Como a tecnologia pode ajudar nossas escolas a vencer o Coronavírus?
No Instituto Crescer temos diversos materiais que ajudam os professores na utilização das novas tecnologias como ferramentas educacionais
allanluciana
Publicado em 18 de março de 2020 às 09h47.
Última atualização em 18 de março de 2020 às 11h52.
(*) Luciana Allan
O avanço do Coronavírus está forçando escolas e universidades a rever suas metodologias de ensino. O Ministério da Educação (MEC) divulgou que irá publicar uma portaria para permitir que escolas da educação básica substituam aulas presenciais por aulas a distância por um período de 30 dias, que poderá ser prorrogado.
Com o fechamento das instituições, da noite para o dia milhares de professores e milhões de estudantes terão que encontrar novas formas de lecionar e aprender, o que será um enorme desafio para quem ainda está acostumado com salas de aulas cercadas por paredes, com cadeiras enfileiradas, um quadro branco e, algumas vezes, um projetor multimídia.
Não podemos esperar que todos se adaptem repentinamente a estes novos tempos. Sabemos dos inúmeros problemas de conexão à Internet, mas é um ótimo momento para nos reinventarmos e criarmos coragem de testar o uso de ferramentas tecnológicas já disponíveis para estruturarmos alternativas no formato de educação a distância. Pensar fora da caixa pode ajudar a mitigar o problema momentâneo, como também colaborar para fortalecer a cultura digital e avançar rumo à uma nova educação, como há bastante tempo já temos discutido.
Venho acompanhando o que as escolas e docentes de outros países, e também agora no Brasil, estão realizando para minimizar os impactos da pandemia no ano letivo. Os relatos de professores das dificuldades que têm encarado para manter as escolas online e não interromper as aulas não chegam a surpreender, já que, especialmente na educação básica, o EAD ainda é uma prática pouco adotada, restringindo-se algumas vezes a determinadas estratégias com o Ensino Médio.
A boa notícia é que muitos professores vêm deixando de lado os preconceitos e estão sendo resilientes, buscando entender o potencial dos recursos disponíveis, não se furtando a buscar e implementar soluções tecnológicas que antes do vírus eram vistas como secundárias e agora se transformaram em ferramentas padrões para dar aulas síncronas e assíncronas, compartilhar conteúdos, corrigir trabalhos, tirar dúvidas e trocar conhecimentos.
Neste processo, em muitas escolas a equipe de tecnologia educacional tem tido papel importante, como é o caso da equipe da Avenues São Paulo, liderada pela Lia Muschellack, e da Escola Projeto Vida, liderada pela Maristela Alcântara, que organizaram tutoriais com orientações aos professores e à comunidade escolar. São dicas simples, mas que têm sido essenciais para que os docentes se sintam mais seguros e preparados para se aventurar neste novo universo do mundo digital.
Em artigo para o Edutopia, a consultora americana em educação Laurel Schwartz conta como tem sido sua experiência em ministrar aulas a distância a partir da sua casa para alunos chineses que tiveram suas escolas fechadas em Beijing. Não foi e não tem sido fácil. Em menos de uma semana, ela e seus colegas tiveram que se organizar para estruturar uma escola online, o que incluiu implementar uma plataforma digital que nunca haviam utilizado antes.
Aqui no Instituto Crescer, hoje todo nosso time participou de um treinamento na plataforma Microsoft Teams, que será um dos nossos principais canais na nuvem para mantermos nossas atividades de formação continuada junto a professores em diferentes lugares do Brasil. A questão é não perder tempo e reforçar os treinamentos no uso de ferramentas digitais, o que irá ocorrer, claro, não somente no segmento de educação, mas em todas as áreas de negócios.
Flexibilidade e paciência é o que recomenda Laurel. No princípio muitas atividades que eram anteriormente realizadas exclusivamente presencialmente levaram um tempo maior quando passaram a ser executadas online. Mas na medida em que o virtual se tornou o novo real, os alunos foram se tornando mais engajados e mergulharam de cabeça em experiências relevantes de aprendizado online. Através de aplicativos e softwares, as aulas tiveram continuidade seguindo o calendário escolar.
Sim, é possível. Muitas plataformas abertas estão disponíveis e podem ser utilizadas para aulas virtuais, como o próprio Microsoft Office 365, o Google Classroom, o Trello e tantos outros softwares direcionados para organizar reuniões, no caso aulas, fazer upload e download de arquivos, gravar vídeos ou áudios, criar grupos, fazer pesquisas, produzir jogos e várias outras atividades que permitirão criar novos formatos de ensino e aprendizagem online. No meu blog pessoal você pode ver muitas destas possibilidades.
Não custa lembrar que a maior parte dos estudantes, mesmo com acesso limitado à Internet, já usam celulares regularmente e estão prontos para acessar ferramentas como estas, incluindo aí o WhatsApp e outras redes sociais que, se bem utilizadas, podem ser uma excelente saída para organizar o conteúdo didático e manter os alunos conectados e engajados.
