Criatividade é palavra-chave para ecossistema brasileiro de inovação
Em novo artigo, o CTO da Falconi, Breno Barros, fala sobre o papel da eficiência no uso de capital para as empresas inovadoras do país
Publicado em 24 de março de 2023 às, 19h45.
Última atualização em 24 de março de 2023 às, 19h47.
A criatividade talvez seja a grande aliada do ecossistema de inovação neste ano. Com menos recursos disponíveis no mercado, as empresas brasileiras inseridas neste cenário terão de ser criativas para manter ou gerar até mais valor do que vinham entregando em 2022. Entre invernos e verões, certamente a eficiência no uso de capital (ou capital efficiency) norteará a inovação e boa parte das decisões dos times dessas companhias.
Em uma realidade na qual os investidores até estão abertos ao risco, porém sem tolerância para negligências, as empresas inovadoras devem focar na busca de clareza e consistência para atingir resultados mais sustentáveis. Para isto, devem se atentar a um ponto importantíssimo – e menos presente do que deveria neste debate: o cliente. Por mais óbvio que pareça, tal constatação ainda não está tão clara assim para boa parte dos stakeholders.
Mais que nunca, é preciso entender que as companhias contam com um só cliente: o externo, que é quem consome seus serviços e produtos. Aqueles das áreas interna, chamados de “clientes”, nada mais são do que usuários dos processos dessas empresas. O objetivo principal deles e de todas as áreas é o mesmo: atender o cliente externo, colocando-o no centro de tudo o que é feito.
O entendimento dessa movimentação e dessa otimização em gestão pode permitir que as corporações priorizem melhor e entreguem aquilo que realmente gera valor, evitando erros no planejamento estratégico. Essas medidas e percepções também permitem aos gestores o foco em ações voltadas para as 'dores' encontradas na jornada de seus consumidores. Além disso, possibilitam a compreensão dos problemas reais do negócio, ajudando a companhia a se entender e posicionar dentro de seu mercado, em meio a inúmeras mudanças.
Indo um passo além da criatividade, outra palavra de extrema importância para o ecossistema de inovação, no Brasil e no mundo, é “agilidade”. Velha conhecida dos inovadores, seu papel é cada vez mais relevante para as empresas. Neste cenário desafiador, de safras e entressafras, mais do que ferramenta tecnológica, os rituais e o mindset ágil têm impacto crescente no mercado.
Mas, cuidado! Se você olhar bem para a maioria dos frameworks sob o rótulo 'ágil escalado', muitos apresentam tendência a “inflar” equipes. Portanto, o ideal é manter governança voltada para geração de valor, controle financeiro, controle de qualidade, engajamento e produtividade, baseados em ciclos curtos de acompanhamento.
Nas startups, mensurar é a nova ordem. Falhar até é permitido, pois faz parte do processo da inovação. Mas negligenciar e começar a consumir caixa, assim como atrasar retornos previstos na linha do tempo, jamais. O plano de negócios tem de ser honrado. Nada diferente disso é permitido.
E não se trata só gestão: tecnologias como inteligência artificial podem ajudar bastante nessa orientação pela eficiência do capital. A IA ajuda na otimização de operações pela sua capacidade de processamento de dados, simulação de cenários produtivos e prescritivos e suporte a tomada de decisão. É uma grande aliada para que se entenda melhor o cliente, via análises de atendimento dos serviços. Permite segmentação para máxima personalização e, assim, ajuda nas estratégias de atração de novos clientes.
Para tanto, nem é preciso ir muito longe. A grande estrela do momento, o ChatGPT, já é capaz de tornar mais eficientes muitos trabalhos nos escritórios atuais. Ele ajuda inclusive a ter mais eficiência em tecnologia, como, por exemplo, em identificação de bugs de produtos digitais, criação de códigos de testes automatizados, geração de documentação e até mesmo otimização de códigos de produtos digitais.
Em resumo: a inovação prática é tema urgente dentro das corporações e na sociedade como um todo. Em um momento muito diferente da euforia e abundância dos últimos anos, unicórnios começam a voltar para o campo da fantasia, enquanto o crescimento com eficiência toma seu lugar como prioridade de empresas e investidores.
Breno Barros é Chief Technology Officer e sócio na Falconi.