Medicina da USP: o MPE mapeou diversos casos de pessoas que tiveram órgãos de seus familiares doados sem que elas soubessem (USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 27 de novembro de 2015 às 14h08.
São Paulo - O Serviço de Verificação de Óbito da Capital (SVOC), órgão ligado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Fmusp) decidiu alterar seu documento que prevê a doação de órgãos de cadáveres.
O setor recebe em média 14 mil corpos por ano cuja causa da morte precisa ser apurada.
Conforme revelou reportagem do jornal O Estado de S. Paulo no mês de junho, o Ministério Público Estadual (MPE) questionava a ação do SVOC por induzir as famílias ao erro ao tratar de "retenção" de órgãos e não "doação", já que estes são encaminhados para estudo e pesquisa das universidades.
Até então, um único papel, com o título "informe aos familiares", previa a liberação do corpo e a doação de órgãos, mesmo sem menção expressa.
O MPE mapeou diversos casos de pessoas que tiveram órgãos de seus familiares doados sem que elas soubessem.
Agora, a universidade decidiu dividir o procedimento em três: um documento para autorização de uso do corpo, outro de uso de material para estudo e um terceiro esclarecendo o que é a necropsia.
A alteração foi feita após encontros da promotora responsável pelo caso, Eliana Vendramini, e a Comissão de Bioética da universidade.
A alteração foi formalizada no dia 3 de novembro e assinada pelo diretor da Fmusp, José Otavio Costa Auler Junior.
"Temos prova viva de que as pessoas não sabiam que estavam doando nada. Agora o documento tem título, ficou mais claro", avaliou a promotora.