Fotografia em close-up de um inseto no dedo de uma criança. (Ciaran Griffin/Thinkstock)
Vanessa Barbosa
Publicado em 23 de maio de 2018 às 11h19.
São Paulo - Embora a história da Terra seja marcada por constantes mudanças no clima, com espécies sumindo e outras surgindo, o ritmo e intensidade atual das mudanças climáticas associadas às atividades humanas afeta a habilidade dos ecossistemas e das espécies se adaptarem a essas alterações em tempo, representando uma ameaça sem precedentes à biodiversidade.
As nações signatárias do Acordo climático de Paris perseguem a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius (ºC) até o final do século, a fim de evitar os piores efeitos das mudanças climáticas. Contudo, com base nas contribuições nacionalmente determinadas, documento que registra os principais compromissos e contribuições dos governos signatários, o mundo caminha para um aquecimento de 3,2°C.
Quase invisíveis no debate climático, os insetos são as criaturas que mais sofreriam perdas na sua distribuição no globo em decorrência da alta do termômetro, um resultado que preocupa tendo em vista que os insetos são fundamentais para a manutenção dos ecossistemas e da própria vida na Terra.
Um aumento de 3,2 graus Celsius no termômetro até o final do século poderia reduzir em 49% o alcance geográfico dos insetos, em 44% das plantas e 26% dos vertebrados, alerta um estudo recente publicado na revista Science.
Se limitarmos a 2°C o aquecimento da Terra, essa taxa de perda cai para 18% dos insetos, 16% das plantas e 8% dos vertebrados.
Mas a redução mais notável do risco ocorre em um cenário em que os países conseguem limitar o aquecimento a 1,5ºC, o que pouparia a grande maioria das espécies de plantas e animais deste destino cruel.
Nesse cenário, as perdas seriam de 8% para os insetos, 8% para as plantas e 4% para os vertebrados, aponta a pesquisa liderada por pesquisadores da Universidade de East Anglia.
Quando o aquecimento é limitado a 1,5°C em comparação com 2°C, o risco para a perda de biodiversidade cai pela metade para todas as espécies.
Esta é a primeira pesquisa que concentrou-se em quantificar os benefícios para a biodiversidade de limitar o aquecimento global levando em conta os impactos sobre os insetos.
Reduzir o risco para os insetos é particularmente importante, diz a equipe, porque eles são vitais para os "serviços ecossistêmicos", como a polinização de plantações e flores, e fazem parte da cadeia alimentar de vários animais.
Ao todo, os pesquisadores estudaram cerca de 115.000 espécies, incluindo 31.000 insetos, 8.000 aves, 1.700 mamíferos, 1.800 répteis, 1.000 anfíbios e 71.000 plantas, o que torna o estudo o maior em escala do gênero.