Novas provas de degelo na Groenlândia fazem temer aumento importante do nível do mar
A calota polar da Groenlândia é atualmente o principal fator de aumento do nível dos oceanos, segundo a Nasa
AFP
Publicado em 9 de novembro de 2022 às 18h51.
A perda de massa de gelo na calota polar da Groenlândia está ocorrendo mais no interior do que se pensava e isto provavelmente vai agravar o aumento do nível do mar, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira, 9, na revista Nature.
Até agora, os cientistas tinham se concentrado, sobretudo, no derretimento das faixas costeiras da calota de gelo, mas desta vez pesquisaram o que ocorre no interior da ilha com dados de satélite, estações de GPS no terreno e modelos digitais.
A descoberta que fizeram é alarmante: o gigantesco bloco de gelo, também chamado "inlandsis", que recobre o território da Groenlândia, está perdendo espessura a uma distância de 200 a 300 km da costa.
Os resultados afetam o Northest Greenland Ice Stream (NEGSI), uma parte do nordeste do 'inlandsis', que representa 12% da calota, mas este fenômeno provavelmente estaria ocorrendo em toda a Groenlândia e também na outra calota polar da Terra, a Antártica, segundo os autores.
Os cientistas estimam que o nível do mar poderia aumentar entre 13,5 e 15,5 milímetros até o fim do século.
Em um relatório divulgado em 2021, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) considerou que a calota polar da Groenlândia poderia contribuir em até 18 centímetros com a elevação do nível do mar por volta de 2100, mas isso em um cenário de emissões mais elevadas de gases de efeito estufa.
A calota polar da Groenlândia é atualmente o principal fator de aumento do nível dos oceanos, segundo a Nasa, pois a região do Ártico está esquentando mais rapidamente do que o resto do mundo.
"O NEGIS poderia perder seis vezes mais gelo do que o estimado pelos modelos climáticos existentes", advertiu o informe.
Uma das razões para a calota perder espessura em seu interior é a entrada de correntes oceânicas quentes.
"O novo modelo dá conta verdadeiramente do que está ocorrendo no interior das terras, os [modelos] anteriores não o fazem [...] Estamos diante de uma mudança maciça, de uma projeção do nível do mar completamente diferente", explicou o autor principal do estudo, Shafaqat Abbas Khan, à AFP.
Segundo ele, é praticamente impossível reverter a perda de massa de gelo da calota polar da Groenlândia, mas é possível contê-la com políticas adequadas contra as mudanças climáticas.
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