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Os melhores mercados para investidores: Alimentação e Energia

Empreendedor acredita que resultados em IA vão trazer eficiência em diversas áreas, o que pode se tornar uma alocação de capital melhor para todos

Tiago Reis, nosso entrevistado dessa semana que você também acompanha pelo Podcast Papo de Tubarões, no Spotfy, é um verdadeiro tubarão do mercado de investimentos (Coluna Cris Arcangeli/Reprodução)
Cris Arcangeli

CEO da beuty'in

Publicado em 15 de junho de 2023 às 15h27.

Tiago Reis, nosso entrevistado dessa semana que você também acompanha pelo Podcast Papo de Tubarões, no Spotfy, é um verdadeiro tubarão do mercado de investimentos. É fundador e CEO da Suno Resarch, uma consultoria de análise financeira focada principalmente em investidores pessoa física e no fornecimento das melhores informações para o público interessado no mercado de capitais. E vamos dar um pequeno spoiler sobre onde estes investidores podem apostar nos próximos anos: Alimentação e Energia.

Tiago, como podemos ganhar dinheiro com ações?

Veja bem: cada ação tem alguém comprando e alguém vendendo. Quem quiser obter um retorno acima da média, precisa ter uma inteligência intelectual e emocional melhor que a contraparte que está vendendo. É como um jogo de xadrez, que jogamos com uma pessoa do outro lado. No caso das ações, às vezes sabemos quem ela é mas, na maior parte das vezes, não sabemos. Então, para vencer este jogo competitivo, que é ganhar dinheiro com ações, temos que ser melhores que o adversário, ter mais informações, um psicológico melhor, mais informação e mais estudo, é assim que se ganha esse jogo, que se ganha dinheiro com ações.

Onde você mais investe?

Particularmente, gosto de focar meus investimentos em empresas e imóveis, geralmente por meio de veículos listados como ações de fundos imobiliários, pois na história da humanidade essas duas categorias foram as mais criaram riqueza para quem detém esses ativos.

Você começou muito jovem. O que o levou a se interessar pelo mercado de capitais e à análise de investimentos na Bolsa, já na época da em que cursava Administração, na FGV?

Na verdade, minha carreira neste mercado teve início em 2003, no final do ensino médio, quando comecei a pensar o que iria fazer da vida. O país vivia um momento político intenso, e só se falava de Ibovespa, risco país, dólar. Naquela época meu pai era um investidor de subsistência e havia poucos no mercado. Hoje são 5 milhões. Com suporte dele, comecei a administrar um pequeno clube de investimentos, no valor de um carro popular, comprando e vendendo ações. O negócio foi bem, aos poucos tivemos mais investidores, o País passou por um ciclo positivo e esse clube se transformou num fundo. Num determinado momento vendi minha participação para meu sócio e pensei em fazer um ano sabático. Mas depois de 3 meses viajando, percebi que queria voltar a trabalhar.

Foi neste momento que você formatou a Suno Research?

A ideia surgiu por volta de 2011, quando eu estava encarregado de analisar ações americanas. Até então, o Brasil não tinha cultura de investir fora e preferia segmentos tradicionais, como o financeiro, bancos, seguradoras, empresas de commodities, por exemplo. Mas me deparei com empresas de internet que tinham características interessantes, conseguiam crescer rápido, vendiam globalmente, 24 horas por dia e me interessei. Descobri uma empresa listada na Bolsa, chamada Morning Star, que tinha um modelo de assinatura de análises, ou seja, o consumidor paga uma mensalidade e recebe um boletim de análise de investimentos. Repliquei o modelo e foi assim que, em 2017, criei a Suno Resarch, que tem o propósito de ajudar e orientar pessoas a investirem. Nossa missão é auxiliar nossos clientes a investir melhor e temos entregado isso, performado bem no benchmarket: hoje temos R$ 1,7 bilhão em custódia nos fundos e mais de 100 mil clientes.

Você teve alguma dificuldade nesse processo?

Quando criei a empresa, percebi que um dos gargalos era a formação de investidores e a pouca educação deles a respeito do assunto. Por isso investimos na criação de cursos, livros e, principalmente, sites que têm ferramentas para auxiliar os investidores a analisar. Acabamos criando um verdadeiro ecossistema de investimentos, para que as pessoas possam se informar melhor e para ajudar o investidor pessoa física a investir melhor. Com o tempo passamos a atender também clientes institucionais, como um banco de investimentos, fundos de pensão e uma corretora, por exemplo.