Laurel recomenda que os professores promovam também atividades em papel para que os estudantes não fiquem o tempo todo na frente do computador ou do smartphone. As orientações podem ser dadas online, mas as atividades podem ser desplugadas e, depois de finalizadas, fotografadas, filmadas ou digitalizadas para serem compartilhadas com os colegas e docentes. Projetos STEAM, aqueles que envolvem Ciências, Engenharia, Tecnologia, Artes e Matemática, podem, inclusive, ser boas atividades em família para passar o tempo e criar maior interação entre todos.
No horário letivo a sugestão de Laurel é que os professores estejam online em softwares de comunicação instantânea, como o Skype, WhatsApp e Zoom, para atender e interagir com os alunos em tempo real enquanto estão estudando e fazendo suas lições de casa, o que irá trazer maior conforto aos pais e alunos na medida em que diminui a sensação de isolamento.
Para evitar que os alunos se dispersem navegando online, uma recomendação importante é que todos os arquivos sejam disponibilizados em um único repositório online, como por exemplo o One Drive, evitando compartilhar links, o que pode levar a dispersão. Melhor ainda se a instituição puder organizar um LMS (Learning Management System) ou, em português, uma plataforma para gerenciamento de turmas a distância, onde em um único lugar é possível compartilhar documentos, montar uma agenda, interagir em fóruns, criar enquetes, gerenciar turmas etc. Há inúmeros recursos, mas no Brasil o Moodle continua sendo uma das opções mais conhecidas e utilizadas.
Por fim, um ponto fundamental para o sucesso na implementação da educação a distância é envolver os pais e familiares, que inicialmente podem oferecer alguma resistência, mas logo entenderão que esta é uma ótima oportunidade para que seus filhos e filhas, nativos digitais que são, possam continuar os estudos durante o período em que a pandemia perdurar, quando o mais recomendável é aprender em casa longe do contato com os colegas e professores.
Aos professores cabe o desafio de não só pensar em estratégias interessantes para serem ofertadas no formato EAD, como também dimensionar o tempo diário para atividades online, evitando sobrecarregar os alunos e deixá-los desmotivados para vivenciar esta experiência.
No Instituto Crescer temos disponíveis diversos materiais que ajudam os professores na utilização das novas tecnologias como ferramentas educacionais, como os disponíveis nos Guias Crescer em Rede, que podem ser baixados gratuitamente. Vale a pena conferir!
Estamos todos na torcida para que este período de restrição do convívio social seja o mais breve possível. Mas podemos também encarar como uma oportunidade única para promover um processo de transformação digital e inovação pedagógica tão discutido e almejado por todos.
Estamos juntos!
(*) Diretora do Instituto Crescer e Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) com especialização em tecnologias digitais aplicadas à educação .
(*) Luciana Allan
O avanço do Coronavírus está forçando escolas e universidades a rever suas metodologias de ensino. O Ministério da Educação (MEC) divulgou que irá publicar uma portaria para permitir que escolas da educação básica substituam aulas presenciais por aulas a distância por um período de 30 dias, que poderá ser prorrogado.
Com o fechamento das instituições, da noite para o dia milhares de professores e milhões de estudantes terão que encontrar novas formas de lecionar e aprender, o que será um enorme desafio para quem ainda está acostumado com salas de aulas cercadas por paredes, com cadeiras enfileiradas, um quadro branco e, algumas vezes, um projetor multimídia.
Não podemos esperar que todos se adaptem repentinamente a estes novos tempos. Sabemos dos inúmeros problemas de conexão à Internet, mas é um ótimo momento para nos reinventarmos e criarmos coragem de testar o uso de ferramentas tecnológicas já disponíveis para estruturarmos alternativas no formato de educação a distância. Pensar fora da caixa pode ajudar a mitigar o problema momentâneo, como também colaborar para fortalecer a cultura digital e avançar rumo à uma nova educação, como há bastante tempo já temos discutido.
Venho acompanhando o que as escolas e docentes de outros países, e também agora no Brasil, estão realizando para minimizar os impactos da pandemia no ano letivo. Os relatos de professores das dificuldades que têm encarado para manter as escolas online e não interromper as aulas não chegam a surpreender, já que, especialmente na educação básica, o EAD ainda é uma prática pouco adotada, restringindo-se algumas vezes a determinadas estratégias com o Ensino Médio.
A boa notícia é que muitos professores vêm deixando de lado os preconceitos e estão sendo resilientes, buscando entender o potencial dos recursos disponíveis, não se furtando a buscar e implementar soluções tecnológicas que antes do vírus eram vistas como secundárias e agora se transformaram em ferramentas padrões para dar aulas síncronas e assíncronas, compartilhar conteúdos, corrigir trabalhos, tirar dúvidas e trocar conhecimentos.
Neste processo, em muitas escolas a equipe de tecnologia educacional tem tido papel importante, como é o caso da equipe da Avenues São Paulo, liderada pela Lia Muschellack, e da Escola Projeto Vida, liderada pela Maristela Alcântara, que organizaram tutoriais com orientações aos professores e à comunidade escolar. São dicas simples, mas que têm sido essenciais para que os docentes se sintam mais seguros e preparados para se aventurar neste novo universo do mundo digital.
