é muito raro que um executivo liquide ou venda a sua participação acionária, seja por cláusulas de contrato ou simplesmente por acreditar que vale a pena manter os papeis porque a companhia irá se valorizar no futuro (e trabalhar para que ela se valorize).
O caso de Davi Velez, do Nubank, também é emblemático. Ele tem uma porcentagem de equity na companhia que fundou, que recentemente levantou uma rodada de investimento de USD 400 milhões a um valuation de USD 25 bilhões. Mas como a companhia ainda é privada e as ações não são listadas, ele não tem liquidez dos ativos - ao menos não com a mesma facilidade e agilidade de uma negociação no home broker.
Em resumo: o surgimento destes brasileiros na lista de bilionários é reflexo direto do fato de que suas empresas passaram a valer mais - e não (apenas) de que suas contas bancárias estão mais gordas
O que isso quer dizer para o mercado?
Sendo bilionários no papel ou no extrato bancário, a inclusão de mais brasileiros oriundos do mercado de tecnologia na lista reforça que estamos de fato vivendo uma transformação digital - e conseguimos observar o impacto dela também no topo do topo da pirâmide.
Ainda estamos distantes de uma conjuntura similar à americana, mas com o aquecimento brasileiro em termos de IPO’s tech (nos últimos meses nomes como Méliuz, Enjoei e Mobly entraram para a Bolsa brasileira e a própria Stone, de Street e Pontes, viu seu valor de mercado decolar depois de abrir o capital na Nasdaq), fusões e aquisições (a recente compra da RD pela Totvs é um caso bastante simbólico disso), e investimento de venture capital (em 2020 as startups brasileiras receberam investimentos que somaram quase US$ 10 bilhões, segundo dados da CB Insights), todos os fatores apontam para uma maior relevância de tecnologia e inovação na economia - e não apenas de uma lista de poucos bilionários, mas também de muitos outros envolvidos na cadeia.
A divulgação da última lista de bilionários brasileiros mostrou que o País ganhou este ano 11 novos integrantes neste grupo de pessoas com patrimônio superior a 10 dígitos.
A maioria dos novatos é membro de famílias que já figuram na lista há algum tempo - como filhos e sobrinhos de Luisa Helena Trajano, da Magazine Luiza - ou então empresários que entraram para o seleto grupo após movimentos recentes de abertura de capital (IPO) de suas empresas na Bolsa de Valores - como Ilson Mateus e Maria Pinheiro, fundadores do Grupo Mateus.
Mas três nomes chamam a atenção.O fato de Davi Velez (fundador do Nubank), André Street e Eduardo de Pontes (criadores da Stone) estarem presentes no ranking é uma excelente notícia para o ecossistema de inovação no Brasil.
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Os três se juntam a Luis Frias (presidente do Conselho de Administração da PagSeguro) e Eduardo Saverin (um dos fundadores do Facebook) no grupo de brasileiros que se tornaram bilionários graças a empresas de tecnologia.
Apesar de 2021 colocar o dobro de executivos de tecnologia na lista dos bilionários, ainda estamos longe da distribuição global da lista, dominada por magnatas do Vale do Silício e do mundo das startups. Uma análise na listagem completa da Forbes mostra que existem 13,1 trilhões de dólares nas mãos dos 2.755 bilionários em todo o mundo. Desse total, 19% pertencem aos magnatas de tech.
No Brasil, os 5 bilionários que fizeram suas fortunas no mercado de tecnologia somam 13,5% dos quase 217 bilhões de dólares geridos pelos mais ricos do País. E quase metade deste total pertence a Eduardo Saverin, justamente o membro da lista que fez fortuna fora do mercado brasileiro, ao fazer parte do grupo de fundadores do Facebook. Por aqui, são os empresários do setor de alimentação que dominam a lista, graças a Jorge Paulo Lemann e seus sócios.
Paper billionaires
Há uma ressalva a se fazer, no entanto. O fato de termos mais 11 bilionários na lista não necessariamente significa que estes executivos têm a quantia de 1 bilhão de reais na conta bancária. O patrimônio é contabilizado de uma maneira um pouco diferente.
Eles são parte de um fenômeno chamado de paper billionaires - ou bilionários de papel, em bom português. Vamos explicar usando André Street como exemplo. O executivo tem um número X de ações da Stone, negociadas na Bolsa de NY. Como as ações se valorizaram, o patrimônio de Street acompanhou a subida: o mesmo número de ações da companhia é representado por uma quantia maior de dinheiro.
Entretanto, é muito raro que um executivo liquide ou venda a sua participação acionária, seja por cláusulas de contrato ou simplesmente por acreditar que vale a pena manter os papeis porque a companhia irá se valorizar no futuro (e trabalhar para que ela se valorize).
O caso de Davi Velez, do Nubank, também é emblemático. Ele tem uma porcentagem de equity na companhia que fundou, que recentemente levantou uma rodada de investimento de USD 400 milhões a um valuation de USD 25 bilhões. Mas como a companhia ainda é privada e as ações não são listadas, ele não tem liquidez dos ativos - ao menos não com a mesma facilidade e agilidade de uma negociação no home broker.
Em resumo: o surgimento destes brasileiros na lista de bilionários é reflexo direto do fato de que suas empresas passaram a valer mais - e não (apenas) de que suas contas bancárias estão mais gordas
O que isso quer dizer para o mercado?
Sendo bilionários no papel ou no extrato bancário, a inclusão de mais brasileiros oriundos do mercado de tecnologia na lista reforça que estamos de fato vivendo uma transformação digital - e conseguimos observar o impacto dela também no topo do topo da pirâmide.
Ainda estamos distantes de uma conjuntura similar à americana, mas com o aquecimento brasileiro em termos de IPO’s tech (nos últimos meses nomes como Méliuz, Enjoei e Mobly entraram para a Bolsa brasileira e a própria Stone, de Street e Pontes, viu seu valor de mercado decolar depois de abrir o capital na Nasdaq), fusões e aquisições (a recente compra da RD pela Totvs é um caso bastante simbólico disso), e investimento de venture capital (em 2020 as startups brasileiras receberam investimentos que somaram quase US$ 10 bilhões, segundo dados da CB Insights), todos os fatores apontam para uma maior relevância de tecnologia e inovação na economia - e não apenas de uma lista de poucos bilionários, mas também de muitos outros envolvidos na cadeia.