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Empreendedorismo feminino na Ciência

Jackeline Alecrim é pioneira no mundo ao desenvolver um estudo que originou uma patente com eficácia comprovada, contra alopecias e queda capilar

Jack reforça um movimento importante para o Brasil, de que “precisamos mudar as expectativas em relação à prática científica no Brasil” (JACKELINE ALECRIM/Divulgação)
Jack reforça um movimento importante para o Brasil, de que “precisamos mudar as expectativas em relação à prática científica no Brasil” (JACKELINE ALECRIM/Divulgação)
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Cris Arcangeli — Empreender Liberta

Publicado em 19 de agosto de 2021 às, 14h59.

Última atualização em 19 de agosto de 2021 às, 19h45.

Por: Cris Arcangeli

Eu amo inovação, vocês já sabem disso. E fazer ciência no Brasil é um desafio e tanto, ainda mais levar os feitos para o mercado e escalar. E para minha feliz surpresa, conheci a Jackeline Alecrim e vi de perto uma mulher em destaque na produção científica nacional.

Segundo a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), somos o país com maior porcentagem de artigos científicos assinados por mulheres na América Latina e na comunidade íbero-americana. Entre 2014 e 2017, o Brasil publicou cerca de 53,3 mil artigos, dos quais 72% são assinados por pesquisadoras.

Jackeline Alecrim é cientista e empreendedora, e uma das mulheres que endossam esses números. Onde ela inovou? Jackeline é pioneira no mundo ao desenvolver um estudo que originou uma patente do uso de fitoativos provenientes de um extrato biotecnológico de café, com eficácia clinicamente comprovada, contra alopecias e queda capilar.

O estudo teve quatro anos de duração e a cientista contou com recursos próprios e apoio da instituição de ensino em que trabalhava para conseguir concluir a pesquisa. Um super desafio, que envolve tanto a rotina complexa ao desenvolver estudos científicos, somada à maternidade durante o processo.

Ela me contou, e eu concordo demais, que essa determinação é resultado da capacidade de adaptação, resiliência e da força das mulheres: “É maravilhoso ver como nós mulheres podemos fazer a diferença em todas as áreas, não apenas dentro daquilo que é estereotipado ou clichê. Mulheres tem uma enorme sensibilidade e um grande poder de percepção, são criativas e persistentes por natureza e extremamente capazes de realizar grandes feitos também na ciência e marcaram a história da humanidade com descobertas que mudaram o mundo”, ela me contou.

Em 2017, a formulação desenvolvida pela cientista foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) do Brasil e a pesquisadora iniciou a comercialização do produto elaborado a partir da biotecnologia patenteada, fundando a MagicScience Brasil, que ganhou repercussão no Brasil e no exterior.

Jack reforça um movimento importante para o Brasil, de que “precisamos mudar as expectativas em relação à prática científica no Brasil”. As pesquisas científicas auxiliam no desenvolvimento de produtos, mas, em muitos casos, os pesquisadores não conseguem disponibilizar os seus achados no mercado. Inúmeras descobertas científicas não são devidamente trabalhadas e isso representa um grande potencial mercadológico, científico e social desperdiçado.

Para que outras pesquisas, em especial feitas por mulheres - que correspondem a metade dos cientistas do país - possam beneficiar a sociedade, é preciso aproximar a ciência do mercado, no sentido de tangibilizar os feitos científicos e transformá-los em produtos e serviços. “Quando um pesquisador desenvolve algo, que pode beneficiar a vida das pessoas, é essencial que a população conheça e apoie”, finaliza Jackeline Alecrim.