A eterna desafiante: a estratégia que levou a Apple a se tornar a Apple
Mesmo quem critica os produtos da Apple não pode negar que ela é a empresa mais bem sucedida dos últimos quase 20 anos. Desde o lançamento do IMac, em 1998, a empresa tem desafiado líderes em mercados estabelecidos e criado novos mercados até se tornar a primeira empresa a valer mais de US$700 bilhões na bolsa de valores, ou quase o dobro da segunda empresa mais valiosa do mundo, […] Leia mais
Publicado em 27 de fevereiro de 2015 às, 11h04.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 08h08.
Mesmo quem critica os produtos da Apple não pode negar que ela é a empresa mais bem sucedida dos últimos quase 20 anos. Desde o lançamento do IMac, em 1998, a empresa tem desafiado líderes em mercados estabelecidos e criado novos mercados até se tornar a primeira empresa a valer mais de US$700 bilhões na bolsa de valores, ou quase o dobro da segunda empresa mais valiosa do mundo, a gigante petrolífera Exxon-Mobil.
Sua estratégia de negócios e marca sempre foi desafiar o status quo, o que foi lindamente traduzido numa das suas mais célebres campanhas publicitárias como “Think Different” – o princípio estabelecido na garagem de Jobs em 1976 e que continua a direcionar hoje a empresa mais valiosa do mundo. Mas desafiar o status quo é fácil quando você é o mais fraco. Em 1998 era questão de sobrevivência. A então “pequena” empresa de computadores foi obrigada a desafiar para sobreviver. Não o fazer significaria estar eternamente subjugado ao líder.
Já para o líder, o interesse é manter as coisas como estão. Afinal, se nada se alterar, ele continuará sendo o mais forte. Isso impede as empresas convencionais de continuarem se arriscando em inovações. E depois de uma incrível quantidade de lançamentos bem sucedidos, especialmente do IPod, IPad, ITunes e Iphone, e a conquista da liderança nestes mercados, era de se esperar que a empresa alterasse a sua estratégia.
Esta foi a grande pergunta que especialistas de marcas e marketing fizeram entre si quando a empresa assumiu a liderança da categoria de smartphones. Como a empresa que agora tem como interesse manter-se líder irá trabalhar para continuar desafiando os padrões? Será o fim da era do “think different”?
Por um tempo, pensou-se que sim. Ao lançar o seu modelo mais acessível, o IPhone 5C, e posteriormente os IPhones 6 com tamanhos maiores, a empresa parecia seguir um caminho básico do líder: aumentar o número de modelos para fechar flancos contra ataques da concorrência, sem fazer novas revoluções.
Mas a Apple pensou diferente. Sem se preocupar em focar apenas em seu core business, e alavancada pelo vertiginoso crescimento do seu lucro e do valor de suas ações na bolsa de valores, ela se prepara para entrar em novos mercados, onde continuará sendo o desafiante.
Em Março, será lançado o Apple Watch, o smart watch da empresa. Ele promete, assim como Jobs, Wozniak e Wayne em 1976, desafiar os lideres deste mercado e mudar o status quo da categoria, e fará com que os atuais líderes alterem suas estratégias para não sucumbirem à inevitável revolução.
Do ponto de vista de marcas, é um trabalho único. A empresa mais valiosa de todos os tempos, com uma das marcas mais poderosas do mundo, continua fiel ao seu projeto original, transmitindo aos seus atuais consumidores e fanáticos a mesma excitação que seus primeiros consumidores tiveram, em 1977, ao comprarem os primeiros Apple II. A consistência sempre foi uma premissa do branding, mas nenhuma empresa levou isso a cabo com tanta maestria quanto a Apple.
Portanto, mesmo se você ainda não se rendeu aos produtos da empresa, é preciso reconhecer a coragem e a excelência de sua estratégia empresarial e de marca. E esperemos 2020 para ver se, como dizem os rumores, a Apple irá também revolucionar uma categoria que há muito precisa de uma revolução: a indústria automobilística.