Musical Annie nos ensina porque americanos superam crises
Annie, o musical, estreou pela primeira vez em São Paulo com uma super produção.
Publicado em 31 de agosto de 2018 às, 15h26.
Última atualização em 31 de agosto de 2018 às, 17h41.
Baseado na história em quadrinhos de Little Orphan Annie ("Annie, a Pequena Órfã") Harold Gray, a superprodução traz Ingrid Guimarães, Miguel Falabella, Sara Sarres, Cleto Baccic e grande elenco para a temporada de São Paulo.
A peça se passa na década de 1930 em plena crise, e durante o governo de Franklin Delano Roosevelt. Aliás, algumas de suas frases famosas são reproduzidas.
Antes de inserir o conteúdo do musical no contexto deste blog, tenho que dizer que a peça vale muito a pena. Produção de primeiro mundo, competência artística irretocável de todo o elenco, direção e, obviamente, áreas de apoio como figurino, iluminação, som, etc, etc . . . Por isso vá assistir.
E se for, de quebra terá uma aula sobre mente milionária que nós, educadores financeiros, tanto falamos.
Não sei se você já percebeu mas no Brasil é muito comum termos aquelas tais crenças limitadoras. Essas crenças são muito alimentadas por nossa cultura de repúdio à riqueza. "Milionários são frios, tem o coração duro. Se é rico é por que explora pessoas, etc. etc."
Miguel Falabella e Ingrid Guimarães, na peça Annie, personagem interpretada por três atrizes-mirinsO musical Annie mostra, em mais de uma oportunidade, uma cultura pela riqueza que, sem pudor algum eu digo, deveríamos absorver.
A megera da história, Sra. Hannigan, interpretada por Ingrid Guimarães é hilária e desleixada. Quer se dar bem sem trabalhar e explorando o trabalho infantil e dando golpes. Esta descrição em muito se assemelha à imagem de capitalista que foi formada em nossas cabeças brasileiras, não?
Mas, na verdade a megera é pobre. O milionário Oliver Warbucks, papel de Miguel Falabella, logo que entra em cena dispara frases de gente rica: "Eu faço muito dinheiro", "Se eu não trabalhar para fazer dinheiro, ninguém fará por mim". Além disso o milionário é um homem comum, o self made man e de bom coração. Que no Brasil, provavelmente seria taxado de explorador de trabalhadores e golpista.
Aqui, faço um adendo para deixar meu elogio àqueles que mantiveram na versão brasileira a expressão FAZER dinheiro como se fala em inglês. Isso realmente muda vidas e, é justamente por isso que o F de Fazer é o primeiro verbo do Método FAST.
Não quero dar spoiler mas peço a atenção dos que forem assistir Annie, para o número musical na qual a protagonista encontra os desabrigados. Em diálogos cantados fica claro que gastavam e consumiam freneticamente quando tinham renda. A crise veio e, ao que parece, não tiveram reservas financeiras para atravessar o inverno.
Com o resultado foi devastador em suas vidas, a atitude que lhes resta é esperar que o governo resolva seus problemas. Atitude bem diferente do milionário Warbucks, já descrita acima.
Mais uma vez recomendo a peça. E agora você também poderá ver as entrelinhas de uma cultura de mente milionária
Mauro Calil é fundador da Academia do Dinheiro