Neymar acertou em sua defesa pública. Mas errou ao acertar.
Demonstrar que quer esclarecer tudo era imperativo, mas expor em seu perfil público conversas e fotos indevidas foi além do necessário
Vinicius Lordello
Publicado em 2 de junho de 2019 às 11h16.
Última atualização em 2 de junho de 2019 às 15h31.
Neymar é acusado por uma mulher de estupro. Não cabe aqui absolutamente nenhum tipo de julgamento prévio. Nem de Neymar, tampouco de quem se apresenta como vítima, embora venha aprendendo com a vida que é preciso ouvir com muito carinho e sem preconceitos o que as vítimas têm a dizer. Mas esse não é o ponto que abordaremos e que cabe exclusivamente às autoridades competentes investigar.
Falamos aqui sobre a reação de quem cuida da imagem de Neymar e do próprio atleta. Para um indivíduo, famoso ou não, atleta ou não, a acusação de estupro está imediatamente abaixo do assassinato e, juntamente com a tortura, são completamente asquerosas. Neste caso, antes de pensar que é um atleta famoso (dos maiores neste quesito no mundo) Neymar teve o pensamento de que nada seria mais importante do que se antecipar à opinião pública e demonstrar (ou ao menos tentar demonstrar) que não cometeu o absurdo crime. Neymar e sua equipe aqui acertam demais. Não era hora de se pensar prioritariamente como atleta ou figura pública. Era necessário vir à tona e deixar claro que nada tem a temer (se tem ou não, repito, não cabe neste texto, mas à justiça esclarecer).
O indivíduo Neymar é, antes de uma figura pública, um cidadão. A acusação de estupro não alcança apenas o atleta (como suas quedas em campo) ou a figura pública (como o soco em torcedor rival), mas quem precede essas duas categorias. Neymar precisava vir rapidamente à tona para tentar esclarecer os fatos. E o homem Neymar, não o menino, o fez.
Mas, na hora de fazer, poderia sim ter lembrado que é uma figura pública. Expor em redes sociais as trocas de mensagens com uma mulher e, mais do que isso, fotos que deveriam ser mantidas no reservado, foi um erro. Era possível deixar público como resposta o vídeo que Neymar gravou – e que serviu para o que se desejava – e deixar claro que a troca de mensagens com quem o acusa estaria à disposição na íntegra para as autoridades. No limite, se quisesse mesmo tornar pública a conversa, que ela não fosse exposta ali em sua rede, com milhões de jovens como seguidores. Um choque não deve ser combatido puramente com outro choque.
Neymar e equipe acertaram na rapidez para a apresentação de seu posicionamento. Também acertaram em fazê-lo nas redes sociais e com uma fala do próprio Neymar, não apenas por escrito – exímia escolha, a saber se falará com exclusividade para a Globo no Fantástico deste domingo. Mas expor no mesmo canal a conversa com respectivas fotos foi além. Era preciso pensar prioritariamente no indivíduo. Mas ignorar por completo tratar-se de um dos mais famosos atletas do mundo pode ter sido caro demais.
Neymar é acusado por uma mulher de estupro. Não cabe aqui absolutamente nenhum tipo de julgamento prévio. Nem de Neymar, tampouco de quem se apresenta como vítima, embora venha aprendendo com a vida que é preciso ouvir com muito carinho e sem preconceitos o que as vítimas têm a dizer. Mas esse não é o ponto que abordaremos e que cabe exclusivamente às autoridades competentes investigar.
Falamos aqui sobre a reação de quem cuida da imagem de Neymar e do próprio atleta. Para um indivíduo, famoso ou não, atleta ou não, a acusação de estupro está imediatamente abaixo do assassinato e, juntamente com a tortura, são completamente asquerosas. Neste caso, antes de pensar que é um atleta famoso (dos maiores neste quesito no mundo) Neymar teve o pensamento de que nada seria mais importante do que se antecipar à opinião pública e demonstrar (ou ao menos tentar demonstrar) que não cometeu o absurdo crime. Neymar e sua equipe aqui acertam demais. Não era hora de se pensar prioritariamente como atleta ou figura pública. Era necessário vir à tona e deixar claro que nada tem a temer (se tem ou não, repito, não cabe neste texto, mas à justiça esclarecer).
O indivíduo Neymar é, antes de uma figura pública, um cidadão. A acusação de estupro não alcança apenas o atleta (como suas quedas em campo) ou a figura pública (como o soco em torcedor rival), mas quem precede essas duas categorias. Neymar precisava vir rapidamente à tona para tentar esclarecer os fatos. E o homem Neymar, não o menino, o fez.
Mas, na hora de fazer, poderia sim ter lembrado que é uma figura pública. Expor em redes sociais as trocas de mensagens com uma mulher e, mais do que isso, fotos que deveriam ser mantidas no reservado, foi um erro. Era possível deixar público como resposta o vídeo que Neymar gravou – e que serviu para o que se desejava – e deixar claro que a troca de mensagens com quem o acusa estaria à disposição na íntegra para as autoridades. No limite, se quisesse mesmo tornar pública a conversa, que ela não fosse exposta ali em sua rede, com milhões de jovens como seguidores. Um choque não deve ser combatido puramente com outro choque.
Neymar e equipe acertaram na rapidez para a apresentação de seu posicionamento. Também acertaram em fazê-lo nas redes sociais e com uma fala do próprio Neymar, não apenas por escrito – exímia escolha, a saber se falará com exclusividade para a Globo no Fantástico deste domingo. Mas expor no mesmo canal a conversa com respectivas fotos foi além. Era preciso pensar prioritariamente no indivíduo. Mas ignorar por completo tratar-se de um dos mais famosos atletas do mundo pode ter sido caro demais.