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Jaime de Paula: de engenheiro a especialista em inteligência artificial

Jaime de Paula, hoje dedicado a pesquisas, fazendo pós doc. em IA, é meu entrevistado de hoje, e também estará conosco Imersão Centurion 2023

(Foto/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 16 de fevereiro de 2023 às 10h00.

De engenheiro a diretor de grandes empresas. De desenvolvedor de plataformas de comércio eletrônico a doutor em Inteligência Artificial. De fundador da Neoway, a maior e premiada empresa de Data Analytics e Inteligência Artificial para Negócios da América Latina, a PhD em Inovação pela UFSC. Esse é o nosso entrevistado: Jaime de Paula, hoje dedicado a pesquisas, fazendo pós doc. em IA, é meu entrevistado de hoje, e também estará conosco Imersão Centurion 2023.

Jaime, conte como foi sua carreira até criar a Neoway.

Minha formação é em Engenharia Elétrica e Administração de Empresas. Já em 1982 comecei a trabalhar com tecnologia, buscando aplicar esse conhecimento em grandes empresas nas quais fui diretor, como Perdigão e Cecrisa. Em 1998, comecei a empreender e desenvolvi uma plataforma de comércio eletrônico que, em 2001, me levou a fazer um doutorado em Inteligência Artificial, concluído em 2004. Mas a IA daquela época não é o que temos hoje. Posso dizer que foi a base histórica do ChatGPT.

Por volta de 2008, comecei a empreender no mundo de Big Data, procurando sempre aplicações práticas, porque acredito que essa é a função da tecnologia: ela tem que atender o mercado real. Assim, fundei a Neoway, utilizado Big Data como soluções para o mercado, em duas plataformas: uma para o cliente vender mais e comprar melhor e outra, voltada para risco e compliance para o cliente perder menos.

Em dezembro de 2021 vendi a Neoway para a B3 e hoje sou pesquisador de IA. Meus pós doc. está voltado para pesquisas, muitos dados, smart data, IA aplicada a dados estruturados, envolvendo machine learning e dados não estruturados, com NLP (Natural Language Processing), que é o nosso ChatGPT, por exemplo.

Fazendo um parêntese: quando foi lançado, o GPT2 tinha 1.5 bilhões de parâmetros e, daí em diante, vem tendo um crescimento exponencial: o GPT3 passou para 175 bilhões de parâmetros. Hoje, estamos no 3.5 e já sabemos que o GPT4 vai vir muito mais inteligente, com 100 trilhões de parâmetros, ou seja, num volume muito além da capacidade de raciocínio do ser humano. E só vai evoluir.

Em que momento você entendeu que o futuro está nas mãos de quem se antecipa em tendências com uma mentalidade futurista?

Minha formação em engenharia e o fato de trabalhar com executivos me ajudou a enxergar os dois lados. Isso quando ainda nem existia a Internet, pode imaginar? O doutorado literalmente abriu minha cabeça para entender que a tecnologia deve ser usada como é suporte para business, sustentabilidade, produtividade na área comercial, na área de risco e compliance, trabalhar no conceito de ESG, ser sustentável e social.

Este Mindset Futurista é para poucos? Você acha que existem algumas skills, soft ou hard, necessárias para que empreendedores tenham essa visão e capacidade de se preparar concretamente para o futuro?

Não diria que é para poucos, mas que poucos estão abertos a ele. O ser humano tende a se fechar em modelos de inteligência que adquiriu e não busca coisas novas. O Mindset Futurista entende que a tecnologia veio para melhorar o mundo. Por exemplo, quando se faz a tese de um doutorado, qualquer enunciado precisa ter um embasamento bibliográfico. Na minha não havia como, porque eu queria apresentar coisas diferentes, ainda não feitas, vindas da minha cabeça.

O empreendedor futurista precisa ter a mente aberta, reconhecer oportunidades, estudar para que uma determinada situação possa evoluir para entregar coisas melhores e mudar.

Acredito que o ChatGPT5 será como um novo Big Bang, um novo mundo. Por isso as pessoas precisam se adequar e a formação tem que ensinar a pensar e a usar melhor esta tecnologia. O mundo vem vindo num exponencial crescente e ainda estamos pensando no linear.

Como utilizar toda a tecnologia ao nosso dispor em ferramentas para o desenvolvimento de novos mercados, voltados à solução de problemas, à sustentabilidade e à ampliação de oportunidades de conhecimento, trabalho à construção de uma sociedade mais justa?

Isso tudo só virá com a conscientização de governos e de grandes empresas, que em alguns casos se equiparam a grandes governos ou até mais poderosas. Não adianta 1% ser feliz e os outros 99% infelizes. É preciso distribuir resultados, educar as pessoas, fazer com que os grandes empreendedores se juntem com os políticos para ampliar as condições para o aprendizado de tecnologia, para que possam evoluir. Veja o que fizeram Bill Gates e Warren Buffet, que doaram fortunas para institutos do bem.

É preciso incentivar a conscientização e criar culturas de inclusão social, inovação, criatividade e sustentabilidade - e também na ponta rica do negócio, ou seja, quem compra - para que novos parâmetros sejam exigidos de quem produz.

Qual a importância você dá ao compartilhamento de conhecimentos e experiências com novos empreendedores?

Eu penso que é nessa troca que mais evoluímos, pois não vamos para ensinar, mas para aprender muito com pequenos, médios e grandes empreendedores. É um evento que nos dá ideias, permite a troca de experiências, de perceber caminhos que estão vindo e não estamos vendo ainda. É uma super troca de conhecimentos do que fazer, e também do que não fazer. Na Neoway, eu fazia eventos com clientes para aprender com eles, observando seu comportamento. Costumo dizer que o brasileiro é criativo e inovador, mas precisa ser disciplinado como o alemão e desenvolver modelos de negócios como o americano. Junta tudo isso e a gente vai ser feliz.

