Ciência

Califórnia adota tecnologia para proteger abelhas de pesticidas

Todo o esforço é para ajudar as abelhas, protegê-las e colocá-las no mapa

 (Mark Stone/University of Washington/Divulgação)

(Mark Stone/University of Washington/Divulgação)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 13 de março de 2019 às 15h36.

Uma maneira antiga de mapear as colmeias e a aplicação de pesticidas está dando lugar à tecnologia nesta temporada na Califórnia, na tentativa de manter as duas coisas separadas.

Neste ano, o rastreamento, que há muito tempo consiste em mapas gigantes ou painéis de cortiça colados em paredes com pequenos alfinetes que marcam a localização das colmeias, passará a ser digital com o BeeWhere, um programa alimentado por um sistema de informações geográficas.

Os apicultores tinham que ir aos departamentos de agricultura dos condados e agora eles podem registrar e documentar a localização das colmeias on-line.

E quando pesticidas nocivos forem usados, os aplicadores terão uma lista de colmeias gerada por computador em um raio de 1,6 quilômetros para poderem fornecer uma notificação adequada.

“Todo o esforço é para ajudar as abelhas, proteger as abelhas, colocá-las no mapa”, disse Rueben Arroyo, comissário de agricultura e aferidor de pesos e medidas no condado de Riverside, Califórnia.

Bob Curtis, consultor da Almond Board of California, que foi diretor de assuntos agrícolas do conselho até se aposentar no ano passado disse: “Nós demos um salto quântico, há muito esperado, para uma nova era”.

Novidades

Com as informações atualizadas, os apicultores podem deslocar ou cobrir as colmeias antes dos tratamentos, para que as abelhas não sejam prejudicadas. Os aplicadores de pesticidas também podem adotar tratamentos não tóxicos.

O Estado Dourado abriga um número estimado de 500.000 colônias comerciais de abelhas melíferas e pelo menos mais um milhão são importadas de todo o país e deslocadas pela Califórnia a cada safra para polinizar amêndoas, cerejas, cítricos e outros cultivos.

Mas, como alguns pesticidas usados nessas mesmas plantações podem ser tóxicos para as abelhas, as autoridades da Califórnia exigem que os apicultores se cadastrem nas agências agrícolas locais para que os aplicadores de pesticidas possam avisar antes da aplicação de tratamentos a fim de dar tempo de os apicultores protegerem as colmeias. A novidade deste ano é a redução do prazo requerido para cadastrar os locais das abelhas, que passou de cinco dias para 72 horas.

Grande negócio

As amêndoas são um grande negócio na Califórnia. O setor movimenta US$ 21,5 bilhões e emprega mais de 100.000 pessoas, de acordo com um relatório de impacto econômico de 2014.

O estado tem 1 milhão de acres (cerca de 405.000 hectares) de plantações de amêndoas, que precisam de cerca de duas colmeias por acre para a polinização, disse Curtis. É vital que essas abelhas não sejam expostas a produtos químicos tóxicos.

Os aplicadores de pesticidas apoiam o programa porque lhes dá mais conhecimento e uma melhor ideia das áreas a serem evitadas ou a possibilidade de optar por um tratamento diferente, disse Ruthann Anderson, presidente e CEO da California Association of Pest Control Advisers.

O programa, que foi lançado há algumas semanas e tem um orçamento de cerca de US$ 200.000, também ajudará a responder a outra pergunta: ninguém sabe ao certo quantas abelhas visitam a Califórnia por temporada. Isso deve mudar. “Isto vai dar uma estimativa melhor”, disse Arroyo.

O Departamento de Alimentos e Agricultura da Califórnia não respondeu a um pedido de comentário.

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