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É o fim das máscara para crianças? Estados começam a desobrigar o uso

Nas escolas de São Paulo e Santa Catarina ficará a critério dos pais ou responsáveis a utilização do equipamento de segurança

Friends playing clapping game during school's break time using face mask (Royalty-free/Getty Images)
AL

André Lopes

Publicado em 3 de março de 2022 às 10h28.

Última atualização em 3 de março de 2022 às 10h54.

O governo de Santa Catarina d esobrigou o uso de máscara de proteção à covid-19 para crianças de 6 a 12 anos em ambiente escolar ou outros locais a partir desta quinta-feira, 3. De acordo com o decreto, ficará a critério dos pais ou responsáveis a utilização do equipamento de segurança.

Em São Paulo, o secretário de Educação de São Paulo, Rossieli Soares, disse na quarta-feira, 2, que uma decisão sobre suspender ou não o uso de máscaras pelas crianças em escolas pode ocorrer nas próximas duas semanas.

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O tema, afirmou o secretário, está em debate no governo paulista. A fala ocorreu durante uma coletiva de imprensa para apresentar dados sobre a queda de aprendizagem durante a pandemia.

Ele afirmou que o mundo inteiro caminha para a retirada de máscaras das crianças menores. "Acho que essa é uma tendência aqui, mas essa discussão está sendo feita pelo comitê científico do governo", disse o secretário.

Contudo, a desobrigação no momento em que a pandemia no Brasil se encontra, com 512 óbitos na última semana e média de casos de 51.039, pode ser ainda precipitado.

Quanto as preocupações de movimentos de pais, como o Escolas Abertas, que pede ao governo estadual de São Paulo que reveja os protocolos de saúde, a ciência possuem alguns estudos para localizar a função e impacto da máscara na vida das crianças. Eis as respostas:

As máscaras atrapalham as crianças?

A proteção facial é um recurso sanitário que desde sua introdução no início da pandemia foi envolto de polêmicas e falsas ressalvas. Máscaras não são perfeitas, e há sim variação na proteção conforme o material, o tempo e o uso que se faz do item.

No caso das crianças, o acréscimo nas preocupações vinham dos alguns pais e professores, alegando que máscaras afetam a capacidade de respirar, abrandam o seu desenvolvimento social e emocional e provocam ansiedade. Mas os especialistas dizem que a ciência não corrobora com tais preocupações.

Thomas Murray, pediatra da Escola de Medicina da Universidade de Yale, abordou o tema em uma série de artigos, cravando que as evidências não são tão claras sobre impactos negativos incontornaveis que possam afetar o desenvolvimento emocional das crianças com mais de dois anos.

A resposta definitiva para esta questão exigiria aos investigadores pedir às pessoas para tirarem as máscaras para fazer um estudo randomizado, o padrão de excelência da ciência, mas isso seria pouco ético.

Portanto, a maioria das investigações sobre o uso de máscara tem por base as observações relativas do mundo real, que podem ser mais facilmente selecionadas para favorecer um lado ou o outro no debate sobre o uso de máscara. Logo, uma criança pode sentir que a mácara atrapalha, e outras não notarem nada.

Afeta a respiração?

Crianças são mais ativas que adultos e possuem, por natureza, uma respiração mais acelerada. A máscara permitem receber oxigénio suficiente?

Os indicativos, por estudos preliminares, de que o protetor facial acumula mais dióxido de carbono em crianças dos seis aos 17 anos que usavam máscara foram desconsiderado pela revista JAMA Pediatrics – devido a preocupações com a exatidão das suas medições e respetiva validade das conclusões.

A preocupação, nesse caso, se volta somente para crianças com casos graves de asma e para as quais se orienta ter uma pausa no uso. Nas demais, não existem preocupações de que o item cause algum tipo de sufocamento. A barreira é mais sobre o entendimento por parte da crianças para qual se da o uso da máscara.

Como as máscaras afetam o desenvolvimento da linguagem?

Outra preocupação é se as máscaras poderem impedir o desenvolvimento da linguagem e expressões faciais condizentes nas crianças. Samantha Mitsven, doutoranda em psicologia na Universidade de Miami, relatou ao The Atlantic que tanto ela como outros investigadores receavam que a incapacidade de ver a boca de uma pessoa – e o som abafado pela máscara – pudessem impedir as crianças de compreender e aprender novas palavras.

Um estudo foi em busca de ilucidar a questão e mostrou que as crianças conseguem reconhecer mais facilmente as palavras faladas através de uma máscara opaca do que de uma transparente de plástico (não recomenda para proteção contra covid), provavelmente devido à confusão provocada pela luz refletida numa máscara transparente.

Sendo assim, as melhores máscaras para a interação social dos pequenos são as cirúrgicas que oferecem o melhor desempenho acústico, seguidas pelas máscaras KN95 e N95.

E a leitura das emoções?

Os estudos também mostram que as crianças têm mais dificuldade em ler as emoções das pessoas que usam máscara – mas isso não as impede necessariamente de aprender a interagir com os outros.

Elas observam os rostos das pessoas que as rodeiam desde os primeiros meses de vida. Isto ajuda-as a distinguir entre emoções positivas e negativas e, consequentemente, ajuda-as a aprender a ajustar o seu comportamento de acordo com a situação.

Um estudo publicado na Frontiers in Psychology mostra que as crianças entre os três e os cinco anos têm menos aptidão para reconhecer as emoções de pessoas fotografadas com máscara em comparação com pessoas fotografadas sem máscara.

Mas crianças também captam pistas, como por exemplo a forma como as pessoas navegam pelos espaços, o tom das suas vozes e os gestos que fazem com as mãos. Aqui vale o esforço dos adultos em se fazerem entendidos pela criança, estabelecendo ainda mais posicionamentos de contato, como falar claramente e se abaixar ao conversar com um pequeno.

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