Em artigo para o Edutopia, a consultora americana em educação Laurel Schwartz conta como tem sido sua experiência em ministrar aulas a distância a partir da sua casa para alunos chineses que tiveram suas escolas fechadas em Beijing. Não foi e não tem sido fácil. Em menos de uma semana, ela e seus colegas tiveram que se organizar para estruturar uma escola online, o que incluiu implementar uma plataforma digital que nunca haviam utilizado antes.
Aqui no Instituto Crescer, hoje todo nosso time participou de um treinamento na plataforma Microsoft Teams, que será um dos nossos principais canais na nuvem para mantermos nossas atividades de formação continuada junto a professores em diferentes lugares do Brasil. A questão é não perder tempo e reforçar os treinamentos no uso de ferramentas digitais, o que irá ocorrer, claro, não somente no segmento de educação, mas em todas as áreas de negócios.
Flexibilidade e paciência é o que recomenda Laurel. No princípio muitas atividades que eram anteriormente realizadas exclusivamente presencialmente levaram um tempo maior quando passaram a ser executadas online. Mas na medida em que o virtual se tornou o novo real, os alunos foram se tornando mais engajados e mergulharam de cabeça em experiências relevantes de aprendizado online. Através de aplicativos e softwares, as aulas tiveram continuidade seguindo o calendário escolar.
Sim, é possível. Muitas plataformas abertas estão disponíveis e podem ser utilizadas para aulas virtuais, como o próprio Microsoft Office 365, o Google Classroom, o Trello e tantos outros softwares direcionados para organizar reuniões, no caso aulas, fazer upload e download de arquivos, gravar vídeos ou áudios, criar grupos, fazer pesquisas, produzir jogos e várias outras atividades que permitirão criar novos formatos de ensino e aprendizagem online. No meu blog pessoal você pode ver muitas destas possibilidades.
Não custa lembrar que a maior parte dos estudantes, mesmo com acesso limitado à Internet, já usam celulares regularmente e estão prontos para acessar ferramentas como estas, incluindo aí o WhatsApp e outras redes sociais que, se bem utilizadas, podem ser uma excelente saída para organizar o conteúdo didático e manter os alunos conectados e engajados.
Laurel recomenda que os professores promovam também atividades em papel para que os estudantes não fiquem o tempo todo na frente do computador ou do smartphone. As orientações podem ser dadas online, mas as atividades podem ser desplugadas e, depois de finalizadas, fotografadas, filmadas ou digitalizadas para serem compartilhadas com os colegas e docentes. Projetos STEAM, aqueles que envolvem Ciências, Engenharia, Tecnologia, Artes e Matemática, podem, inclusive, ser boas atividades em família para passar o tempo e criar maior interação entre todos.
No horário letivo a sugestão de Laurel é que os professores estejam online em softwares de comunicação instantânea, como o Skype, WhatsApp e Zoom, para atender e interagir com os alunos em tempo real enquanto estão estudando e fazendo suas lições de casa, o que irá trazer maior conforto aos pais e alunos na medida em que diminui a sensação de isolamento.
Para evitar que os alunos se dispersem navegando online, uma recomendação importante é que todos os arquivos sejam disponibilizados em um único repositório online, como por exemplo o One Drive, evitando compartilhar links, o que pode levar a dispersão. Melhor ainda se a instituição puder organizar um LMS (Learning Management System) ou, em português, uma plataforma para gerenciamento de turmas a distância, onde em um único lugar é possível compartilhar documentos, montar uma agenda, interagir em fóruns, criar enquetes, gerenciar turmas etc. Há inúmeros recursos, mas no Brasil o Moodle continua sendo uma das opções mais conhecidas e utilizadas.
Por fim, um ponto fundamental para o sucesso na implementação da educação a distância é envolver os pais e familiares, que inicialmente podem oferecer alguma resistência, mas logo entenderão que esta é uma ótima oportunidade para que seus filhos e filhas, nativos digitais que são, possam continuar os estudos durante o período em que a pandemia perdurar, quando o mais recomendável é aprender em casa longe do contato com os colegas e professores.
Aos professores cabe o desafio de não só pensar em estratégias interessantes para serem ofertadas no formato EAD, como também dimensionar o tempo diário para atividades online, evitando sobrecarregar os alunos e deixá-los desmotivados para vivenciar esta experiência.
No Instituto Crescer temos disponíveis diversos materiais que ajudam os professores na utilização das novas tecnologias como ferramentas educacionais, como os disponíveis nos Guias Crescer em Rede, que podem ser baixados gratuitamente. Vale a pena conferir!
Estamos todos na torcida para que este período de restrição do convívio social seja o mais breve possível. Mas podemos também encarar como uma oportunidade única para promover um processo de transformação digital e inovação pedagógica tão discutido e almejado por todos.
Estamos juntos!
(*) Diretora do Instituto Crescer e Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) com especialização em tecnologias digitais aplicadas à educação .