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Estudo indica que ivermectina não tem impacto significativo contra covid

O medicamento pode até reduzir a carga viral, mas não ao ponto de ter relevância estatística

Vendas de remédios começa a se normalizar em algumas categorias com a volta das consultas (Stock.xchng/forwardcom/Reprodução)

Lucas Agrela

Publicado em 21 de janeiro de 2021 às 16h17.

Última atualização em 22 de janeiro de 2021 às 12h16.

Um pequeno estudo sobre o uso do medicamento ivermectina trouxe resultados que indicam a possibilidade de um efeito positivo na redução da carga viral de pacientes com covid-19 . Mas a redução é tão pequena que não tem relevância estatística. O estudo foi conduzido pela clínica da Universidade de Navarra e o Instituto de Saúde Global de Barcelona.

"Muitos esforços estão se concentrando no desenvolvimento de tratamentos para covid-19, mas poucos estão abordando como reduzir a transmissão viral", afirma o coordenador do estudo Carlos Chaccour, pesquisador do ISGlobal e médico da Clínica da Universidade de Navarra.

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O Brasil já tem duas vacinas de uso emergencial aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A vacina da Sinovac Life Sciences com o Instituto Butantan já vem sendo aplicada, enquanto a vacina da universidade de Oxford com a AstraZeneca ainda não tem previsão de chegar ao Brasil importada da Índia, e as doses produzidas localmente pela Fiocruz devem chegar apenas em março.

O novo estudo foi realizado com pacientes na Universidade de Navarra, na Espanha, e avaliou os resultados da dose máxima recomendada na União Europeia do medicamento em pacientes infectados pelo novo coronavírus, logo nas primeiras 72 horas depois do aparecimento de sintomas leves.

Uma semana depois do tratamento, todos os pacientes continuavam infectados pelo novo coronavírus, segundo testes de PCR realizados pelos pesquisadores. A carga viral registrada foi menor, sendo três vezes menos em quatro dias e até 18 vezes menor em sete dias. Vale notar que a redução não tem significância estatística. Os resultados sobre a redução na carga viral não são conclusivos e não devem guiar políticas públicas, uma vez que mais estudos sobre o tema são necessários.

Com isso, o estudo não oferece uma resposta simples ao tratamento para a covid-19, mas ajuda a comunidade científica a entender efeitos que podem ser positivos na criação de novas drogas contra a doença. Nesse meio tempo, as vacinas são produzidas, distribuídas e aplicadas.

A ivermectina não teve impacto na duração dos sintomas ou em marcadores relacionados à inflamação causada pelo novo coronavírus. Para os pesquisadores, isso sugere que a ivermectina pode atuar por meio de mecanismos que não envolvem um efeito antiinflamatório. A suspeita é de que o medicamento atue para evitar a entrada do vírus nas células, o que aponta possibilidades para a criação de novos tratamentos no futuro.

"Embora nosso estudo seja pequeno e seja muito cedo para tirar conclusões, as tendências observadas nas cargas virais, a duração dos sintomas e os níveis de anticorpos são encorajadores e justificam uma exploração mais aprofundada em ensaios clínicos maiores com uma maior diversidade de pacientes", disse Chaccour, em nota.

 

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