A inquietude para desbravar novos caminhos

Nosso entrevistado é o empresário Marcus Buaiz, sócio e conselheiro das empresas Spark, DryCat, Digia, Beedoo, Veroni, Studio Ventre, Geiko San, Azos, Jomi Houses e Jay 40, e que foi pioneiro na área de Marketing Esportivo e gestão de carreiras.

Marcus, como você iniciou uma carreira de tanto sucesso?

Eu sempre tive vontade de construir minha própria história. Meu avô, Américo Buaiz, fundou há 80 anos o que hoje um grupo empresarial muito forte no Espírito Santo, onde nasci. A família atua nas áreas de trigo, café, é dona de um shopping center, atua no setor de Comunicações, Educação e Finanças. Eu cresci ouvindo conversas sobre negócios nos almoços familiares. Mas tinha a inquietude de construir minha própria história e para isso precisava sair do núcleo familiar. Como minha grande paixão sempre foi o entretenimento, aos 18 anos criei com capital próprio um projeto chamado Vitória Pop Rock, que foi um grande sucesso no Espírito Santo. Este foi o início de uma longa história.

Saí do meu estado e comecei a trabalhar com entretenimento e esportes. A Nine foi a minha primeira empresa, que fundei junto com o Ronaldo e parceria de um grupo internacional, o WPP. Com esse grupo tive oportunidade de aprender a liderar em âmbito mundial, a participar de reuniões e projetos diários com o mundo inteiro. Fizemos parceira com Neymar pai, Neymar Júnior, Paolla Oliveira, Bruninho do vôlei, Pedro Barros do skate e nos tornamos uma das empresas de marketing esportivo mais respeitadas do mundo. Como sempre fui de entretenimento, também criamos vários festivais e administrávamos contas publicitárias.

Quando começamos a fazer gestão da carreira do Anderson Silva, surgiu o fenômeno do Twitter e, com ele, o crescimento da demanda da venda da imagem do Anderson neste novo nicho, como por exemplo, fazer postagens a caminho de uma luta. Também desenvolvemos uma parceria do Ronaldo com a Claro e, em 2010, ele foi o primeiro profissional a comentar a Copa do Mundo pelo Twitter.

Você acha que ter uma mentalidade futurista foi importante para entender que as mídias sociais não eram apenas uma tendência passageira?

Exato. Percebemos que havia um novo movimento irreversível das mídias sociais no mercado. Nosso parceiro, o grupo WPP, o maior grupo de mídia do mundo na época, não acreditou, achava que era uma coisa passageira, Mas nós acreditamos e tivemos ousadia para investir, mesmo sem o WPP. Eu sabia que as redes sociais iriam se diversificar e foi o que aconteceu: depois do Twitter surgiu o Instagram, o Tik Tok e várias outras redes. Cada um no seu espaço, no seu momento. Hoje nossa empresa da área, a Spark, fatura mais de R$ 200 milhões por ano.

Para você qual o modelo de trabalho que mais funciona?

Quando falo de trabalho, falo de conhecimento. Gosto de aprender e participar de projetos que proporcionam essa possibilidade. O talento humano é primordial para conseguirmos construir algo grande. Ninguém faz nada sozinho. Essa foi a mudança mais importante da minha carreira ao longo do tempo: não personifico mais projetos. Para mim a construção de time é cada dia mais importante, porque gera mais conhecimento, mais informação, mais troca, mais debate. Eu acredito em sociedades e que elas somente podem dar certo de forem complementares, ou seja não ter pessoas fazendo a mesma coisa e disputando espaço para concretizar o mesmo sonho. É preciso construir o sonho em conjunto e como um time, cada um atuando numa posição.

Qual o papel da tecnologia nas suas decisões?

Temos que acompanhar sempre a tecnologia, que se modifica a cada momento e produz informações que mostram os resultados sempre atualizados das ações. Por isso acreditei, lá atrás, que as mídias sociais iriam permitir uma mensuração mais exata que a mídia hoje chamada de off line, que não deixa de ser complementar ao modelo online mas é difícil de mensurar. As redes sociais foram desenvolvidas, divididas e diversificadas a partir desse conceito de mensuração. Hoje podemos comprovar tudo pelos cliques, pela propagação, pelas informações mais imediatas e reais.

Quais são seus outros empreendimentos?

Sou um empreendedor nato. Amo o que faço. Acredito que o empreendedorismo é transformador e possibilita transformar sonhos em realidade. Ao mesmo tempo em que criávamos a Nine, investi em casas noturnas e cheguei a ter treze, mas num determinado momento específico da vida tomei a decisão de vender para um fundo internacional. Isso me permitiu capitalizar uma holding que chamou de Jay e passei a diversificar e empreender em vários negócios. Hoje sou sócio e conselheiro de várias empresas: Spark, DryCat, Digia, Beedoo, Veroni, Studio Ventre, Geiko San, Azos, Jomi Houses e Jay 40. Além disso, no ano passado fui convidado para ser embaixador do Banco BTG Pactual.

E o futuro?

O ano de 2023 vai ser muito importante. Estou dando início a um projeto editorial de um livro na área de vendas, pois acredito que tenho um caminho interessante para compartilhar sobre o segmento de negócios. Estou muito entusiasmado também com uma nova empresa, a Ventre Studio, que criei com o Celso Loducca e mais cinco sócios para desenvolver ideias para streamings, um segmento que cresceu muito durante a pandemia e continua muito forte. Este ano vamos consolidar um projeto internacional e desbravador com a DC Comics, que é conhecida pelos filmes do Batman e do Aquaman, para contar a história de Iemanjá.