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Cientistas pedem que você pare de trocar de celular

O uso de elementos químicos na produção de celulares coloca em escassez os recursos naturais da Terra

Recursos naturais: disponibilidade de elementos químicos é reduzida devido à alta produção de smartphones (Bloomberg/Bloomberg)

Recursos naturais: disponibilidade de elementos químicos é reduzida devido à alta produção de smartphones (Bloomberg/Bloomberg)

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Maria Eduarda Cury

Publicado em 29 de junho de 2019 às 09h50.

São Paulo - Em 2019, a tabela periódica comemorou seu aniversário de 150 anos. Em decorrência disso, cientistas fizeram uma nova versão onde a crescente escassez de elementos utilizados diariamente é destacada. Alguns deles foram os metais prata, gálio, arsênio e cobalto - todos utilizados na produção de aparelhos eletrônicos, como os celulares. 

Por exemplo, um único iPhone pode conter 25 gramas de alumínio, 15g de cobre e 0,34g de prata. Se em 2017 mais de 223 milhões de smartphones da Apple foram vendidos, cerca de 5,5 milhões de gramas de alumínio foram utilizadas. Levando em conta que o ciclo de vida de um iPhone dura, em média, dois anos, essas milhões de gramas já estão sendo substituídas por outras milhões.

A tabela abaixo, desenvolvida por estudiosos da Universidade de St Andrews, na Escócia, e da European Chemical Society, categoriza todos os elementos químicos a partir da sua disponibilidade no planeta Terra. Os mais conhecidos, como alumínio, oxigênio, sódio, entre outros, estão em destaque na parte de cima.

Laranja-escuro: grande ameaça de escassez nos próximos 100 anos; Laranja-claro: risco de escassez aumentando; Amarelo: disponibilidade limitada; Verde: estoque abundante; Branco: sintéticos; Cinza: minerais presentes em locais de guerra; Os elementos que possuem o telefone celular são utilizados na produção destes. Crédito: Universidade de St, Andrews/EuChemS

A divisão por cores facilita a identificação de elementos que estão em perigo e daqueles cuja disponibilidade ainda é grande. Os pesquisadores ressaltaram que os recursos, no entanto, não se esgotarão literalmente. O que tende a acontecer é que a colheita desses metais e minerais se tornará mais difícil, visto que estarão mais espalhados em poucas quantidades pelo mundo.

A única exceção é o hélio, gás nobre, Esse elemento possui uma composição química tão leve que é capaz de escapar da atmosfera e acabar se perdendo no espaço. O hélio é especialmente utilizado para ímãs. máquinas de ressonância magnética e para diluir o oxigênio em tanques de mergulhadores.

Dos metais bastante ameaçados, os pesquisadores destacam o fósforo (P), o índio (In) e o Lítio (Li). O índio é usado em telas inteligentes como parte de uma película condutora transparente de óxido de estanho e índio. Com base nas taxas atuais de uso e colheita, o elemento será quase totalmente usado em 50 anos e, então, se tornará extremamente caro.

Já o fósforo é utilizado especialmente no corpo humano - como para a formação de ossos e dentes. Uma parte significativa dos minerais de fosfato que usamos acaba em escoamento de campos ou esgoto humano. O lítio é usado em baterias recarregáveis ​​e é relativamente fácil de reciclar.

A tabela periódica modificada foi divulgada em 22 de janeiro no Parlamento Europeu, pelos parlamentares britânicos Catherine Stihler e Clare Moody.

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