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Joel Jota: como ser um atleta de alta performance no seu negócio

Hoje o papo é com um tubarão que saiu da natação, passou pelo marketing digital e estreia este ano na série Shark Tank, que vai ao ar no próximo mês

Hoje o papo é com um tubarão que saiu da natação, passou pelo marketing digital e estreia este ano na série Shark Tank, que vai ao ar no próximo mês (Cris Arcangeli/Divulgação)
Hoje o papo é com um tubarão que saiu da natação, passou pelo marketing digital e estreia este ano na série Shark Tank, que vai ao ar no próximo mês (Cris Arcangeli/Divulgação)

Hoje o papo é com um tubarão que saiu da natação, passou pelo marketing digital e estreia este ano na série Shark Tank, que vai ao ar no próximo mês. É o meu querido amigo Joel Jota. Aprendi marketing digital com ele, inclusive foi quem me ensinou a fazer lives, ainda durante a pandemia. Vencedor de campeonatos nacionais e internacionais de natação, ele  aprendeu a ser um empreendedor e empresário de sucesso aplicando seu aprendizado de técnicas do esporte desde que morava em Santos, onde começou sua carreira como nadador. Professor, escritor, palestrante, empreendedor e mentor de negócios, esse Tubarão fala a forma como a disciplina e a alta performance impactam todas as áreas de nossa vida.

Para começar, quem é o Joel hoje?

Sou pai do João, do Joaquim e do Pedro, casado com a Larissa, que é minha parceira e sócia de vida. Hoje entendi que minha mensagem não é regional, estadual ou nacional: é global. Sou um instrumento, uma ferramenta, uma inspiração. Adoro ensinar, mas gosto mais de aprender. Me descobri como empresário, tenho  um ecossistema de negócios ao meu redor, me entendi como marca e, agora, como investidor. No Shark Tank quero dar mentoria, contribuir e ajudar os empreendedores. Quem vai lá nem sempre recebe investimento financeiro, mas acaba tendo um feed back importante do seu negócio. Gostei muito da experiência.

É muito importante que o empreendedor tenha alta performance e você é campeão da alta performance como nadador. Conte um pouco sobre isso.

A natação foi a melhor escola da minha vida.  O esporte me ensinou muito. Por exemplo, meu técnico não queria que eu fizesse 20 tiros de 100 metros, mas 20 tiros certos, com feed back específico e sem réplica. E tem uma diferença grande entre uma coisa e outra. Quando deixei o esporte e vim para o mundão real, tinha certeza que o mundo  corporativo era igual ao esporte, com pessoas disciplinadas, comprometidas, consistentes, com feed back específico e técnicas. E não era. Como se mede o resultado num emprego, como se mede o que é bom? Não é só com força de vontade. Foi assim que descobri que existem muitos paralelos entre o esporte e o mundo dos negócios, como resultados e performance, por exemplo, e foi aí que encontrei meu diferencial.

E quando entrei no mundo do marketing digital e da internet também encontrei muita competição, que no início me deixou inseguro, porque eu  tinha saído da minha zona de conforto. Então modelei e copiei  o que via de interessante até que entendi que não tinha que pensar somente para a frente. Tinha que olhar para trás, utilizar minha história, organizar, categorizar e deixá-la desenhada para o empreendedor, já que sou professor e tenho facilidade em metodificar as coisas.  Resolvi ser o cara da alta performance  e para isso tive que classificar termos, saber o que é e o que não é, escrever livros e me posicionar sobre um assunto que eu vivi e tinha conhecimento a respeito.

Como comecei a classificar, lembrei de coisas que aprendi com meu treinador de natação, que tinham a ver com liderança, que fazer parte de equipes tinha a ver com times, que tudo o que vivi tem a ver com o mundo dos negócios. A internet recebeu bem essas definições e acabei criando vários termos, como “seja um atleta de alta performance no seu negócio”.

Hoje, como empreendedor, vejo que o tamanho do mercado é grande, a dor é latente,  muitas vezes antiga, as pessoas precisam resolver problemas e pagam por isso, contratam grandes pessoas. Ou seja, eu passei a explicar o que vivi e sou pago por isso. É incrível!

O empreendedor acha que acorda, tem uma ideia, arranja dinheiro de alguma forma e começa o negócio sem nenhum preparo técnico e vai dar? Como assim, sem nenhum conhecimento técnico? Por isso 50% das empresas brasileiras quebram antes de quatro anos.

Eu estimulo, como você, a cultura da capacitação. Buscar opinião de pessoas que já fizeram, ler livros que tenham opinião técnica, fazer um planejamento, organizar, fazer cursos, me programar. Isso é inteligente.  O livro “A Arte da Guerra” escrito por Sun Tzu há dois mil anos, diz que existem 13 estratagemas para vencer uma guerra. Você não pode ir sem saber o que fazer, para não matar sua tropa, tomar tiro numa trincheira, dar um tiro no pé. O empreendedor tem que fazer isso, ver os caminhos percorridos pelos outros e usar o aprendizado deixados por eles.

Ninguém aprende disciplina, resistência, resiliência, na aula de História e Geografia. Aprende no esporte. Trabalhar em equipe, fazer de novo, modelar um acerto.

Aprende no esporte. Caiu, levanta. Errou, ficou triste, enxuga a lágrima e faz de novo.  Perdeu, está com raiva, com dor, faz outra vez. Há 20 anos treinei demais para uma seletiva do Panamericano, não tinha como não passar. Mas na hora de nadar os 50 metros livres, queimei a largada, um erro super básico. Eu tinha treinado 50% a mais que meu rival, mas queimei a largada, que é o básico do básico.  Acontece que na hora H eu fui dominado por uma dúvida e aquilo acabou comigo. Depois de seis meses fiz de novo e ganhei. Quanto essa derrota me ensinou para os dias de hoje? Aquele erro construiu a minha personalidade.

