Como a Índia superou a Nasa na exploração do Sol — e por que isso importa
Aditya-L1 é a primeira missão solar da Índia e rendeu um grande passo científico ao registrar dados cruciais sobre as ejeções de massa coronal da estrela
Repórter de POP
Publicado em 3 de dezembro de 2024 às 19h03.
Última atualização em 3 de dezembro de 2024 às 19h04.
Ao longo dos anos, a ciência evoluiu o suficiente para compreender que a estrela mais importante para a existência humana do nosso sistema é o Sol — não à toa, o conjunto de planetas da Via Lactea se chama Sistema Solar. Ainda que seja tão importante, no entanto, estudá-lo é mais desafiador do que explorar outras regiões do universo. Esse é um dos motivos pelos quais a missão Aditya-L1 é tão importante.
A título de curiosidade, a Aditya-L1 é a primeira missão solar da Índia e rendeu um grande passo científico ao registrar dados cruciais sobre as ejeções de massa coronal (CME, na sigla em inglês), fenômenos que podem afetar diretamente a infraestrutura da Terra e do espaço. Os dados foram obtidos em 16 de julho, quando o Coronógrafo de Linha de Emissão Visível (Velc) capturou a origem e o movimento de uma dessas imensas bolas de fogo que se desprendem do Sol.
A descoberta promete trazer informações valiosas para monitorar e proteger satélites e redes elétricas contra os danos causados por tempestades solares.
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Qual é a importância da missão Aditya-L1?
As CMEs, que podem pesar até um trilhão de quilos e viajar a velocidades de até 3 mil quilômetros por segundo, representam um dos maiores riscos à tecnologia e à infraestrutura moderna. Embora a ameaça direta à vida humana seja rara, elas podem causar sérios danos ao impacto no campo magnético da Terra, que interferem em sistemas de satélites e nas redes de comunicação.
O professor R. Ramesh, do Instituto Indiano de Astrofísica e responsável pela missão, alerta que uma CME em direção à Terra poderia derrubar sistemas vitais, como a internet e as linhas telefônicas. A observação contínua do Sol, como realiza a Aditya-L1, é fundamental para monitorar esses eventos em tempo real e possibilitar alertas para a proteção de equipamentos vulneráveis, como satélites de comunicação e redes elétricas.
O impacto das CMEs não é novidade. Tempestades solares históricas, como o Evento Carrington de 1859, afetaram linhas de telégrafo em todo o mundo, e em 1989 uma ejeção coronal causou um apagão em Quebec, no Canadá, que deixou milhões de pessoas sem energia. Esse histórico destaca a importância de missões como a Aditya-L1, que, ao fornecer dados em tempo real, pode ajudar a evitar danos severos à infraestrutura moderna.
Por que a Índia e não a Nasa?
Com posicionamento estratégico no espaço, a Aditya-L1 tem uma vantagem significativa sobre outras missões solares. O Coronógrafo Velc, que equipa a missão, possui um design que permite observar a corona solar de maneira constante, 24 horas por dia, 365 dias por ano, mesmo durante eclipses solares, o que oferece uma visão mais detalhada e precisa das CMEs. Essa capacidade é um diferencial importante, permitindo que cientistas identifiquem o momento exato do início de uma CME e sua direção, o que facilita o monitoramento e a prevenção de riscos.
A Nasa segue como um adversário próximo nos mesmos estudos. Neste mês, a agência espacial lança a sonda espacial Parker Solar Probe para mais perto ainda do Sol, em uma aproximação mais ambiciosa, para compreender as nuances científicas da estrela. Ao todo, serão três tentativas.