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A escola na nuvem e o aprendizado em rede

“Conte-me e eu esqueço. Mostre-me e eu apenas me lembro. Envolva-me e eu compreendo”. Confúcio Em março publiquei um post sobre como os conceitos de BYOD (Bring Your Own Device), Cloud Computing e Mobile Learning estão impactando e continuarão desempenhando um papel importante na criação de uma nova escola, sem muros, conectada a redes de aprendizado e que tem nos alunos os grandes protagonistas da construção do próprio conhecimento, a […] Leia mais

C
Crescer em Rede

Publicado em 26 de maio de 2015 às, 13h45.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 08h02.

“Conte-me e eu esqueço. Mostre-me e eu apenas me lembro.

Envolva-me e eu compreendo”.

Confúcio

Em março publiquei um post sobre como os conceitos de BYOD (Bring Your Own Device), Cloud Computing e Mobile Learning estão impactando e continuarão desempenhando um papel importante na criação de uma nova escola, sem muros, conectada a redes de aprendizado e que tem nos alunos os grandes protagonistas da construção do próprio conhecimento, a qualquer hora, em qualquer lugar.

Convidada a falar sobre o tema, neste último final de semana no Congresso BETT Brasil, o principal evento brasileiro do mercado de educação, decidi realizar uma pesquisa para identificar, entre outros dados, como está a adoção nas escolas brasileiras do BYOD e de serviços Cloud, qual a percepção da comunidade escolar sobre suas vantagens e seus riscos e para quais finalidades são utilizados.

Busquei identificar se há diferenças entre as realidades das escolas públicas e privadas, o que me trouxe revelações de diferenças bastante acentuadas, como apenas 18% das instituições públicas terem uma política definida para o uso dos equipamentos contra 81% nas particulares.

Outro grande abismo está na permissão para o uso de celulares para realizar atividades escolares – 59% das escolas privadas autorizam, mas 69% das públicas não deixam o aluno levar o próprio telefone para sala de aula. Já o uso de tablets ou laptops é permitido na maior parte das escolas, tanto nas públicas (54%) quanto nas privadas (59%).

A grande maioria dos pesquisados, 93% nas particulares e 91% nas públicas, é a favor do uso de equipamentos pessoais, o que, boa notícia, mostra uma forte disposição para integrar as novas tecnologias no dia a dia da escola, apesar da resistência natural de alguns professores por não saber como utilizá-las, além de ter medo de perder sua autoridade e ser substituído por softwares e hardwares.

Entre os pontos a favor, foram mencionados a maior disponibilidade de equipamentos, a não dependência somente dos dispositivos da escola, que nem sempre funcionam bem, o maior cuidado com os equipamentos pelos alunos, visto que são pessoais, e, por fim, que a aula fica mais dinâmica se todos tiverem os recursos à disposição. Entre os fatores contrários, a falta de formação de professores, de padronização dos equipamentos e a preocupação com o uso inadequado por parte dos alunos foram os aspectos mais comentados.

A questão da segurança dos alunos também é uma preocupação de todos. Inclusive, há dúvidas sobre a responsabilidade pelo roubo quando a escola estimula o uso dos dispositivos móveis em sala de aula. Foi questionado: poderá a escola ser responsabilizada e ter que ressarcir o aluno?

Um pouco mais sobre o perfil das escolas que fizeram parte da pesquisa: 71% das públicas e 88% das particulares têm acesso à Internet configurado para restringir o acesso a alguns sites. Já a disponibilidade de acesso em qualquer lugar da escola é maior nas particulares (58%) do que nas públicas (26%).

Agora, em relação ao Cloud Computing, vejamos o resultado da pesquisa: o uso de serviços na nuvem já é uma realidade nas escolas particulares (67% acessam), mas ainda não é frequente nas públicas (65% não acessam). No caso das públicas, a maior finalidade do cloud computing é facilitar a troca de documentos entre professores e gestores (44%) e nas particulares para troca de documentos em geral, tanto entre alunos e professores, quanto entre professores e gestores (64%). A ferramenta mais utilizada é o Google Drive (41% nas públicas e 38% nas particulares), seguido pelo Dropbox (35% das públicas e 15% nas particulares) e o Microsoft OneDrive, mencionado por 23% das particulares, mas sem citação nas públicas.

O receio em armazenar e compartilhar documentos na nuvem não mostrou ser uma preocupação – 76% das particulares e 60% das públicas se sentem seguras. Como vantagens do Cloud Computing foram apontados a independência da rede da escola, que muitas vezes está cheia de vírus, a otimização da aprendizagem e comunicação entre alunos e professores e a facilidade de acesso de qualquer lugar. Como desvantagens tivemos a preocupação que hackers vejam documentos pessoais e o medo de perder documentos armazenados na nuvem.

A penalidade que deve ser aplicada nos casos dos alunos invadirem os sistemas das escolas e acessarem informações confidenciais também foi questionada na pesquisa. As particulares foram mais rígidas, com 52% indicando suspensão, enquanto entre as públicas 38% sugeriram uma advertência. A expulsão foi mencionada em apenas 6% das públicas e 5% nas particulares. Não dar nenhuma punição foi a alternativa de 19% nas públicas e 10% nas privadas.

Em resumo, avalio que há um interesse geral e um movimento para uso dos dispositivos móveis pessoais, bem como o uso da infraestrutura de computação na nuvem. O uso ainda é básico e apoiado por processos tradicionais de gestão das tecnologias digitais na escola, tanto que não há um consenso em como agir, por exemplo, quando um aluno invade o sistema da escola. As opiniões são diversas e os argumentos mais ainda.

O fato é que impedir os alunos de utilizarem o celular, o tablet ou o laptop nas suas atividades, seja em casa ou na sala de aula, é como pedir para que não respirem e continuem vivos. Conectá-los em redes de aprendizado, orientá-los como utilizar as ferramentas e colocar a escola na nuvem para que acessem independente do tempo e do espaço é desafiador, sem dúvida. Mas simplesmente proibir será como dar uma sentença de exclusão social, de exclusão digital, e de negar o direito de um aprendizado sintonizado com as habilidades desejadas pelo mercado corporativo.

Acesse aqui uma apresentação das pesquisas.