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Conheça o laboratório encarregado de livrar o mundo das armas químicas

Em meio a reclamações políticas sobre o uso de armas químicas na Síria, o foco é proteger a equipe e preservar a integridade da ciência

Técnico de laboratório com amostra na sede da Opaq em Haia, Holanda, em 20 de abril de 2017 (John Tys/AFP)
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AFP

Publicado em 22 de abril de 2018 às 09h43.

Rijswijk (Holanda) - O celular de Michael Barrett é um aparelho antigo, tipo flip. Mas quando a linha direta toca, ele tem três horas para preparar os equipamentos de especialistas que vão a uma missão perigosa de investigar se armas tóxicas foram lançadas mais uma vez.

À medida em que viralizam imagens de crianças e adultos aterrorizados, aparentemente vítimas de um gás venenoso ou de cruéis agentes neurotóxicos, os laboratórios e a loja de equipamentos do organismo mundial da vigilância de armas químicas começam a se agitar.

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Escondido em uma pequena zona industrial em Rijswij, na Holanda, o prédio de dois andares, com 20 membros na equipe, foi fundamental no meticuloso trabalho da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) de eliminar as reservas mundiais de armas tóxicas.

Foi de lá que saiu a equipe que foi à Síria para investigar se foi utilizado gás sarin ou cloro gasoso contra civis em 7 de abril em Duma.

Ex-soldado, Barrett está há 21 anos na Opaq, treinando e equipando os voluntários que se apresentam para viajar às zonas conflituosas mais tóxicas do mundo. Ele mesmo já chegou a viajar.

Dos trajes de proteção repletos de carbono às enormes botas de borracha para cobrir os sapatos, passando por detectores sofisticados, telefones via satélite e kits médicos com antídotos contra agentes neurotóxicos mais mortais, todos os equipamentos devem ser conferidos diversas vezes.

"Imagine ter um respirador, uma máscara de gás, e a válvula está ao contrário?", pergunta Barrett com ironia. Ele é o principal técnico de logística e líder da equipe da loja de equipamentos, enquanto oferece um tour exclusivo para a AFP.

"Tarefa onerosa, mas nobre"

Em meio a reclamações políticas sobre o uso de armas químicas na Síria, onde foi comprovada a presença de cloro gasoso e gás-mostarda, assim como o lançamento de um estranho agente nervoso no mês passado na tranquila cidade britânica de Salisbury, o foco aqui é proteger a equipe e preservar a integridade da ciência.

Nenhum detalhe pode passar desapercebido. Um furo milimétrico em uma luva pode ser fatal se um agente nervoso entrar em contato com a pele e atacar o sistema nervoso de uma pessoa. O VX, agente nervoso mais letal inventado até hoje, pode matar em 20 minutos.

Apesar de cerca de 7 mil missões oficiais - 10 mil se forem consideradas as de treinamento - em 21 anos, a equipe se orgulha de nunca ter tido um membro afetado por uma arma química.

Este trabalho da Opaq, que tem cerca de 400 membros, conseguiu eliminar 96% das reservas mundiais de armas tóxicas. Por este feito, recebeu o prêmio Nobel da Paz.

O diretor-geral da Opaq, Ahmet Uzumcu, parabenizou sua equipe na época dizendo que tinham "carregado nos ombros uma tarefa onerosa, mas nobre".

- Testes no local -

Uma vez no local, uma equipe de especialistas que varia entre dois e 25 membros escaneia a área com detectores fotométricos de chama, ou espectrômetros de mobilidade iônica, para detectar qualquer agente tóxico. Testes de papel, como com spray, também podem alertar para a presença de agentes nervosos.

"Preferimos tomar amostras de sobreviventes, porque eles podem ser entrevistados, contar sua história, que pode ser verificada com outros", explica Marc-Michael Blum, diretor principal do laboratório da Opaq.

Depois, as amostras são enviadas a Rijswijk, separadas e enviadas a dois dos aproximadamente 20 laboratórios independentes certificados pela Opaq no mundo.

Em meio a uma confidencialidade rigorosa, os laboratórios preparam informes independentes, que são compilados pela Opaq. O objetivo é garantir que não surjam questionamentos sobre a integridade das amostras ou dos resultados.

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