(Nadezhda Buravleva/Getty Images)
Colunista
Publicado em 9 de dezembro de 2025 às 21h13.
Por Stéfano Willig, CEO da AWISE QuantoSobra
O G4 Valley 2025 reuniu centenas de empreendedores atrás de uma coisa em comum: aprender como crescer de forma mais inteligente. Entre os destaques do evento, a palestra do Alfredo Soares chamou atenção justamente por falar uma língua que poucos especialistas conseguem usar tão bem. Ele traduz o que parece complicado em ações simples e possíveis até para quem tem um negócio pequeno, trabalha com poucos recursos e precisa fazer cada decisão valer a pena
Ao longo da palestra, Alfredo mostrou que marketing, vendas e posicionamento não são assuntos distantes da realidade do pequeno empreendedor. Pelo contrário. Quando entendidos da forma certa, eles viram ferramentas que ajudam a atrair mais clientes, vender melhor e construir uma marca forte mesmo com orçamento limitado.
É por isso que os ensinamentos do G4 Valley 2025 são tão valiosos. Eles ajudam a enxergar o negócio com novos olhos e mostram caminhos práticos para crescer com mais segurança e menos improviso. E o melhor: qualquer micro ou pequeno empresário consegue colocar essas ideias em prática no dia a dia, sem depender de grandes equipes ou altos investimentos.
Um dos pontos mais fortes da palestra do Alfredo Soares foi a forma como ele desmontou a velha ideia de que marketing é “gasto”. Para muitos pequenos empreendedores, qualquer valor colocado em divulgação parece dinheiro indo embora. Mas Alfredo mostrou que esse pensamento trava o crescimento. Marketing não é uma conta a pagar. Marketing é uma aposta que pode trazer retorno em vendas, reputação e novas oportunidades.
Quando o empresário começa a enxergar marketing como investimento, ele passa a tomar decisões mais inteligentes. Em vez de pensar apenas “quanto custa”, ele passa a se perguntar “o que isso pode me trazer de volta?”. E aqui entra um ponto essencial: o retorno desse investimento não aparece apenas em vendas imediatas. Ele pode vir na forma de mais gente conhecendo a marca, um posicionamento melhor, mais confiança dos clientes e até novas portas se abrindo no futuro.
Para pequenos negócios, isso faz ainda mais diferença. Muitas vezes, o medo de investir impede que a empresa apareça para mais clientes. Algo simples, como impulsionar um post, testar um anúncio ou melhorar a comunicação da marca, deixa de ser um gasto e passa a ser parte do crescimento. É isso que permite que o negócio saia do lugar, atraia mais atenção e comece a se posicionar de forma mais profissional.
O recado do Alfredo foi direto: não se trata de gastar mais, mas de investir com clareza. Investir sabendo o que você quer alcançar. Investir analisando o retorno que cada ação traz. Investir pensando no futuro da empresa, não só no presente. Quando o empreendedor entende isso, marketing deixa de ser uma dor de cabeça e vira uma ferramenta de construção.
O papel dos canais de venda e distribuição na prática
Um dos pontos mais marcantes da palestra do Alfredo foi a forma como ele mostrou que negócios crescem quando dominam seus canais. Para ele, não basta ter um bom produto. É preciso saber por onde ele chega até o cliente. E isso vale tanto para uma grande empresa quanto para um pequeno comércio de bairro.
Alfredo explicou que toda empresa trabalha, mesmo sem perceber, com quatro tipos de canais. O primeiro são os canais validados, que já trazem clientes de forma consistente. Para um pequeno varejo, isso pode ser o WhatsApp, o Instagram ou até a boa e velha indicação. São os canais que já funcionam e que precisam receber a maior parte da energia.
O segundo grupo são os novos canais, que servem para descobrir formas diferentes de atrair clientes. Aqui entram testes simples, como participar de um evento local, criar um grupo de clientes no WhatsApp ou fazer uma parceria com outra loja do bairro. Esses testes não precisam ser caros. O objetivo é ver se existe potencial.
Depois vêm os canais do futuro, que representam onde o cliente pode estar daqui a alguns anos. Pequenos negócios muitas vezes ignoram esse ponto, mas ele é valioso. Criar presença em uma rede social nova, começar a produzir conteúdo ou preparar a marca para um público mais jovem faz parte dessa construção.
