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Boca e River dão lições de marketing esportivo

O torcedor de clubes de futebol é, historicamente, leal. Raros são os casos de torcedores que realmente trocam de clubes. Mas o torcedor brasileiro, também historicamente, não investe muito de seu suado dinheiro nos produtos oficiais dos clubes. Primeiro porque financeiramente nem sempre é viável. Segundo, porque há de haver uma motivação especial. Gastar por gastar, comprar por comprar, não funciona. Para o antídoto, os próprios clubes devem pensar na […] Leia mais

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Vinicius Lordello — Esporte Executivo

Publicado em 14 de agosto de 2015 às, 18h27.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 07h57.

O torcedor de clubes de futebol é, historicamente, leal. Raros são os casos de torcedores que realmente trocam de clubes. Mas o torcedor brasileiro, também historicamente, não investe muito de seu suado dinheiro nos produtos oficiais dos clubes. Primeiro porque financeiramente nem sempre é viável. Segundo, porque há de haver uma motivação especial. Gastar por gastar, comprar por comprar, não funciona.

Para o antídoto, os próprios clubes devem pensar na tal motivação especial. Pode vir por títulos, por ações específicas, por manutenção de seus ídolos. Nosso país vizinho, a Argentina, nos trouxe nos últimos dias dois belíssimos exemplos.

A conquista do tricampeonato da Copa Libertadores pelo River Plate após 19 anos despertou em seu torcedor um furor sem precedentes em busca pela camisa da conquista histórica nas 24 horas que seguiram o título. Na Netshoes Argentina – que também é a responsável pelas operações da TiendaRiver.com, loja virtual oficial do clube argentino –, as vendas dos Millonarios dispararam em 2.000%. É isso mesmo, caro leitor, 2.000%.

Netshoes_Campeón de América 2De acordo com o e-commerce de artigos esportivos, 67% do total dos pedidos finalizados corresponderam à edição limitada da camisa comemorativa colocada à venda e vestida pelos jogadores do River imediatamente após assegurarem o título. Idêntica ao modelo utilizado no jogo contra o Tigres, a versão que celebra o tricampeonato conta com um selo centralizado no peito que reproduz o troféu da Libertadores acompanhado da inscrição “Campeón de América”; nas costas, a estampa do mapa das Américas e o título “El Más Grande de América”. Feita para celebrar e VENDER! Aliás, tão importante quanto à quantidade de vendas, é sua distribuição. Foram registradas vendas em todas as 23 províncias da Argentina, com destaque para Buenos Aires, Santa Fé, Córdoba, Mendoza e Tucumán.

Semanas antes, o principal rival, Boca Juniors, viveu lua de mel semelhante com a venda de suas camisetas. No período corresponde à semana que antecedeu a reestreia de Carlitos Tévez com a camisa do clube, o aumento foi de 300%.

Mesmo que consideremos a semana de reestreia de Tevez pelo Boca como um ponto fora da curva, e comparemos as duas semanas anteriores à sua apresentação (ocorrida no dia 13/07) até o período de vendas desta semana, a porcentagem de crescimento impressiona e se estabiliza em mais de 100%. E dá para ir além para concluir que o motivo do aumento reside em Carlitos: de 14 a 30/7, 60% das camisas do Boca vendidas pela Netshoes Argentina foram com personalização Tevez.

A Argentina, como sabemos, não passa ^por um entusiasmado momento  econômico. E, evidente, não dá para garantir novos títulos periodicamente aos aficionados pelos clubes. Mas fatos novos podem ser causados. Sempre. Ainda que, às vezes, o fato novo seja não ver o ídolo ir embora do clube ainda jovem para só voltar quase ao fim de sua carreira.

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