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O problema da fraude no ecossistema corporativo latino-americano

Estudo da empresa Indicium Solutions mostra que houve um aumento de 35% nos casos de fraude financeira nestes últimos 3 meses

Pandemia: somente em 2020, 130 novas formas de fraude online surgiram na América Latina e no Caribe (Truora/Divulgação)
Pandemia: somente em 2020, 130 novas formas de fraude online surgiram na América Latina e no Caribe (Truora/Divulgação)
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Daniel Bilbao

Publicado em 11 de novembro de 2020 às, 06h00.

A América Latina é historicamente uma região desigual. E agora, por causa da pandemia, segundo a CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) estima-se que cerca de 45 milhões de latino-americanos voltem a cair na pobreza. Isso significa um aumento nos índices de criminalidade, e a fraude, sem dúvida, é um grande preocupação.

Na verdade, um estudo lançado pela empresa Indicium Solutions em outubro deste ano indicou que apenas no caso de fraude financeira houve um aumento de 35% nestes últimos 3 meses em relação ao mesmo período de 2019. Essa cifra equivale a mais de 9 bilhões de ataques na América Latina e no Caribe.

O aumento se deve ao fato de que enquanto todos fomos continuar nossas vidas do computador e do celular, as empresas foram obrigados a mudar seus ativos para a nuvem. A consequência foi que as estratégias de prevenção de fraudes falharam, à medida que o leque de possibilidades de fraude aumentava.

Somente neste ano, 130 novas formas de fraude online surgiram na América Latina e no Caribe e, para várias delas, muitos gerentes de Risk & Compliance ou heads de fraude ainda não conseguiram encontrar uma solução.

Quanto menos fraudes, maiores as possibilidades de crescimento da região

Em meus anos como CEO trabalhando pela prevenção de fraudes, entendo que, além de criar ferramentas eficazes com a ajuda da tecnologia, criar ecossistemas seguros para as organizações em geral, apoia o desenvolvimento e a competitividade da região.

Acabar com o phishing, o Business Email Compromise, o roubo de identidade, ou roubo de contas, é uma tarefa em que todos os líderes devem colaborar sem competir porque no final, se conseguirmos ser mais seguros, aumentamos as possibilidades de investimento de capital de risco. Precisamos hoje mais do que nunca dar novamente aos empreendedores desta região com grande potencial, oportunidades para sair da crise causada pela pandemia.

Mas, por quê? No ano passado os investimentos em startups de tecnologia latino-americanos chegaram a mais de 4.500 milhões de dólares segundo a Associação de Investimentos de Capital Privado da América Latina (LAVCA), e justamente os países que maior investimento ganharam foram o Brasil , Colômbia e México. O ecossistema estava muito otimista com isso, mas com a chegada da pandemia, os investidores se concentraram em economizar capital e, pelo menos no primeiro semestre deste ano, os investimentos foram reduzidos 60%.

Neste momento o ecossistema aguarda e dá o seu melhor para continuar a ganhar a confiança dos investidores e voltar aos níveis de 2019. Para isso, a fraude é uma das formas, e seguramente a melhor, para voltar a ganhar oportunidades nesta região com grande potencial.

É por isso que o foco nas estratégias de desenvolvimento das empresas latino-americanas deve ser treinamento dos empregados, e aumentar nos recursos destinados à prevenção de ameaças que incluem, principalmente, a criação de equipes especializadas.

A recomendação que sempre dou aos meus clientes é educar os funcionários, erro humano ou simples descuido estão relacionados a 95% das falhas de segurança que encontro diariamente, por isso é fundamental saber as táticas utilizadas e desconfiar de tudo que chega até nós, levando em consideração aquilo que é "esquisito demais para ser verdade".