Por último, existe o que Alfredo chamou de orçamento suicida, que é o dinheiro reservado para oportunidades inesperadas. É quando aparece uma chance de participar de um evento, fazer uma ação diferente ou aproveitar uma tendência que surgiu de repente. Esse tipo de iniciativa não nasce de um planejamento longo, mas pode gerar resultados importantes.
E aqui entra o aprendizado que muitos empresários precisam ouvir: o retorno de um canal não é apenas venda direta. Um canal pode trazer reputação, fortalecer a marca, aproximar a empresa de clientes importantes ou abrir portas que só aparecem para quem está ativo. Às vezes, o simples fato de um negócio ser visto de forma mais profissional já aumenta a confiança do cliente e melhora a conversão.
O ponto central é que dominar canais não é sobre fazer tudo ao mesmo tempo. É sobre entender onde a empresa já está forte, onde precisa testar e como preparar espaço para oportunidades inesperadas. Com essa visão, o pequeno empreendedor deixa de agir no improviso e começa a crescer de maneira planejada e constante.
Durante a palestra, Alfredo Soares mostrou que a criatividade não é o “dom” que muitos imaginam. Na prática, ela só gera resultado quando chega às pessoas certas. Uma boa ideia guardada vira apenas uma boa ideia. Uma boa ideia distribuída vira cliente, reputação e oportunidade. E é justamente aqui que pequenos negócios podem se destacar sem depender de grandes investimentos.
Hoje, a tecnologia facilita quase tudo. Redes sociais permitem testar ideias rapidamente. Ferramentas simples ajudam a produzir posts e vídeos que mostram o dia a dia da empresa. E o mais interessante é que a criatividade deixou de depender apenas de inspiração. Ela pode ser construída observando tendências, acompanhando o que funciona no mercado e até analisando conteúdos que os concorrentes estão criando.
Para quem está no comando de um pequeno negócio, isso significa ter liberdade de experimentar. Uma foto bem feita, um vídeo rápido mostrando como um produto funciona ou uma história real de um cliente podem chamar atenção de forma muito mais forte do que campanhas caras. A tecnologia abriu espaço para que qualquer empreendedor consiga testar formatos, medir resultados e repetir o que deu certo.
Além disso, ser criativo não é inventar algo mirabolante. É olhar para a própria rotina e enxergar oportunidades de mostrar o valor da empresa. Uma promoção diferente, uma ação especial com clientes fiéis, um vídeo explicando como escolher o produto certo ou até um post contando algo dos bastidores já geram conexão. Quando essa criatividade encontra os canais certos, ela vira crescimento.
O ponto central é que tecnologia e criatividade não exigem perfeição. Exigem movimento. A internet recompensa quem aparece com consistência e autenticidade. E quando o pequeno empresário entende isso, ele descobre que pode competir de igual para igual com empresas maiores, porque o que conta não é o tamanho do orçamento, mas a forma como a empresa se posiciona e conversa com seu cliente.
1) Escolha um canal que já funciona e faça algo nele hoje.
Se o Instagram, o WhatsApp ou a indicação já trazem clientes, faça uma ação simples agora mesmo. Pode ser um post, uma lista de transmissão ou um pedido de indicação.
2) Teste um canal novo sem complicar.
Escolha algo pequeno: participar de um evento local, fazer uma parceria com outra loja ou testar um anúncio de baixo valor. O objetivo é descobrir possibilidades, não acertar de primeira.
3) Melhore uma oferta que já existe.
Sem mudar preço, adicione um benefício, explique melhor o valor do produto ou torne a apresentação mais clara. Muitas vezes isso já aumenta a conversão.
4) Produza um conteúdo curto mostrando a rotina da empresa.
Pode ser uma foto, um vídeo de 10 segundos ou um antes e depois. Conteúdo simples, real e frequente cria conexão com o cliente.
5) Pergunte a três clientes por que eles compraram de você.
As respostas revelam o que realmente importa para eles. Isso te ajuda a ajustar comunicação e entender melhor o comportamento do cliente.
6) Documente o que deu certo nos últimos 30 dias.
