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Reino Unido avança para criação de bebês geneticamente modificados

Relatório estabelece recomendações éticas para que a edição genética não divida a sociedade

Edição genética: técnica pode ajudar a evitar transmissão de doenças (tommasolizzul/Thinkstock)

Lucas Agrela

Publicado em 22 de julho de 2018 às 05h55.

Última atualização em 22 de julho de 2018 às 05h55.

São Paulo – Os bebês geneticamente modificados são possíveis só em tese por enquanto, mas o Reino Unido já se prepara para esse tipo de intervenção genética dos pais sobre seus filhos. Se a tecnologia evoluir e se tornar viável clínica e legalmente, medidas específicas devem ser tomadas. É isso que concluiu uma análise do Nuffield Council on Bioethics, conselho de bioética formado pela Fundação Nuffield, pelo Conselho de Pesquisa Médica e pela organização sem fins lucrativos Wellcome Trust, cujo foco é ajudar a melhorar a saúde da população.

"Há um potencial para intervenções na edição de herança genética serem usadas, em algum ponto no futuro, na reprodução humana assistida, como um meio para as pessoas garantirem certas características em seus filhos. Inicialmente, isso pode envolver a prevenção de transmissão hereditária de problemas genéticos específicos. Entretanto, se a tecnologia se desenvolver, ela tem potencial para se tornar uma estratégia alternativa disponível para que os pais atinjam uma ampla gama de objetivos", diz, em nota, Karen Yeung,da University de Birmingham, na Inglaterra.

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Entre as recomendações do Conselho de Bioética de Nuffield, estão restrições contra mudanças que aumentem a desvantagem, discriminação ou divisão da sociedade. Em todos os casos, o bem-estar indivíduo deve ser considerado prioridade.

O Conselho pede aos legisladores que, antes de por em prática a edição genética de bebês, hajam bastante tempo e espaço para discutir as questões éticas dessa técnica médica. Fora isso, também recomenda a observação de longo prazo e reavaliação se forem notados impactos sociais em decorrência desse avançado da ciência.

Enquanto a edição genética dá à humanidade o poder de evitar a transmissão hereditária de problemas doenças, ela também pode viabilizar outras alterações nos seres humanos recém-nascidos, como dar-lhes certas características visuais, motivo pelo qual o Conselho recomenda cuidado com práticas que dividam–mais–a sociedade.

A técnica de edição genética chamada CRISPR é considerada um caminho para o fim das doenças, ainda que uma pesquisa recente tenha concluído que ela é menos segura para o DNA do que se pensava.

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