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Cenários e caminhos para o ecossistema de inovação

Em nova coluna, CTO da Falconi fala sobre o amadurecimento do venture capital e aponta alternativas pragmáticas para a tecnologia prosperar nas companhias

Já é possível observar um amadurecimento notável em relação ao ecossistema brasileiro de inovaçã (PM Images/Getty Images)
Já é possível observar um amadurecimento notável em relação ao ecossistema brasileiro de inovaçã (PM Images/Getty Images)

Após encarar cenários bons, ótimos, ruins e muito ruins, pode-se dizer que já é possível observar um amadurecimento notável em relação ao ecossistema brasileiro de inovação, cada vez mais diligente. 

Este movimento se refletiu em uma série de maneiras, como: o aumento no número de fundos de venture capital e corporate venture capital; na maior experiência – e resiliência – dos fundadores; nos casos de saídas (exits) bem-sucedidas de diversas startups; e no crescimento dos intermediários da inovação, tais quais as consultorias, aumento no número de eventos e estudos, entre outros. 

Pensar em maturidade é um exercício de extrema importância para o ecossistema brasileiro. O que se torna ainda mais relevante depois de vivermos os anos de abundância, com dinheiro de sobra no mercado, muitas vezes sendo trabalhado de maneira pouco planejada, sem boa gestão e de forma até irresponsável por investidores e empreendedores. 

O contexto de 2023 mudou e logo o cenário se adaptou, chegando a assustar empreendedores despreparados para trabalhar com menos recursos e trazendo à mesa o valor do planejamento estratégico, da governança, do desdobramento de metas e de todos os pilares que formam uma gestão profissionalizada e voltada para a geração de valor real. Um olhar mais pragmático, sim, mas totalmente necessário. O que gerou pivotagens nos modelos de negócio, mais cautela na gestão do capital e uma série de demissões, como pudemos ver ao longo do ano.

Parte de um processo

Com tudo isso no horizonte, é importante saber quais são os nossos objetivos enquanto ecossistema pujante, criativo e absolutamente rico em tantos aspectos. E, mais importante, é de extrema urgência que saibamos como vamos chegar lá. 

Não dá mais para caminhar de forma amadora, gastando-se tanto sem monitoramento (governança) e eficiência – eficiência em processos, eficiência contábil, eficiência em vendas, em custos, no desenvolvimento dos produtos etc. A lista é longa e o trabalho mais árduo ainda. Mas sem olharmos para isso com a devida importância, não amadurecermos e cresceremos como nosso ecossistema tem potencial. 

Caminhos

Ressaltar todos esses pontos é providencial, visto que as expectativas para o ano que vem são positivas. Apesar da cautela gerada pela taxa de juros ainda elevada, já é possível vislumbrar um cenário mais favorável em 2024, com grandes rodadas de investimentos em startups retomando nesse segundo semestre de 2023, especialmente em série B, como exemplos da Gympass, Creditas, Digibee, dentre outras.

Quanto aos segmentos de atuação, as fintechs continuam a se destacar no Brasil, seguidas por retailtech, healthtech e martech. Houve também uma melhora dos investidores comtech, como a Digibee, mas com certeza serão mais pontuais.

Contudo, precisamos destacar as agtechs e agrifoodtechs (alimentos inovadores e novas tendências alimentares), que representam cada vez mais uma aposta promissora, dada a atual situação e demandas no setor de agronegócio brasileiro. Hoje, de acordo com o Radar Agtech Brasil 2023, já somam mais de 1953 agtech ativas no Brasil, com atuações em toda a cadeia (antes, dentro e depois da fazenda).