Novo coronavírus pode infectar células do coração, mostra estudo da USP
Cientistas da Universidade de São Paulo (USP) estão investigando o impacto da covid-19 no corpo humano para melhorar o desenvolvimento de remédios
Tamires Vitorio
Publicado em 5 de junho de 2020 às 17h22.
Última atualização em 5 de junho de 2020 às 17h41.
Além dos pulmões, do cérebro e dos intestinos, o novo coronavírus pode infectar células que compõem o músculo do coração , os cardiomiócitos, aponta uma pesquisa feita por Cientistas da Plataforma de Triagem Fenotípica, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP )em parceria com o Instituto de Biociências (IB) da universidade.
O grupo de pesquisadores estava investigando células Vero infectadas com o vírus (originárias de rins de macaco, comumente utilizadas nesse tipo de estudo) desde o fim de março e agora estão adaptando a plataforma para estender os testes também às celulas do coração, segundo publicação no Jornal da USP. Os cardiomiócitos utilizados no teste foram modelos celulares mais próximos aos humanos e foram obtidos com pesquisadores do LaNCE – Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias do Instituto de Biociências (IB) da USP.
Uma das ideias dos cientistas é descobrir como o vírus se comporta para realizar o teste de novos remédios contra a covid-19 e outras doenças, como a chagas, o que, de acordo com eles, "pode otimizar a pesquisa e diminuir a espera para ensaios em humanos".
Lúcio Freitas Junior, coordenador do laboratório onde a pesquisa foi realizada, identifica os testes de medicamentos em células humanas normais como um dos grandes desafios para o descobrimento dos remédios. Para ele, o uso de células humanas no estudo de patógenos é o "ideal", visando a variação do comportamento do vírus em diversos "tipos celulares e organismos".
Enquanto isso não é possível, os modelos celulares podem funcionar bem.
Assim que os medicamentos potenciais contra a SARS-CoV-2 forem encontrados, os resultados serão avaliados e estudos preliminares serão feitos em humanos --- ainda não há estimativa de quanto tempo a próxima etapa levará.