Na sua opinião, quais são as melhores dicas de investimento neste momento tão complicado mundialmente, com guerra, diminuição do poderio dos Estados Unidos, a China crescendo, o dólar oscilando, entre outras coisas?

Primeiro, sou um analista do micro, não sou economista e acho bastante complicado prever o comportamento do dólar, que teve uma grande volatilidade por exemplo com a guerra entre Rússia e Ucrânia e a pandemia, que era uma coisa imprevisível. No caso do Brasil, podemos dizer que a balança comercial teve uma melhora expressiva nos últimos anos, sobretudo com o impulso do Agronegócio. A última vez em que a balança comercial havia tido crescimento foi nos anos 2 mil, puxada pelo Agronegócio e por exportações de minério de ferro e aço. Hoje a Vale, que é uma importante empresa exportadora, não cresce mais como no passado.

Sou otimista com relação ao mercado do Agronegócio e acredito que será responsável por um novo ciclo de crescimento do Brasil, pois tem uma volatilidade menor que as commodities de minério. Outro setor que tem grandes oportunidades e precisa ser destravado para estimular investimentos é o de Energia, principalmente em gás, Hidrogênio Verde e Biogás, mas isso depende muito de Brasília.

E as novas moedas, como a cripto, você é a favor ou contra?

Eu, pessoalmente, não invisto em criptomoedas, por um motivo simples: quero sempre ter um bom retorno do capital investido a longo prazo. Se analisarmos a história da humanidade, veremos que as riquezas foram construídas por participações societárias ou imóveis. Não existe riqueza fora disso. Não invisto em criptomoedas, mas também não invisto em ouro, carros antigos, violinos, obras de arte. Invisto em empresas e imóveis.

Mas você investe em tecnologia.

Sim. Fui dos primeiros investidores na Apple, lá em 2011. Penso que cada empresa deve ser analisada de forma individual para investirmos.  Gosto de algumas, como Apple, Facebook, Google, Amazon e, agora, a Nvidia. Também precisamos ficar atentos à Inteligência Artificial e até mesmo fazer um exercício de futurologia. A AI é um caminho sem volta que vai revolucionar todas as indústrias: algumas vão sofrer, mas para outras pode ser uma enorme oportunidade.

E sobre o futuro dos bancos com todo esse crescimento tecnológico?

Entendo que os bancos continuarão a ter um lugar importante no mercado, pois possuem várias unidades de negócios diferentes. Podem ter um marketing share menor no setor de investimentos, mas continuarão e liderar no crédito, porque têm um balanço considerável e condições de manter um funding parado. As fintechs ainda não têm como ser atuantes nessa área.

Você acha que a nova lei que vai taxar investimentos externos pode mudar o mercado?

Não sou expert, mas tenho fontes que dizem que a lei vai ter dificuldades de passar. Temos que dizer um basta à tributação, já pagamos muito.A maior parte dos impostos que pagamos vai para Brasília, que está muito distante das necessidades de cada indivíduo. Um dos motivos de pagarmos imposto é termos serviços como contrapartida. Mas vai tudo para uma cidade como Brasília, em que todos estão muito distantes e não sabem quais são as necessidades de cada um, como segurança, saneamento, escolas, saúde. A distribuição de impostos deveria ser revista para ficar mais próxima de quem contribui e entender melhor as necessidades de cada um.

Falando em futuro, o que você pretende para os próximos anos?

Pessoalmente, como casei há pouco tempo, quero ter filhos e formar uma família. Profissionalmente, quero continuar entregando o que meus clientes esperam. A Suno Research tem outras linhas de negócios além da análise de investimentos e, agora, precisamos ganhar market share em todas elas. Vamos continuar crescendo.

E para terminar, o mais importante: qual o seu conselho para quem quer começar a investir?

Investir na aposentadoria ou na independência financeira e construir uma renda passível é bem fácil. E nunca foi tão importante, porque a população brasileira está envelhecendo, a expectativa de vida aumenta uns 3 meses por ano, estamos vivendo cada vez mais e as pessoas vão ter que poupar para a 3ª idade. Está muito claro que depender de governo para a aposentadoria, como acontecia no passado, vai ficar cada vez mais difícil porque contas públicas estão cada vez mais apertadas. A pessoa tem que poupar enquanto tem uma vida produtiva.