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De engenheiro a diretor de grandes empresas. De desenvolvedor de plataformas de comércio eletrônico a doutor em Inteligência Artificial. De fundador da Neoway, a maior e premiada empresa de Data Analytics e Inteligência Artificial para Negócios da América Latina, a PhD em Inovação pela UFSC. Esse é o nosso entrevistado: Jaime de Paula, hoje dedicado a pesquisas, fazendo pós doc. em IA, é meu entrevistado de hoje, e também estará conosco Imersão Centurion 2023.

Jaime, conte como foi sua carreira até criar a Neoway.

Minha formação é em Engenharia Elétrica e Administração de Empresas. Já em 1982 comecei a trabalhar com tecnologia, buscando aplicar esse conhecimento em grandes empresas nas quais fui diretor, como Perdigão e Cecrisa. Em 1998, comecei a empreender e desenvolvi uma plataforma de comércio eletrônico que, em 2001, me levou a fazer um doutorado em Inteligência Artificial, concluído em 2004. Mas a IA daquela época não é o que temos hoje. Posso dizer que foi a base histórica do ChatGPT.

Por volta de 2008, comecei a empreender no mundo de Big Data, procurando sempre aplicações práticas, porque acredito que essa é a função da tecnologia: ela tem que atender o mercado real. Assim, fundei a Neoway, utilizado Big Data como soluções para o mercado, em duas plataformas: uma para o cliente vender mais e comprar melhor e outra, voltada para risco e compliance para o cliente perder menos.

Em dezembro de 2021 vendi a Neoway para a B3 e hoje sou pesquisador de IA. Meus pós doc. está voltado para pesquisas, muitos dados, smart data, IA aplicada a dados estruturados, envolvendo machine learning e dados não estruturados, com NLP (Natural Language Processing), que é o nosso ChatGPT, por exemplo.

Fazendo um parêntese: quando foi lançado, o GPT2 tinha 1.5 bilhões de parâmetros e, daí em diante, vem tendo um crescimento exponencial: o GPT3 passou para 175 bilhões de parâmetros. Hoje, estamos no 3.5 e já sabemos que o GPT4 vai vir muito mais inteligente, com 100 trilhões de parâmetros, ou seja, num volume muito além da capacidade de raciocínio do ser humano. E só vai evoluir.

Em que momento você entendeu que o futuro está nas mãos de quem se antecipa em tendências com uma mentalidade futurista?

Minha formação em engenharia e o fato de trabalhar com executivos me ajudou a enxergar os dois lados. Isso quando ainda nem existia a Internet, pode imaginar? O doutorado literalmente abriu minha cabeça para entender que a tecnologia deve ser usada como é suporte para business, sustentabilidade, produtividade na área comercial, na área de risco e compliance, trabalhar no conceito de ESG, ser sustentável e social.

Este Mindset Futurista é para poucos? Você acha que existem algumas skills, soft ou hard, necessárias para que empreendedores tenham essa visão e capacidade de se preparar concretamente para o futuro?

Não diria que é para poucos, mas que poucos estão abertos a ele. O ser humano tende a se fechar em modelos de inteligência que adquiriu e não busca coisas novas. O Mindset Futurista entende que a tecnologia veio para melhorar o mundo. Por exemplo, quando se faz a tese de um doutorado, qualquer enunciado precisa ter um embasamento bibliográfico. Na minha não havia como, porque eu queria apresentar coisas diferentes, ainda não feitas, vindas da minha cabeça.

O empreendedor futurista precisa ter a mente aberta, reconhecer oportunidades, estudar para que uma determinada situação possa evoluir para entregar coisas melhores e mudar.

Acredito que o ChatGPT5 será como um novo Big Bang, um novo mundo. Por isso as pessoas precisam se adequar e a formação tem que ensinar a pensar e a usar melhor esta tecnologia. O mundo vem vindo num exponencial crescente e ainda estamos pensando no linear.

Como utilizar toda a tecnologia ao nosso dispor em ferramentas para o desenvolvimento de novos mercados, voltados à solução de problemas, à sustentabilidade e à ampliação de oportunidades de conhecimento, trabalho à construção de uma sociedade mais justa?

Isso tudo só virá com a conscientização de governos e de grandes empresas, que em alguns casos se equiparam a grandes governos ou até mais poderosas. Não adianta 1% ser feliz e os outros 99% infelizes. É preciso distribuir resultados, educar as pessoas, fazer com que os grandes empreendedores se juntem com os políticos para ampliar as condições para o aprendizado de tecnologia, para que possam evoluir. Veja o que fizeram Bill Gates e Warren Buffet, que doaram fortunas para institutos do bem.

É preciso incentivar a conscientização e criar culturas de inclusão social, inovação, criatividade e sustentabilidade - e também na ponta rica do negócio, ou seja, quem compra - para que novos parâmetros sejam exigidos de quem produz.

Qual a importância você dá ao compartilhamento de conhecimentos e experiências com novos empreendedores?

Eu penso que é nessa troca que mais evoluímos, pois não vamos para ensinar, mas para aprender muito com pequenos, médios e grandes empreendedores. É um evento que nos dá ideias, permite a troca de experiências, de perceber caminhos que estão vindo e não estamos vendo ainda. É uma super troca de conhecimentos do que fazer, e também do que não fazer. Na Neoway, eu fazia eventos com clientes para aprender com eles, observando seu comportamento. Costumo dizer que o brasileiro é criativo e inovador, mas precisa ser disciplinado como o alemão e desenvolver modelos de negócios como o americano. Junta tudo isso e a gente vai ser feliz.

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