O poder dos grandes eventos esportivos: um olhar sobre a Fórmula 1 no Brasil
O Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 é exemplo da influência do esporte na economia e no espírito humano
Publicado em 21 de novembro de 2023 às, 09h54.
Com mais de três décadas no mercado financeiro, observo de perto o impacto que os grandes eventos esportivos podem ter, tanto na economia quanto no espírito humano. O Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, realizado no Autódromo de Interlagos, em 5 de novembro, é um exemplo desta influência. De acordo a Fundação Getúlio Vargas, a prova gerou um impacto econômico de R$ 1.64 bilhão para São Paulo, um crescimento expressivo de 12.9% em relação a edição de 2022.
O esporte, em sua essência, vai além da competição. Ele representa uma linguagem global que transcende barreiras culturais e sociais, unindo diferentes origens em torno de um interesse comum. Quando esporte dá um passo a mais e oferece atrações para além do evento em si, o resultado não pode ser diferente: o GP Brasil de F1 de 2023 teve recorde de público, 267 mil pessoas no autódromo ao longo dos três dias, um incrível aumento de 47% em comparação a 2021, ano que tinha registrado o maior público até então.
Entendo que no contexto dos grandes eventos esportivos, como a Fórmula 1, podemos ver uma mistura única de paixão e entretenimento que movem a economia local. Não são apenas competições, mas sim verdadeiros festivais que celebram o espírito gregário humano e a nossa busca natural e incansável por excelência e superação.
Como falei no início deste artigo, do ponto de vista econômico, os benefícios são imensos. Grandes eventos esportivos geram não apenas receita significativa, mas também uma enorme visibilidade para as marcas atreladas. Este ano marcou a estreia da Rolex como detentora dos namings rights do GP Brasil de F1, que contou ainda com patrocínios de marcas como Porto Seguro Bank, Mubadala, Claro e Raízen, além de uma ativação diferenciada, o Heineken Village, espaço de 30 mil metros quadrados produzido no formato do principal símbolo da marca, uma estrela, que permitiu aos convidados acompanharem à prova a meros 30 metros da pista.
Se por um lado um evento como este atrai turistas, investimentos e melhorias, por outro também cria empregos, tanto direta quanto indiretamente, impulsionando setores como hotelaria, transporte e alimentação. Esse impacto social é particularmente visível em um país tão necessitado de amparo, quanto também apaixonado por esportes como é o Brasil.
A experiência no mercado financeiro me mostrou a importância do planejamento estratégico e visão de longo prazo. É dentro desse contexto que, mais uma vez, a Fórmula 1 se destaca. Com números impressionantes, o GP Brasil se consolida cada vez mais como o principal evento esportivo recorrente do país. E, aqui, vale um destaque, estes eventos não são apenas momentos de alegria, mas oportunidades para cidades e países mostrarem seu potencial, sua cultura e sua capacidade de hospedar eventos globais. Eles são investimentos no futuro, sementes que, quando plantadas com cuidado, podem florescer em legados duradouros.
Aclamado pelo público e abraçado pelos brasileiros, o GP Brasil de F1 vai continuar gerando impacto. Durante a realização da etapa deste ano, a organização confirmou a renovação de contrato até 2030
Vejo o esporte como algo vital para a saúde mental coletiva, pois oferece uma válvula de escape, um momento para celebrar, se unir em torno de algo maior. A emoção de ver um carro de Fórmula 1 rasgando a pista nos é tão excitante porque traz a associação imediata com nossa vida: rápida e fugaz, mas intensa na busca de se sentir amado e vitorioso, mesmo que por décimos de segundo!
Se por um lado Ralph Valdo Emerson lembra que às vezes a velocidade é um componente de segurança, por outro não podemos esquecer da ressalva que o poeta Edson Marques nos faz: (na vida) a direção é mais importante do que a velocidade!