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Teremos uma economia dolarizada?

MUDANÇAS  PREVISTAS PELO BANCO CENTRAL DEVEM FAVORECER QUEM LIDA COM DÓLAR

BANCO CENTRAL: Durante evento de celebração dos 100 primeiros dias do governo, Bolsonaro assinou um projeto que prevê a autonomia do Banco Central / REUTERS/Ueslei Marcelino (Ueslei Marcelino/Reuters)
BANCO CENTRAL: Durante evento de celebração dos 100 primeiros dias do governo, Bolsonaro assinou um projeto que prevê a autonomia do Banco Central / REUTERS/Ueslei Marcelino (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Etiqueta Financeira

Publicado em 4 de junho de 2019 às, 11h36.

O Banco Central anunciou, recentemente, a intenção de mudar a legislação brasileira que trata da compra, venda e posse de moedas internacionais no Brasil. Serão propostas ao Congresso várias mudanças nas leis, decretos, resoluções e circulares que regem as operações cambiais.

Entre os objetivos do Banco Central está a de facilitar a troca de reais por dólares, euros e outras moedas. Assim como ocorre em outros países, será permitida até mesmo, a abertura de contas em dinheiro estrangeiro no País. Aqui vem a pergunta, você, seus parentes, vizinhos, amigos , comerciantes, pequenos e grandes empresários, enfim todos que puderem escolher,  prefeririam ter uma conta em reais ou em dólares?

Embora a simplificação dessas operações beneficie, em primeiro plano. os investidores e operadores do comércio internacional, a conversibilidade também vai possibilitar que pessoas físicas tenham contas em dólares no Brasil, ou em reais no exterior, desde que o país de destino também permita isso. Um exemplo prático da proposta é de quem tem filho estudando no exterior e que, pela legislação atual, ao enviar US$ 1 mil, paga +/- US$ 100 por remessa, ficaria liberado deste ônus. 

Na prática, a conversibilidade do câmbio significa a possibilidade de qualquer agente, que more no Brasil ou não, realizar trocas de moedas em transações comerciais de maneira direta, sem processos de registros e compensações por intermediários bancários. Esta uma ótima notícia para o cidadão comum e péssima para o governo que deixa de arrecadar. Em várias oportunidades eu disse nesta coluna que os interesses do Estado, independente do governo ou governante, estão muito distantes do que é financeiramente melhor para o cidadão.

Mas o processo de mudanças não terá efeitos imediatos. Após a aprovação do Congresso, apenas as empresas que dependem de exportações e importações deverão ser beneficiadas. Num segundo momento, pessoas físicas também teriam permissão para abrir contas em moeda americana. No sentido inverso, o Banco Central também quer permitir contas em reais no exterior, na medida em que outros países demonstrem interesse.

As regras vigentes no País, que regulam o câmbio, estão defasadas. Foram estabelecidas entre 1920 e 1950  e isso dificulta muito à quem depende de exportações e importações.

Mauro Calil é fundador da Academia do Dinheiro