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Superliga Europeia é só sobre dinheiro. Mas o que não tem sido?

Tudo o que envolve a nova competição é sobre poder. Mas no Futebol atual, não sejamos inocentes nem severos em excesso, assim já tem sido.

Doze clubes da Europa criam Superliga dissidente. (Nacho Doce/Reuters)
Doze clubes da Europa criam Superliga dissidente. (Nacho Doce/Reuters)
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Vinicius Lordello — Esporte Executivo

Publicado em 20 de abril de 2021 às, 16h21.

Última atualização em 20 de abril de 2021 às, 22h28.

O anúncio da criação de uma Superliga Europeia mexeu com todas as estruturas do Futebol. Claro, também aumentou a já declarada guerra entre grandes clubes e UEFA e FIFA. Essas entidades, agora, juram que estão protegendo o Futebol. Mas não sejamos inocentes: tudo o que envolve a nova competição é sobre poder. Poderio financeiro, poderio no volume de fãs, poderio institucional. E FIFA e UEFA, recentemente, não distribuíram seus esforços de atenção e econômicos de forma igual. Alimentaram o monstro e agora pagam por seus erros.

Além disso, é desapontador ser o portador da informação para quem ainda não percebeu, mas o Futebol é, hoje, estritamente um negócio. Não, claro, para os fãs, os torcedores, aqueles que derramam suor e lágrimas por seus clubes amados. Falamos de quem tem a gestão do Futebol na mão. Florentino Pérez, atual presidente do Real Madrid, é o maior representante da nova Superliga e em entrevista na noite desta segunda-feira, trouxe o componente financeiro como o principal estímulo à existência da nova Liga. Mencionou, como nenhuma outra palavra, “dinheiro” várias vezes.

Não é possível imaginarmos que, nessa disputa, haja um vilão e um mocinho. Nem a Superliga é só vilã, nem UEFA e FIFA os são sozinhas. Todos querem e lutam por poder e dinheiro. O Futebol deixou de ser fim para ser meio. Notem que, aqui, não há um julgamento ou uma crítica, mas uma constatação.

Como um negócio, o que se quer é melhorar o produto. A probabilidade de jogos ruins serem conteúdo se existir uma Superliga apenas com grandes clubes é mínima. E uma competição assim. Claro, atrairia grandes patrocinadores. Então vejamos: grandes clubes, estupendos jogos, marcas mundialmente consumidas, os melhores jogadores, tecnologia e muito investimento. A Superliga tem tudo para triunfar, certo? Quase.

Porque o Esporte depende de competitividade. Ganhar e perder é essência. E esses clubes, embora imensos, não são maiores que o Futebol. O Esporte também vive de toda sua complexa teia. Histórias como a do Leicester campeão inglês ainda afetam, fundamentalmente, o interesse de quem acompanha. E para aqueles que argumentam com as Ligas norte-americanas, lembremos, é diferente. Ali, as franquias são parte de um todo e compõe o mesmo ecossistema. Na Superliga Europeia, seria um remendo entre países.

Era hora dos clubes se mostrarem fortes e, unidos, exigirem melhor e maior estrutura em seus campeonatos locais, além de mais dinheiro e autonomia na Champions. Esses clubes estão apostando alto que são maiores que o Futebol. Vão perder. Porque O Futebol pode viver sem 20 clubes, por maiores que sejam. Os tais 20 clubes não viverão, no longo prazo, sem tudo o que envolve o Futebol além de uma competição.