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Reabertura do comércio em SP pode aumentar mortes em até 71%, diz pesquisa

Pesquisa de cientistas da USP e da FGV indica que reabertura de comércio em São Paulo aumentará mais de 70% o número de mortes por covid-19

Coronavírus: pesquisadores dizem que reabertura do comércio foi prematura (Eduardo Frazão/Exame)
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Maria Eduarda Cury

Publicado em 15 de junho de 2020 às 17h52.

Última atualização em 15 de junho de 2020 às 18h10.

O afrouxamento do isolamento social no estado de São Paulo pode ser capaz de aumentar em até 71% o número de mortes causadas pelo vírus . É isso que mostra um estudo feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV)

No início do mês de junho, o governador João Doria anunciou que a reabertura das atividades em São Paulo - como o comércio - aconteceriam de forma gradual.

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Na primeira semana de junho, o estado havia registrado mais de 9 mil mortes causadas pelo novo coronavírus. Duas semanas após o início da abertura de shoppings e comércios de rua, o número de mortos aumentou para 10.500.

De acordo com os responsáveis pelo estudo, um cenário onde os comércios permanecessem fechados até o mês de julho resultaria em cerca de 5.500 mortes adicionais. Com a reabertura, porém, o grupo estimou que a intensa propagação do novo coronavírus causaria, além destas 5.500 mortes, mais 10.300 em todo o estado de SP.

Portanto, sem a reabertura, o estado alcançaria um número total de 14.600 mortes até o começo do próximo mês. Com a reabertura, esse número aumentaria cerca de 71%, podendo chegar a até 24.900. Para os especialistas, a abertura do comércio foi prematura e não se atentou para a evolução do contágio da covid-19.

Para realizar a pesquisa, os cientistas utilizaram o estado de Goiás, que reabriu o comércio ainda em abril. Já em maio, o estado registrou 173 mortes - e os pesquisadores estimaram que, caso não tivesse acontecido a flexibilização das medidas de isolamento social, Goiás registraria apenas 63 óbitos pelo novo coronavírus.

Lorena Barberia, cientista política e uma das autoras do estudo, disse para a Folha de S.Paulo que acredita que o estado precisaria se manter conservador em relação ao cumprimento das regras de distanciamento social. Mas, como isso acabou não acontecendo de fato, o aumento de casos seria inevitável em ambos os cenários. "Mesmo se as medidas de isolamento social fossem mantidas em São Paulo neste mês, teríamos um número muito significativo de mortes [...] seria necessário refletir sobre as consequências das medidas tomadas até aqui, em vez de flexibilizá-las tão cedo", comenta Barberia.

Os resultados das pesquisas realizadas pelo grupo estão disponíveis em seu site oficial.

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