Se um post performou bem, transforme em campanha. Se uma ação gerou vendas, repita. O que funcionou precisa ser ampliado.
7) Defina um microinvestimento em marketing para os próximos 7 dias.
Algo pequeno, acessível e com objetivo claro. Esse hábito tira o medo de investir e cria consistência ao longo do tempo.
Para ilustrar como as ideias do Alfredo Soares funcionam na prática, imagine a história da Lúcia, dona de uma pequena loja de roupas no centro da cidade. Durante anos, ela acreditou que marketing era algo distante da sua realidade. Sempre evitou gastar com divulgação e confiava apenas no movimento natural do bairro. A loja funcionava, mas não crescia.
Depois de assistir à palestra do Alfredo no G4 Valley, Lúcia decidiu experimentar uma nova postura. O primeiro passo foi enxergar marketing como investimento. Ela percebeu que não precisava de grandes quantias para começar, apenas clareza. Definiu um valor pequeno por semana e passou a tratá-lo como parte do crescimento da loja.
Ela começou pelos canais que já funcionavam: o WhatsApp e o Instagram. Em vez de postar apenas fotos de roupas, passou a mostrar o dia a dia da loja, contar a história dos produtos e responder clientes com mais proximidade. Aos poucos, percebeu mais engajamento e clientes entrando na loja dizendo que tinham visto algo no perfil.
Com esse movimento inicial, Lúcia decidiu testar um novo canal: uma parceria com um salão de beleza da região. Ela criou uma ação simples, onde clientes do salão ganhavam um cupom de desconto para conhecer a loja. O resultado não foi explosivo, mas trouxe novas pessoas que nunca tinham ouvido falar da marca. Esse pequeno teste mostrou que existiam oportunidades além do que ela já fazia.
A criatividade também ganhou espaço. Lúcia começou a gravar vídeos curtos mostrando como combinar peças, como escolher tamanhos e dando dicas de moda acessíveis. Apesar de simples, esses vídeos geraram conexão com o público e aumentaram a confiança na marca. Não eram produções profissionais, mas eram verdadeiras, e isso fez diferença.
Com essas mudanças, a loja passou a ter mais movimento e mais vendas. Lúcia entendeu algo essencial: o retorno do marketing não vem apenas no caixa do mesmo dia. Ele aparece quando o cliente reconhece a marca, confia no atendimento e passa a indicar a loja para outras pessoas. A soma desses efeitos foi o que colocou a loja em um caminho mais sólido e previsível de crescimento.
A história dela mostra que pequenos ajustes podem gerar grandes resultados. Quando o empreendedor entende seus canais, distribui bem suas ideias e se aproxima do cliente, o negócio passa a crescer de forma mais consistente. E tudo isso é possível mesmo com pouco recurso, desde que exista intenção, clareza e vontade de testar.
A palestra do Alfredo Soares no G4 Valley 2025 deixou um recado claro para quem empreende pequeno: crescer não é sobre ter muita verba, e sim sobre entender profundamente o próprio negócio. Quando o empreendedor percebe que marketing é investimento, domina seus canais e passa a observar o comportamento do cliente com atenção, tudo começa a ficar mais previsível. O crescimento deixa de ser sorte e vira construção.
O que faz diferença não é a ação isolada, e sim a consistência. Um post bem feito, uma parceria simples, um teste de anúncio, uma conversa com o cliente. Cada passo reforça a marca, melhora o relacionamento e aumenta o impacto que o negócio tem no dia a dia das pessoas. E quando isso acontece, pequenas empresas começam a competir de igual para igual com negócios muito maiores.
Para transformar essas ideias em rotina, organização é fundamental. É por isso que muitos micro e pequenos empreendedores usam o QuantoSobra ou o AWISE para acompanhar vendas, entender números e tomar decisões de marketing com mais clareza. Quando o empresário enxerga os dados do seu negócio, fica mais fácil saber quais canais funcionam, o que precisa melhorar e onde vale a pena investir.
No fim, crescer é sobre dominar sua marca, seus canais e seu cliente. É sobre testar, aprender e tentar de novo. É sobre transformar ideias simples em ações reais. E, acima de tudo, é sobre acreditar que o negócio pode evoluir quando existe estratégia, intenção e coragem para dar o próximo passo.