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A maldição de maio

O recado para as urnas já começou

Protesto com boneco inflável de Rodrigo Maia em Copacabana, no Rio de Janeiro. (26/05/2019) (Ricardo Moraes/Reuters)
Protesto com boneco inflável de Rodrigo Maia em Copacabana, no Rio de Janeiro. (26/05/2019) (Ricardo Moraes/Reuters)
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Etiqueta Financeira

Publicado em 28 de maio de 2019 às, 11h55.

O mês de maio tem sido marcante no calendários da economia brasileira nesses últimos anos.  Em 2016, quando houve a última queda do PIB anual, maio foi de grande impacto.

O mercado financeiro criou expectativa de que o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef poderia ajudar a acelerar  a reforma da previdência, mas isto não ocorreu no governo Temer, gerando uma grande frustração.

Em 2017, primeiro ano após a recessão, ainda havia alguma esperança de mudanças, as reformas estavam prestes a serem votadas, mas daí apareceu a gravação de uma conversa do então presidente Michel Temer com o empresário Joesley Batista, que deixou o mercado financeiro em pânico e o clima político polarizado, hostil e totalmente incerto.

A  bolsa de valores sofreu, circuit breaker acionado, dólar disparou, tudo isso no dia seguinte à divulgação do diálogo, um fato histórico.

Em 2018, outra vez, no mês de maio,  veio a greve dos caminhoneiros. Dez dias que jogaram a economia do país na lona, perdemos um ponto percentual do PIB por conta deste curso espaço de tempo sem a normalidade da atividade econômica. Lembre-se que o movimento (ou a falta dele) parou o Brasil de norte a sul, provocou desabastecimento em diversos setores.  

Na próxima quinta-feira, no penúltimo dia de maio, o IBGE  vai apresentar o desempenho do primeiro trimestre do ano, que segundo estimativas, deve ser negativo. O consenso de mercado é de queda de 0,2%.

Como  a economia ficou praticamente estável no quarto trimestre de 2018, com leve alta de 0,1%, há possibilidade de o resultado ser atualizado para baixo e se tornar negativo, caracterizando a volta da recessão técnica.

Os ruídos causados na relação do governo Bolsonaro com os parlamentares têm adiado o avanço das reformas.  E com a pauta praticamente paralisada, os investidores permanecem aguardando o desenrolar dos fatos.

Como em seguida teremos as festas juninas, que esvaziam o congresso, e o recesso parlamentar em julho, é provável que a recessão continue  por mais  um período.

Definitivamente, maio, que está chegando ao seu fim, tem sido um período de assombração para a economia nacional. Será que as ruas terão que se mobilizar mais e mais vezes para que o congresso coloque as pautas para andar? Talvez essa falta de mobilidade parlamentar cause novas mobilizações sociais nas ruas e posteriormente nas urnas.

O povo parece cansado de trabalhar e perder sozinho.

Mauro Cali é fundador da Academia do Dinheiro