OMS reúne ministros para definir um 'tratado global contra pandemias'
Dois anos depois da eclosão da pior pandemia em cem anos, o mundo deve decidir nos próximos dias uma orientação geral sobre como proceder quando um novo vírus surgir
André Lopes
Publicado em 29 de novembro de 2021 às 06h00.
Última atualização em 29 de novembro de 2021 às 09h43.
Nesta segunda-feira, 29, ministros da saúde das principais economias de todo o mundo se reúnem na OMS (Organização Mundial da Saúde), em Genebra, na Suiça, e devem aprovar um processo para criar um pacto internacional estabelecendo regras sobre como lidar com futuras pandemias.
Essa reunião excepcional da Assembleia Mundial da Saúde vai durar três dias para debater apenas este assunto, em um momento em que a Europa vive a quinta onda da pandemia de covid-19 e quando o surgimento de uma nova variante é motivo de preocupação em todo o mundo.
A reunião também marca o aniversário de dois anos do início da pandemia que custou milhões de vidas e trilhões de dólares. A gestão da covid mostrou os limites aos quais a OMS tem direito e recursos, mas a comunidade internacional está dividida.
Os EUA dizem ainda estar avaliando se aceitam um tratado de cumprimento obrigatório, mas apoiam a ideia de um acordo e têm o apoio de Brasil e Índia, segundo diplomatas.
A União Europeia está pressionando muito por um tratado que estabeleça obrigações firmes com o aval de 70 países.
Mais de 5,4 milhões de pessoas já morreram desde que o vírus SARS-CoV-2 surgiu no centro da China em dezembro de 2019. A OMS diz que a China ainda não compartilhou parte de seus dados iniciais que poderiam ajudar a precisar a origem do vírus -- é este tipo de comportamento que se quer evitar com o novo tratado.
Acredita-se que um acordo global contemplará questões como o transparência de dados, sequenciamento genômico de vírus emergentes e compartilhamento de patentes com nações pobres, mas até agora as conversas não se concentraram na formatação do regramento.