Na prática, o investidor precisa definir seus objetivos: ganhar, preservar, ter liquidez ou ter o maior retorno possível daquele dinheiro. Há muita informação disponível que pode ajudar a entender isso. Depois, precisa abrir conta numa corretora, que tem uma prateleira de produtos ampla, mais oportunidades, e depois entender quais são seus objetivos e seu perfil de risco.  Dependendo da quantia a ser investida, isso pode ser feito por auto atendimento. É importante ter em mente que quanto maior o prazo de investimento, mais risco a pessoa pode correr e mais disposta a renda variável, como em ações e fundos imobiliários, por exemplo. Quanto mais curto for o prazo e menos risco o investidor puder correr, mais deve expor a produtos de renda fixa, que no Brasil felizmente ainda pagam bastante.

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Tiago, como podemos ganhar dinheiro com ações?

Veja bem: cada ação tem alguém comprando e alguém vendendo. Quem quiser obter um retorno acima da média, precisa ter uma inteligência intelectual e emocional melhor que a contraparte que está vendendo. É como um jogo de xadrez, que jogamos com uma pessoa do outro lado. No caso das ações, às vezes sabemos quem ela é mas, na maior parte das vezes, não sabemos. Então, para vencer este jogo competitivo, que é ganhar dinheiro com ações, temos que ser melhores que o adversário, ter mais informações, um psicológico melhor, mais informação e mais estudo, é assim que se ganha esse jogo, que se ganha dinheiro com ações.

Onde você mais investe?

Particularmente, gosto de focar meus investimentos em empresas e imóveis, geralmente por meio de veículos listados como ações de fundos imobiliários, pois na história da humanidade essas duas categorias foram as mais criaram riqueza para quem detém esses ativos.

Você começou muito jovem. O que o levou a se interessar pelo mercado de capitais e à análise de investimentos na Bolsa, já na época da em que cursava Administração, na FGV?

Na verdade, minha carreira neste mercado teve início em 2003, no final do ensino médio, quando comecei a pensar o que iria fazer da vida. O país vivia um momento político intenso, e só se falava de Ibovespa, risco país, dólar. Naquela época meu pai era um investidor de subsistência e havia poucos no mercado. Hoje são 5 milhões. Com suporte dele, comecei a administrar um pequeno clube de investimentos, no valor de um carro popular, comprando e vendendo ações. O negócio foi bem, aos poucos tivemos mais investidores, o País passou por um ciclo positivo e esse clube se transformou num fundo. Num determinado momento vendi minha participação para meu sócio e pensei em fazer um ano sabático. Mas depois de 3 meses viajando, percebi que queria voltar a trabalhar.

Foi neste momento que você formatou a Suno Research?

A ideia surgiu por volta de 2011, quando eu estava encarregado de analisar ações americanas. Até então, o Brasil não tinha cultura de investir fora e preferia segmentos tradicionais, como o financeiro, bancos, seguradoras, empresas de commodities, por exemplo. Mas me deparei com empresas de internet que tinham características interessantes, conseguiam crescer rápido, vendiam globalmente, 24 horas por dia e me interessei. Descobri uma empresa listada na Bolsa, chamada Morning Star, que tinha um modelo de assinatura de análises, ou seja, o consumidor paga uma mensalidade e recebe um boletim de análise de investimentos. Repliquei o modelo e foi assim que, em 2017, criei a Suno Resarch, que tem o propósito de ajudar e orientar pessoas a investirem. Nossa missão é auxiliar nossos clientes a investir melhor e temos entregado isso, performado bem no benchmarket: hoje temos R$ 1,7 bilhão em custódia nos fundos e mais de 100 mil clientes.

Você teve alguma dificuldade nesse processo?

Quando criei a empresa, percebi que um dos gargalos era a formação de investidores e a pouca educação deles a respeito do assunto. Por isso investimos na criação de cursos, livros e, principalmente, sites que têm ferramentas para auxiliar os investidores a analisar. Acabamos criando um verdadeiro ecossistema de investimentos, para que as pessoas possam se informar melhor e para ajudar o investidor pessoa física a investir melhor. Com o tempo passamos a atender também clientes institucionais, como um banco de investimentos, fundos de pensão e uma corretora, por exemplo.

Na sua opinião, quais são as melhores dicas de investimento neste momento tão complicado mundialmente, com guerra, diminuição do poderio dos Estados Unidos, a China crescendo, o dólar oscilando, entre outras coisas?

Primeiro, sou um analista do micro, não sou economista e acho bastante complicado prever o comportamento do dólar, que teve uma grande volatilidade por exemplo com a guerra entre Rússia e Ucrânia e a pandemia, que era uma coisa imprevisível. No caso do Brasil, podemos dizer que a balança comercial teve uma melhora expressiva nos últimos anos, sobretudo com o impulso do Agronegócio. A última vez em que a balança comercial havia tido crescimento foi nos anos 2 mil, puxada pelo Agronegócio e por exportações de minério de ferro e aço. Hoje a Vale, que é uma importante empresa exportadora, não cresce mais como no passado.