Os erros e acertos vão moldando nossa personalidade e quem usa os erros para aprender tem sucesso.

Não sei porque algumas pessoas desenham uma vida que é só de subida. Minha mulher fala que o gráfico da vida é feito de altos e baixos. Mas é crescente, porque às vezes, quando a pessoa está caindo, se fizer um zoom out, percebe que essa queda é mais alta do que a de um ano atrás. É preciso ter calma.

Eu sempre digo que, quando a pessoa está num momento muito ruim precisa ter calma, que isso vai passar, porque tudo passa. Mas  tem que ter humildade, porque se estiver muito bem, lá na frente pode ter  um momento ruim. Se não tiver humildade, vai apanhar.

Geralmente as pessoas são prepotentes quando estão num momento muito bom e não percebem que estão sendo, ou quando estão num momento muito ruim e querem disfarçar. O prepotente não dá espaço para o aprendizado.

Marketing digital: você acha que já chegamos onde poderíamos chegar, tem espaço para crescer no Brasil? Quais os pontos positivos e negativos, no que poderia mudar?

O marketing digital foi um caminho que me trouxe relevância, autoridade, dinheiro, alcance. É uma ferramenta que está se especializando, trazendo mais noção para as pessoas e daí cito uma frase sua, Cristiana: todo mundo tem que estar no marketing digital e no telefone, que é uma extensão do braço.  Hoje todas as empresas têm que usar marketing e o digital é uma extensão dele, as empresas reconhecem que precisam usar e que é inevitável. Existe bastante espaço para crescer, mas há muita competitividade. Hoje sabemos que o Brasil é o país em que mais se escuta podcasts no mundo. Hoje um podcaster influencia mais decisões do que os antigos radialistas. Pesquisas mostram que 77% das pessoas disseram que já tomaram pelo menos uma decisão na vida baseada na opinião de um podcaster.  Cerca de 44% das pessoas tomam decisões baseadas em um influenciador digital, inclusive CEOs que estão por trás das marcas vêm aparecendo em ações de influência. As agências estão começando a entender em números o retorno do investimento feito em campanhas de marketing digital que é uma ferramenta que suporta qualquer ideia por mais maluca que seja, até da pessoa mais criativa do planeta Terra.

Qualquer mercado é uma guerra, quem ganha a guerra é quem tem a melhor estratégia. O marketing digital te dá todos os dados que você precisa sobre o mercado, os concorrentes, os clientes, desafios, problemas, para você traçar melhor sua estratégia, porque precisa desenhar o cenário com o maior número possível de dados. É quem dá  essas informações de forma precisa.

O estrategista de marketing é fundamental em qualquer empresa. Eu testei muitas coisas e entendi que a internet responde rápido, porque  tem potencial viral, capacidade de escala e esse profissional consegue saber se sua mensagem funciona.

E as mídias sociais além do Instagram, como o LinkedIn, por exemplo?

Eu uso LinkedIn, é uma ferramenta maravilhosa. O algoritmo entrega muito mais, tem uma intenção diferente, oportunidades de negócios, você pode contratar, ser contratado, fazer parcerias, criar autoridade, mostrar que ganhou um prêmio. Meu LinkedIn cresce a passos largos, inclusive temos uma newsletter com 105 mil inscritos. Para mim, as quatro mídias fundamentais são Instagram, YouTube,  LinkedIn e Spotfy, que permitem que a pessoa veja, escute, leia. Não uso Twitter e  uso pouco o Tik Tok, que ainda é uma zona cinzenta para mim porque não entendo e ainda não ocupa espaço para mim como o YouTube, o Spotfy, a newsletter e o Instagram

Qual seu próximo sonho?

Voltei a sonhar. Eu tinha parado, porque todos os sonhos acabavam virando objetivos. Hoje sonho com coisas que o dinheiro não compra: quero ser entrevistado pela Oprah, quero ter um programa dentro de um canal de  streaming, palestrar num TED internacional em inglês e ter um projeto social, que na verdade é um sonho/objetivo.

Mensagem: o que você diria para as pessoas se só tivesse uma mensagem para dar?

Aprenda a confiar mais em você do que em qualquer outra pessoa. Não  estou dizendo para não confiar em outras pessoas,  mas que, entre todas as pessoas em que você confia, é em você que deve confiar mais, porque isso vai te salvar. Se eu pudesse resumir todo meu trabalho e sua essência em um único conceito eu diria que ensino as pessoas a serem confiantes. Acreditarem em si. Não é um otimismo barato. Sou realista e otimista: as coisas não caem do céu, ninguém vai te salvar, se você não tiver um plano para você, ninguém vai ter, ninguém te deve nada e o mundo não é justo do jeito que você quer que seja. O mundo é o mundo. As pessoas não têm nada contra você, o mundo não conspira contra você, mas ele não vai parar para te esperar. Mesmo assim, se você se se preparar, treinar, trabalhar, se trouxer a responsabilidade para você, tem mais chances que a maioria das pessoas.  Sou realista e otimista. Tem gente que é pessimista/realista, tem quem é otimista e realista e delira, porque fica só na esperança do esperar, como diz Mário Sérgio Cortella.

O brasileiro é muito trabalhador, muito criativo, quer empreender, transformar. Empreender liberta porque dá mais opções e um campo mais aberto de visão. O empreendedorismo e a internet oferecem inúmeras oportunidades e se você quiser resolver algum problema, consegue.