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A absurda proposta de fusão Red Bull-Portuguesa

No âmbito da paixão, seria lindo. Mas como negócio, não faz sentido algum para o Red Bull.

(Torcedores Lusa/Reprodução)
VL

Vinicius Lordello

Publicado em 28 de junho de 2017 às 14h43.

-(Torcedores Lusa/Reprodução)

No último domingo, Red Bull e Portuguesa foram eliminados da Série D nacional. Tristeza para ambos, mas comoção ainda maior para a Lusa e seus admiradores, afinal, trata-se de um time com história no futebol brasileiro. Da tristeza, contudo, nasceu uma sugestão surreal: uma fusão Red Bull-Portuguesa.

Este blogueiro tomou conhecimento da sugestão a partir do jornalista Flávio Gomes (torcedor da Lusa), que apontou o caminho: “o futebol passaria a ser administrado APENAS (destaque do autor) pela Red Bull e a Portuguesa entraria com seu nome, sua história, seu patrimônio, sua torcida". É desnecessário dizer que se foi lendo o Flávio que tomei conhecimento da proposta, é porque o acompanho. Logo, nada contra o autor. A discordância, no entanto, é profunda. De tudo o que o jornalista aponta como benéfico ao Red Bull (nome, história, patrimônio, torcida), de relevante hoje a Lusa tem história. E muita. Mas só. Ponto a ponto:

Nome: Para o mercado, qual a força do nome Portuguesa? Obviamente aqui falamos de presente e projeção futura. Estivesse o projeto RedBull em estaca zero, sem estrutura alguma montada, poderia valer a pena a parceria. Não está. O projeto já está muito bem encaminhado na região de Campinas. Além disso, na busca por patrocinadores, as pataquadas dos dirigentes da Lusa nos últimos anos mais os afastam que os atraem.

História: a Lusa disputou uma final de campeonato nacional em 1996. Isso é incrível. Ainda abocanhou três títulos paulistas em sua história. Lindo! Mas seu último momento de destaque foi a conquista da Série B de 2011. Pouco para se pensar numa fusão como essa.

Patrimônio: aqui vem a grande pedra no sapato. O Red Bull está financeiramente equilibrado. Como negócio, não faz sentido algum essa fusão. Para a Lusa, seria uma tábua de salvação. Mas o clube campineiro não tem função caridosa e o valor patrimonial a ser agregado, entre receitas e despesas, não faz sentido algum para o Red Bull.

Torcida: nesta série D, a média de público pagante da Lusa foi de risíveis 985 pessoas. Em 2013, seu último ano na série A, a média, embora melhor, foi de nada entusiasmante 4.842 pessoas. Para o principal campeonato do país, muito pouco. Outra comparação interessante: no Facebook, a Lusa tem cerca de 162 mil seguidores. Para efeito de comparação, o Juventus, clube igualmente tradicional de São Paulo (e de quem este blogueiro é declarado torcedor), embora com história aquém da Lusa em feitos, tem cerca de 90 mil. Segundo a última pesquisa Datafolha, o Vasco tem mais torcedores em São Paulo que a Lusa.

O olhar apaixonado pode se deslumbrar com a possível fusão. O olhar crítico e eficiente, típico da gestão Red Bull, provavelmente não. O clube, inclusive, deve promover uma grande reformulação em seu elenco profissional em função da eliminação da Série D. O olhar ali é profissional. Até por isso, o Red Bull Brasil não se manifestou oficialmente sobre a fusão com a Lusa. Este blogueiro apurou, no entanto, que a ideia não encontrou eco algum no clube e dificilmente será levada adiante. A Lusa pode sim voltar a ser grande. Mas é com organização interna e eficiência na gestão que alcançará o objetivo. Não com uma fada madrinha campineira.

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-(Torcedores Lusa/Reprodução)

No último domingo, Red Bull e Portuguesa foram eliminados da Série D nacional. Tristeza para ambos, mas comoção ainda maior para a Lusa e seus admiradores, afinal, trata-se de um time com história no futebol brasileiro. Da tristeza, contudo, nasceu uma sugestão surreal: uma fusão Red Bull-Portuguesa.

Este blogueiro tomou conhecimento da sugestão a partir do jornalista Flávio Gomes (torcedor da Lusa), que apontou o caminho: “o futebol passaria a ser administrado APENAS (destaque do autor) pela Red Bull e a Portuguesa entraria com seu nome, sua história, seu patrimônio, sua torcida". É desnecessário dizer que se foi lendo o Flávio que tomei conhecimento da proposta, é porque o acompanho. Logo, nada contra o autor. A discordância, no entanto, é profunda. De tudo o que o jornalista aponta como benéfico ao Red Bull (nome, história, patrimônio, torcida), de relevante hoje a Lusa tem história. E muita. Mas só. Ponto a ponto:

Nome: Para o mercado, qual a força do nome Portuguesa? Obviamente aqui falamos de presente e projeção futura. Estivesse o projeto RedBull em estaca zero, sem estrutura alguma montada, poderia valer a pena a parceria. Não está. O projeto já está muito bem encaminhado na região de Campinas. Além disso, na busca por patrocinadores, as pataquadas dos dirigentes da Lusa nos últimos anos mais os afastam que os atraem.

História: a Lusa disputou uma final de campeonato nacional em 1996. Isso é incrível. Ainda abocanhou três títulos paulistas em sua história. Lindo! Mas seu último momento de destaque foi a conquista da Série B de 2011. Pouco para se pensar numa fusão como essa.

Patrimônio: aqui vem a grande pedra no sapato. O Red Bull está financeiramente equilibrado. Como negócio, não faz sentido algum essa fusão. Para a Lusa, seria uma tábua de salvação. Mas o clube campineiro não tem função caridosa e o valor patrimonial a ser agregado, entre receitas e despesas, não faz sentido algum para o Red Bull.

Torcida: nesta série D, a média de público pagante da Lusa foi de risíveis 985 pessoas. Em 2013, seu último ano na série A, a média, embora melhor, foi de nada entusiasmante 4.842 pessoas. Para o principal campeonato do país, muito pouco. Outra comparação interessante: no Facebook, a Lusa tem cerca de 162 mil seguidores. Para efeito de comparação, o Juventus, clube igualmente tradicional de São Paulo (e de quem este blogueiro é declarado torcedor), embora com história aquém da Lusa em feitos, tem cerca de 90 mil. Segundo a última pesquisa Datafolha, o Vasco tem mais torcedores em São Paulo que a Lusa.

O olhar apaixonado pode se deslumbrar com a possível fusão. O olhar crítico e eficiente, típico da gestão Red Bull, provavelmente não. O clube, inclusive, deve promover uma grande reformulação em seu elenco profissional em função da eliminação da Série D. O olhar ali é profissional. Até por isso, o Red Bull Brasil não se manifestou oficialmente sobre a fusão com a Lusa. Este blogueiro apurou, no entanto, que a ideia não encontrou eco algum no clube e dificilmente será levada adiante. A Lusa pode sim voltar a ser grande. Mas é com organização interna e eficiência na gestão que alcançará o objetivo. Não com uma fada madrinha campineira.

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