Sou otimista com relação ao mercado do Agronegócio e acredito que será responsável por um novo ciclo de crescimento do Brasil, pois tem uma volatilidade menor que as commodities de minério. Outro setor que tem grandes oportunidades e precisa ser destravado para estimular investimentos é o de Energia, principalmente em gás, Hidrogênio Verde e Biogás, mas isso depende muito de Brasília.

E as novas moedas, como a cripto, você é a favor ou contra?

Eu, pessoalmente, não invisto em criptomoedas, por um motivo simples: quero sempre ter um bom retorno do capital investido a longo prazo. Se analisarmos a história da humanidade, veremos que as riquezas foram construídas por participações societárias ou imóveis. Não existe riqueza fora disso. Não invisto em criptomoedas, mas também não invisto em ouro, carros antigos, violinos, obras de arte. Invisto em empresas e imóveis.

Mas você investe em tecnologia.

Sim. Fui dos primeiros investidores na Apple, lá em 2011. Penso que cada empresa deve ser analisada de forma individual para investirmos.  Gosto de algumas, como Apple, Facebook, Google, Amazon e, agora, a Nvidia. Também precisamos ficar atentos à Inteligência Artificial e até mesmo fazer um exercício de futurologia. A AI é um caminho sem volta que vai revolucionar todas as indústrias: algumas vão sofrer, mas para outras pode ser uma enorme oportunidade.

E sobre o futuro dos bancos com todo esse crescimento tecnológico?

Entendo que os bancos continuarão a ter um lugar importante no mercado, pois possuem várias unidades de negócios diferentes. Podem ter um marketing share menor no setor de investimentos, mas continuarão e liderar no crédito, porque têm um balanço considerável e condições de manter um funding parado. As fintechs ainda não têm como ser atuantes nessa área.

Você acha que a nova lei que vai taxar investimentos externos pode mudar o mercado?

Não sou expert, mas tenho fontes que dizem que a lei vai ter dificuldades de passar. Temos que dizer um basta à tributação, já pagamos muito.A maior parte dos impostos que pagamos vai para Brasília, que está muito distante das necessidades de cada indivíduo. Um dos motivos de pagarmos imposto é termos serviços como contrapartida. Mas vai tudo para uma cidade como Brasília, em que todos estão muito distantes e não sabem quais são as necessidades de cada um, como segurança, saneamento, escolas, saúde. A distribuição de impostos deveria ser revista para ficar mais próxima de quem contribui e entender melhor as necessidades de cada um.

Falando em futuro, o que você pretende para os próximos anos?

Pessoalmente, como casei há pouco tempo, quero ter filhos e formar uma família. Profissionalmente, quero continuar entregando o que meus clientes esperam. A Suno Research tem outras linhas de negócios além da análise de investimentos e, agora, precisamos ganhar market share em todas elas. Vamos continuar crescendo.

E para terminar, o mais importante: qual o seu conselho para quem quer começar a investir?

Investir na aposentadoria ou na independência financeira e construir uma renda passível é bem fácil. E nunca foi tão importante, porque a população brasileira está envelhecendo, a expectativa de vida aumenta uns 3 meses por ano, estamos vivendo cada vez mais e as pessoas vão ter que poupar para a 3ª idade. Está muito claro que depender de governo para a aposentadoria, como acontecia no passado, vai ficar cada vez mais difícil porque contas públicas estão cada vez mais apertadas. A pessoa tem que poupar enquanto tem uma vida produtiva.

Na prática, o investidor precisa definir seus objetivos: ganhar, preservar, ter liquidez ou ter o maior retorno possível daquele dinheiro. Há muita informação disponível que pode ajudar a entender isso. Depois, precisa abrir conta numa corretora, que tem uma prateleira de produtos ampla, mais oportunidades, e depois entender quais são seus objetivos e seu perfil de risco.  Dependendo da quantia a ser investida, isso pode ser feito por auto atendimento. É importante ter em mente que quanto maior o prazo de investimento, mais risco a pessoa pode correr e mais disposta a renda variável, como em ações e fundos imobiliários, por exemplo. Quanto mais curto for o prazo e menos risco o investidor puder correr, mais deve expor a produtos de renda fixa, que no Brasil felizmente ainda pagam bastante.

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