Com quarentena, cidade italiana erradicou coronavírus em duas semanas
A cidade de três mil habitantes reduziu o número de casos para zero em pouco tempo
Maria Eduarda Cury
Publicado em 28 de março de 2020 às 09h00.
Última atualização em 28 de março de 2020 às 09h00.
Até o momento, a Itália é um dos países mais afetado pelo novo coronavírus no mundo - com mais de 80 mil casos confirmados. Mas, nas últimas semanas, pesquisadores perceberam que a cidade de Vò, perto de Veneza , poderia ser utilizada como base para um experimento. O que aconteceria se todas os 3 mil habitantes da município, sem exceção, fossem colocados em quarentena antes mesmo do vírus se espalhar?
E, ao fazer isso, os pesquisadores relataram que nenhum caso novo apareceu. Em menos de duas semanas, não havia sequer um caso de covid-19 em Vò. Para realizar a quarentena, as autoridades do local permitiram que a Universidade de Pádua, localizada em Pádua, realizasse os testes nos indivíduos infectados. Após o primeiro teste, foram identificados 89 indivíduos com o vírus. No segundo, apenas seis dos testados estavam infectados e permaneceram isolados.
Sendo assim, a taxa de recuperação da cidade de Vò aumentou para 100%, visto que os únicos seis habitantes com o vírus não tiveram contato com mais ninguém até que estivessem curados. Os pesquisadores alertam, porém, que essa é uma medida que deve ser tomada com antecedência. Quando os testes e o período de quarentena começaram, apenas 3% da população estava infectada.
Considerando toda a região da Itália, que não adotou a mesma medida do que a cidade de Vò, o país foi rapidamente para o topo da lista dos países com maior número de casos confirmados. Além disso, a taxa de mortalidade pelo novo coronavírus no país é de 8%, o que, segundo os pesquisadores, apresenta um descontrole no tratamento. No Brasil, a taxa de letalidade do novo coronavírus é inferior a 3%.
Confira, abaixo, algumas representações de como a Itália está lidando com o vírus:
A pesquisa ainda ressalta que o grande aumento do número de casos na Itália aconteceu devido ao fato de que a maior parte dos indivíduos não apresenta sintomas; portanto, os infectados acabam não tomando os cuidados necessários. Ainda que não seja possível generalizar, os números da região de Vêneto - onde a taxa de mortalidade é cerca de 3% - demonstram que a cada 100 infectados na região, apenas oito foram testadas.
No caso de grandes cidades, os cientistas acreditam que não seja possível repetir o modelo. Levando em conta os recursos disponíveis no momento, seria impossível fazer com que todos os habitantes fossem testados em um período menor do que duas semanas. A Organização Mundial da Saúde, porém, aponta que, juntamente com a quarentena, é preciso realizar testes em casos graves e suspeitos o quanto antes.