Ciência

Dieta no espaço? Como funciona a primeira horta espacial da Nasa

Dois tipos de vegetais conseguiram crescer por mais de dois meses na Estação Espacial Internacional, algo nunca antes visto no espaço

Astronauta da NASA e engenheiro de vôo da Expedição 64, Michael Hopkins, cheira plantas pak choi crescendo a bordo da Estação Espacial Internacional em 26 de março de 2021 (Nasa/Reprodução)

Astronauta da NASA e engenheiro de vôo da Expedição 64, Michael Hopkins, cheira plantas pak choi crescendo a bordo da Estação Espacial Internacional em 26 de março de 2021 (Nasa/Reprodução)

LP

Laura Pancini

Publicado em 3 de maio de 2021 às 10h00.

Última atualização em 3 de maio de 2021 às 14h51.

Como manter a saúde em outra órbita? Dois cientistas da Nasa, Matt Romeyn e Gioia Massa, estão testando experimentos de cultivo para astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).

Recentemente, eles encontraram soluções incríveis para conseguir cultivar vegetais em missões de longa duração, devido em grande parte ao astronauta Michael Hopkins, membro da tripulação Expedição 64, e tripulantes da missão Crew-1 da SpaceX com a agência espacial norte-americana.

Os experimentos de Romeyn e Massa são conhecidos como Veg-03K e VEG-03L. Ambos cresceram por 64 dias, um recorde da estação espacial, com o cultivo de couve da Etiópia e uma "versão anã" de pak choi, um tipo de repolho chinês.

Romeyn afirma que o pak choi até floresceu, como parte do seu ciclo reprodutivo, e que o acontecimento foi graças ao esforço de Hopkins, que usava um pequeno pincel para polinizar as flores das plantas.

“Ficamos muito felizes com seus esforços para polinizar aquelas flores para ver a possibilidade de produzir sementes a partir delas”, disse Massa ao Insider, que acredita que a abordagem será crítica para produzir novas plantas no futuro sem precisar obter sementes da Terra.

O astronauta Hopkins dedicou muito do seu tempo livre para ajudar no cultivo das plantas. Todos os dias ele monitorava e regava elas, além de ter determinado o momento certo para colhê-las. "É uma coisa realmente desafiadora, então ele tinha que verificar essas plantas praticamente todos os dias, monitorar seu crescimento e ajustar suas abordagens para cultivá-las", comenta Massa.

Hopkins também descobriu novos métodos de colheita, como uma abordagem chamada de "cut-and-come-again harvesting" ("colheita corte e volte de novo", em português), que consiste em colher várias vezes da mesma planta.

Romeyn conta que a intenção do projeto é cultivar alimentos ricos em vitamina C e K, porque uma pesquisa realizada pelo Johnson Space Center indicou que o valor nutricional dos alimentos que ficam armazenados no espaço acabam se deteriorando com o tempo.

O foco é também pensar nas futuras tripulações que irão de e para Marte, explica Roymen. Recentemente, a Nasa assinou um contrato com a SpaceX para levar astronautas à Lua com uma das espaçonaves da empresa espacial de Elon Musk. O bilionário tem planos de levar tripulações para Marte um dia, e o contrato com a agência espacial norte-americana é o começo disso.

Se há qualquer curiosidade para saber as receitas rolando na órbita baixa do nosso planeta, Massa revela que a equipe come o pak choi como acompanhamento, marinando as folhas em pasta de alho e molho de soja e, depois, aquecendo em um pequeno aquecedor na estação.

Em notas sobre os experimentos, Hopkin disse sobre a couve da Etiópia: "Delicioso, mais a textura ou crocância". Em alguns momentos, Massa conta que membros da equipe usaram ela como um embrulho de alface.

As folhas verdes também foram colocadas em tacos e hambúrgueres. Os planos para os cultivos do próximo ano são o cultivo do "tomate anão", semelhante ao tomate cereja.

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